sábado, 23 de janeiro de 2010

JESUS E OS APÓSTOLOS

JESUS E SEUS APÓSTOLOS

Chegando o tempo previsto em que Jesus deveria realizar sua missão divina, se encaminhou para a pequena cidade de Cafarnaum, as margens do Mar da Galiléia, como a procurar alguns amigos que estivessem à sua espera, para convocá-los a serem os seus seguidores. Chegando a beira mar, dirigiu-se a dois pescadores, dizendo: Simão e André, filhos de Jonas, venho da parte de Deus e vos convido a serem pescadores de almas. Quereis ser meus discípulos? – Eles ao ouvirem aquelas palavras, não sabiam como explicar a confiança e o amor que lhes brotaram na alma e, sem hesitarem responderam: - “Senhor, seguiremos os teus passos”. Jesus então os abraçou e seguiram em frente, a convocar outros companheiros. Ele convidou primeiro os pescadores que formou a maioria, e depois passando pela Coletoria de impostos, recrutou a Levi (mais conhecido como Mateus), depois, Simão o zelote, e por último, para completar os doze, aceitou o oferecimento de Judas Iscariotes, que desejava se juntar ao grupo, visando a posição política.

O reduzido grupo de seguidores do Mestre, esperimentou no início, dificuldades para harmonizar-se. De vez em quando, o Mestre os surpreendia em discussões sobre qual deles seria o maior no Reino de Deus; outras vezes era sobre qual deles revelava maior condição de pregar o Evangelho; outras mais, pela capacidade de trabalho em função da idade.

O “Sermão da Montanha”, engloba toda a doutrina de Jesus. Sobre esse sermão assim se expressou Gandhi: “Se, se perdessem todos os escritos e sobrasse apenas o “Sermão da Montanha”, nada se teria perdido”. Em dois mandamentos, Jesus resumiu todos os profetas e todos os ensinamentos, ao dizer: “Amar a Deus acima de todas as coisas; e ao seu próximo como a si mesmo.” E aos seus discípulos ainda lhes afirmou: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, e ninguém vai ao Pai senão por mim.”

Os seus doze discípulos (apóstolos) foram:

01- SIMÃO PEDRO (Cefas), nascido em Betsaida, pescador, filho de Jonas, o mais rude e idoso de todos. Em sua casa Jesus costumava se hospedar. Era um dos mais dedicados, porém, quando da prisão do Mestre, foi acusado de ser seguidor do Nazareno, o que ele negou por três vezes, conforme havia anteriormente predito Jesus. Pedro, fazendo suas pregações após a partida de Jesus, chegou até a cidade de Roma, onde realizada as reuniões nas catacumbas, até o dia em que foi preso e condenado a morrer na cruz. Pediu ele, ao seu algoz, que fosse crucificado de cabeça para baixo, para não se igualar ao seu Mestre, no que foi atendido e veio a falecer.

02- ANDRÉ (irmão de Simão Pedro), nascido também em Betsaida, pescador, filho de Jonas, um dos mais jovens do grupo.

03- THIAGO MAIOR, nascido em Betsaida, pescador, filho de Zebedeu e Salomé, parentes de Maria, mãe de Jesus. Foi morto por ordem de Herodes, por comandar o grupo de apóstolos, após a partida do Mestre.

04- JOÃO EVANGELISTA, nascido em Betsaida, irmão de Tiago Maior, um dos jovens do grupo e autor do 4ª Evangelho sobre Jesus.

05- FELIPE, nascido em Betsaida, pescador, integrante do grupo dos jovens, com André, João e Tiago Menor.

06- BARTOLOMEU (Natanael), nascido em Caná da Galiléia, pescador; um dos mais dedicados ao Mestre.

07- TOMÉ (Dídimo), nascido em Dalmanuta, pescador, muito incrédulo.

08- LEVI (Mateus), nascido em Nazaré, filho de Alfeu, irmão de Tiago Menor e de Judas Tadeu, autor do 1º Evangelho, tendo a profissão de cobrador de impostos.

09-TIAGO MENOR, nascido em Nazaré, pescador, filho de Alfeu, autor da Epístola Universal de São Tiago.

10- JUDAS TADEU (Lebeu), nascido em Nazaré, filho de Alfeu, irmão de Mateus e de Tiago Menor.

11- SIMÃO (o Zelote), nascido em Canaã, pescador. Pertencia ele ao grupo dos Zelotes, que tinham por fim libertar o povo judeu pelas armas. Depois de se integrar ao grupo de seguidores do Mestre, abandonou os Zelotes.

12- JUDAS ISCARIOTES, nascido em Kerioth, na Judéia, filho de Simão. Foi o discípulo que entregou Jesus ao Sinédrio, em troca de trinta moedas. Com o seu afastamento e suicídio, foi escolhido para substituí-lo no apostolado, o discípulo Matias.

Pedro, Tiago Maior e João Evangelista, eram chamados por Jesus, para presenciarem os acontecimentos mais importantes, como: Transfiguração do Tabor, onde aparecerem materializados ao lado de Jesus, os espíritos de Moysés e Elias; a Oração do Horto das Oliveiras; a Ressurreição da filha de Jairo, etc. Todos os discípulos pregaram aos judeus e aos gentios, e dentre estes, se destacou a figura de Saulo, doutor da lei, que em perseguição aos cristãos, e a caminho de Damasco, teve um encontro com Jesus; se converteu ao Cristianismo e trocou seu nome para Paulo.

O Espírito Emmánuel, no livro “Caminho, Verdade e Vida”, nos recomenda: “É importante não atentarmos para os indivíduos, mas sim, observar e compreender o bem que o Supremo Senhor nos envia por intermédio deles. Que importa o aspecto exterior deste ou daquele homem? O que interessa a sua nacionalidade, o seu nome a sua cor? Anotemos, sim, a mensagem de que são portadores. Se praticam o mal, são dignos de uma oração que possamos lhes fazer; mas, se são bons e sinceros, no serviço em que se encontram, merecem a paz e a honra que o Pai Celestial concede”.

Se consultarmos os Evangelhos de Mateus, Lucas e João, não vamos encontrar nenhuma referência a um 13º discípulo; apenas existe uma pequena menção no Evangelho de Marcos.

Desconhecido, não há como saber-lhe o nome, nem mesmo sua origem; o que temos notícia é da ação apostólica por ele desenvolvida. É de estranhar como pôde tão singular personagem fazer jus à posição de 13º discípulo de Jesus, se não fazia parte do grupo apostólico e nem convivia com os doze que o compunham...

Num dia de causticante calor, tarde ensolarada, a multidão ansiosa aguardava a presença de Jesus, que não apareceu. Um cidadão desconhecido, porém, ante a expectativa frustrada, se permitiu fazer-lhe a vez, dispensando assistência espiritual ao grande número de almas sofridas. Esse caso, em breve menção da qual nos põe a par o evangelista Marcos no (Cap.9 vrs. 38 a 41): “Disse João; Mestre, vimos um homem que em teu nome expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não segue conosco.” Mas Jesus lhe respondeu: “Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagres em meu nome e logo a seguir possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós, é por nós. Porquanto, aquele que vos der de beber um copo com água, em meu nome, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.”

Esse cidadão desconhecido, era um jovem moreno, de olhos castanhos, modestamente trajado com uma túnica de algodão, alpercatas gregas e manto de lã marrom. Seus cabelos eram negros e abundantes, não passando da altura do pescoço, barba pequena e negra como a cabeleira. Jamais esse jovem se fazia acompanhar de outro de sua idade, nem mesmo era visto interessado em palestras frívolas. Introvertido, não era dado a ditos que suscitassem hilaridade, sem contudo chegar a ser mal-humorado ou averso a sociedade. Munido dos apetrechos necessários ao seu trabalho, portava dois roletes de madeira muito fino envoltos em retalhos de linho, de uso pelos estudantes e intelectuais, para a escrita, utilizados pelos gregos. Um desses roletes era suprido de “papirus” (papel), e o outro vazio, um saco com estiletes e tintas para a escrita...

Em outra ocasião, condoído da multidão sob sol escaldante, sem ter onde resguardar-se, com sede e fome, o moço anônimo notando a ausência de Jesus, pôs-se à frente das infortunadas criaturas e lhes dispensava os almejados benefícios, de emergência, como eventual doador.Concluída a tarefa, já se predispunha a retornar à pousada, quando viu a João que, presenciando mais essa oportunidade de substituição do Mestre, aproximou-se do jovem para penitenciar-se, em seu nome e dos demais discípulos, da imprópria e imprudente atitude de proibição que tiveram para com ele; e lhe pede que esquecesse o lamentável incidente, e o incentiva com sinceridade, a que não desanimasse ante os sacrifícios de suas ações. E não houve mesmo desfalecimento ao longo do tempo e das perseguições a que se sujeitou.

Muito empenhado em ser o detentor do conteúdo de todos os ensinamentos de Jesus, pôs-se a campo para conseguir o almejado objetivo; aonde quer que o Nazareno estevesse, fosse qual fosse a localidade, ele ali estava a postos, e o fazia cauteloso, esgueirando-se por entre a massa humana, alheia ao que se passava ao redor, interessada apenas em ver o meigo Rabi. Posicionado como bem lhe conviesse, ora sentando-se no próprio chão, ora em assentos improvisados, se punha a manuscritar os ensinos do Divino Pregador da Boa Nova. Só não o fazia, quando o Senhor estava a sós com os discípulos, em visitas a doentes, em reuniões nas sinagogas ou participando de alguma hospitalidade.

Em uma das reuniões, comprimido pela multidão, empurrado de um lado e do outro, Jesus foi impelido a aproximar-se tanto do jovem que a ponta da sua túnica roçou-lhe o rosto, ensejo em que o moço a tomou nas mãos beijando-a, sem conter as lágrimas, num testemunho de deferência e veneração. Ato contínuo, Jesus pousou-lhe, carinhosamente a mão na cabeça do jovem, momento em que seus olhares de encontraram, emudecidos de significativa afeição, a um tempo humana e divina... Quem observasse no acompanhamento a Jesus, em Jerusalém, Judéia, Galiléia, Cesaréia, Jericó, Cafarnaum, e em outras aldeias e povoados, era certo estar presente o moço de manto marrom, nas manhãs e às tardes, períodos em que ocorriam as pregações. Nos intervalos, atento ao imperativo de sua subsistência e querendo supri-la com seu trabalho, dava-se a tarefas que lhe garantiam o alimento de cada dia. Ora remendando túnicas e mantos para os costureiros, ora consertando tendas para os viajantes, limpando e varrendo o mercado para os comerciantes, carregando água para as famílias, levando camelos e cavalos a beberem água e a serem lavados no poço mais próximo. Ele que ficara conhecido por manuscritar, era também homem de certa cultura, própria de alguém de posição social, nem por isso se sentia humilhado ou constrangido pelo gênero de vida que levava. Recolhido à pousada em que se hospedava, comprazia-se em passar revista nas anotações do dia e a meditar sobre o seu conteúdo, buscando assimilar-lhe a essência, e assim ficava até altas horas da noite.

Passara-se o tempo, Jesus tinha sido preso, condenado e crucificado. Uma noite, alguns dias depois da ressurreição do Mestre, fatigado pelas horas de canseiras, adormeceu e sonhou que o Mestre o visitava em seu modesto quarto, e lhe dirigia a palavra: “Filho, querido! Dar-te-ei a incumbência de relatar aos jovens que encontrar em teus caminhos, o noticiário que escrevestes, e que ai está... Será bom que te dediques também a educar corações e mentes para os meus serviços do futuro, que abrangerão o mundo inteiro, através dos tempos... Não te limites a curar apenas os corpos, que tendem a desaparecer no túmulo. Trata de curar também as almas, por amor de mim, pois estas são eternas e mais necessitadas do que os corpos, pois necessitam de fachos da Verdade...”

O moço que era musicista carregava um pífaro, (espécie de flauta) e um alaúde (antigo instrumento de cordas), dos quais retirava sons harmoniosos. Na manhã seguinte à do sonho, estava ele nas imediações do mercado de Jerusalém, sentado sobre as pernas cruzadas, executando melodias de envolventes sonoridades, rodeado de crianças e jovens, a quem pedia sentarem-se, e ao término dos números musicais, passava a contar tudo quanto ouvira do Mestre, e o fazia com tal maestria, com tanta arte, que o improvisado auditório ao ar livre não dava mostras de cansaço, tão enleado estava em ouvi-lo. Essas reuniões a céu aberto, passaram a ter maior número de participantes que acompanhavam atentos, as narrativas do expositor, de casos e coisas, atitudes e ações da vida de Jesus, cujos ensinos e exemplos ficaram no âmago dos ouvintes, muitos dos quais se fizeram fiéis depositários do precioso legado transmitido pelo moço.

Sentindo-se cansado e com a saúde desgastada por anos de apostolado, numa bela noite, em que se encontrava bastante meditativo, ao deitar-se, voltou a sonhar com o Mestre, que assim lhe falou: “Prossegue ainda, filho querido! Prossegue até o final dos teus dias, porque me tens prestado precioso serviço! Educa, educa por mim, e em meu nome, as almas e os corações, porque me ignoram... É preciso que todas as almas alcancem a Verdade Eterna...”

Renovado nas suas forças, o discípulo agora mais idoso, continuou no seu trabalho de pregar o Evangelho de Jesus, enquanto deliciava as pessoas com suas melodias. E assim, continuou a sua tarefa abençoada, por todos os lugares por onde passava... Alguns anos depois, encontrava-se ele em Roma, onde havia se domiciliado. Sentado sobre as pernas, à moda oriental, estava ele, agora de barba branca, tocando velhas melodias em seu velho pífano, recitando ou cantando, com voz trêmula, lindos poemas ao som do seu alaúde, rodeado de crianças e jovens que lhe rogavam entre sorrisos: - “Conta-nos, avozinho, aquela história do Príncipe, filho dos deuses, que desceu do Olimpo para curar cegos e leprosos, paralíticos e surdos-mudos... e para amar os pecadores e redimi-los, ensinando-lhes a lei do amor, para substituir a violência...”

Envelhecera mais ainda e agora conhecido como o “velho do manto roto”, cansado, corpo arqueado, olhos embaçados, semblante enrugado, cabelos em desalinho, mãos encarquilhadas, andar trôpego, veste estragada, sandálias encardidas, até então sem nome nem nacionalidade: assim termina os dias, fecha-se o ciclo de uma existência, aquele que deixara a sua imagem retratada como o 13º discípulo do Colégio Apostólico, como tal reconhecido e consagrado por Jesus, junto a quem estivera, assiduamente, com admirável perseverança e dedicação, a serviço da Boa Nova, arrebanhando as ovelhas perdidas para o acolhedor e manso aprisco do Senhor.

Marcou ele, sua passagem pelo mundo, não pelo seu nome e do país de nascimento, mas pelo que fora e fizera em benefício dos semelhantes. Desconhecido dos homens, mas identificado pelo Cristo que lhe consagrara justa qualificação, muito além das formalidades humanas; autêntica consagração!... Esse discípulo, pode ser você mesmo, meu irmão, que tomaste conhecimento da sua existência. O mundo necessita muito ainda do Evangelho do Senhor. Você, ao se alistar a Causa da redenção da Humanidade, poderá prestar idêntico serviço a Jesus... Necessita de apenas uma coisa, para o desempenho de tão grande tarefa: - Amor a Deus, ao próximo e ao Evangelho do nosso Mestre Nazareno...


Que Jesus nos dê a força para nos tornarmos merecedores do trabalho na sua seára.



Bibliografia:
“Novo Testamento”
Livro “Boa Nova”
Livro “Ressurreição e Vida”

Jc.
S.Luis, 28/8/2003

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