sábado, 23 de janeiro de 2010

JESUS, O EDUCADOR DE ALMAS

JESUS, O EDUCADOR DE ALMAS

Certa vez um moço dirigiu-se a Jesus chamando-o de “Bom Mestre”. Ele de imediato recusou o título dizendo: “Ninguém é bom senão um só, que é Deus”. Mas aceitou o título de Mestre: “Vós me chamais Mestre, e dizeis bem; porque eu o sou”, disse Jesus em outra ocasião. Esse título foi por Ele dignificado, apresentando aos seres humanos, uma forma nova de educar, toda ela centrada no maior dos sentimentos: O Amor.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases que rege a instrução no Brasil, “o papel do ensino religioso é ensinar valores universais como: ética, respeito e cidadania.” Também a solidariedade deveria ocupar o centro de toda ação educativa, que não se aprende e se transmite só por palavras, mas, sobretudo, por exemplos.

Por ter a família descuidado da educação religiosa dos filhos, se formou gerações de poucos recursos espirituais. Alguns pais se mantiveram na religião mais não tiveram forças para se fazerem acompanhar dos filhos. Não seria egoísmo ter consolações, espaço de paz e harmonia, o apoio de companheiros de ideais, e não dividir com os filhos esse bem estar?

As crianças de hoje recebem uma imensa quantidade de informações através dos meios de comunicação, e os pais são profissionais em luta por manterem-se num mercado de trabalho cada vez recessivo que exige de ambos mais tempo. Antes, a mãe era responsável pela transmissão dos valores morais e religiosos, enquanto o pai era o provedor da família. Essa situação mudou e hoje, muitos pais não podendo nem querendo “perder tempo” com os filhos, transferem para os professores e outras pessoas, a responsabilidade de corrigir, educar e orientá-los, e, por se sentirem culpados pela ausência na vida dos filhos, costumam compensá-los com presentes e muita liberdade. Por sua vez, as crianças têm mais argumentos e, quando esses não funcionam, insistem e fazem alegações em defesa de seus desejos, nem sempre aconselháveis. De permissão em permissão, os filhos ganham e os pais perdem, proporcionando-lhes ainda, os meios de se perderem também.

“O destino das criaturas humanas está em função dos princípios educacionais que lhes foram inculcados na infância e na adolescência pelos pais. A violência crescente nos dias de hoje, está relacionada à inegável falta de educação, no sentido da palavra”, diz Pedro Camargo no livro “Mestres na Educação”. Ainda é tempo dos pais recuperarem sua responsabilidade e autoridade junto aos filhos, educando-os com dedicação, paciência, amor e, principalmente com exemplos.

A mensagem de Jesus foi apequenada, podada, enxertada e modificada por aqueles que dela se apossaram, ao construírem uma religião atemorizadora e salvacionista, com bases em atitudes místicas e ritualísticas. A Humanidade começou, com o advento da Doutrina dos Espíritos, a conhecer com mais amplitude e profundidade o que significou, para o mundo, a vinda de Jesus, o Mestre Amado, mais perfeito que a Terra já conheceu; aquele que baseou seus ensinamentos na pedagogia do exemplo. Não há um só ensinamento dele que tenha ficado sem o seu testemunho pessoal. Jesus foi simples e minucioso no que ensinou verbalmente e muito na exemplificação.


O próprio conceito de religião foi modificado a partir dos seus ensinamentos. Com Jesus, aprende-se que religião não é algo místico e mágico a ser levado a efeito no interior dos templos. Não mais a idéia de religião contemplativa, cheia de oferendas e fórmulas vivenciadas no interior das chamadas “Casas de Deus”. Religião passou a ser, para aquele que lhe entendeu as lições, um novo modo de viver, de se relacionar com o próximo em todos os ambientes, em todos os momentos.

Ensinando que Deus está presente em todo o universo, Jesus alargou os limites, conceituando o universo como um templo imenso, quando disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. Jesus não foi um Mestre que viveu confinado em ambiente religioso, ou em local distante, isolado do convívio diário, longe do povo. Pelo contrário, o Mestre sempre viveu com as pessoas e, para prevenir qualquer interpretação equivocada, deixou ensino registrado por dois evangelistas, ao dizer: “Eis que vos envio como ovelhas no meio dos lobos”. Ele não era um profissional religioso, pois vivia como simples carpinteiro, que causava espanto a muitos, diante do que falava e fazia.

Jesus foi um educador de almas, que sempre falou da necessidade da criatura se educar e progredir, conforme ensinou no Sermão da Montanha, quando disse: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens”. Toda a mensagem do Mestre fundamenta-se no esforço da criatura e na herança divina que todos trazemos. Nada de graça, além da graça da vida. Nada de privilégios. “A cada um segundo as suas obras”.

Jesus não aceitou apóstolos passivos, encantados, deslumbrados. Ao contrário, sempre buscou tocar o sentimento, juntamente com o apelo para que a criatura raciocinasse, para saber agir desse ou daquele modo. Jesus levou o entendimento, a compreensão, o uso do raciocínio ao campo da fé. A fé ensinada por Jesus transcende os limites da emoção, do sentimento, por associar-se a um componente essencial: a razão. Inquestionavelmente, a fé raciocinada, ensinada pela Doutrina dos Espíritos, começou com Jesus. Kardec, como profundo conhecedor dos Evangelhos, soube ver que as lições de Jesus têm sempre dois direcionamentos: ao sentimento e à razão. Ao ensinar a criatura a não criar fantasias sobre a fé, mostra a divisão entre o que deve ser objeto da preocupação do ser humano, e o que deve ser entregue à Deus, perguntando: “E qual de vós poderá acrescentar um côvado à sua estatura?” Por isso o Evangelho Segundo o Espiritismo, ensina: “Fé inabalável, só o é, a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da Humanidade.”

O ensino religioso de Jesus propicia ao ser humano a conscientização de que não será através de orações repetitivas que estaremos agradando a Deus, nem por meio de oferendas, bajulações e promessas. No seu trabalho educativo, Jesus mostrou a importância do bom relacionamento com o próximo, como caminho para Deus, conforme bem entendeu o apóstolo João, que registrou: “Pois, quem não ama a seu irmão, ao qual vê, como pode amar a Deus a quem não viu?”.

Significativo é o diálogo entre o doutor da lei e Jesus, conforme relatado por Lucas. “Mestre, que farei para herdar vida eterna?” – Ali se vê um homem conhecedor das leis religiosas a receber de Jesus a resposta: “Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, e ao teu próximo com a ti mesmo”. E quando Jesus lhe disse: “Faze isso e viverás”, aquele homem não compreendeu a conexão entre o preceito religioso que lhe enfeitava o campo intelectual, com a vida prática, a ponto de perguntar: “Quem é o meu próximo?” – Para aquele homem a palavra “próximo” era uma palavra mágica usada no templo, sem nenhum significado real na vida profana; daí o espanto. Ele estranhou que Jesus lhe recomendasse a aplicação do preceito religioso à vida comum. Sabendo da distância que havia entre os preceitos religiosos e a vida em sociedade, é que Jesus contou-lhe a Parábola do “Bom Samaritano”, mostrando que aquele homem, desprezado pelos judeus, fez sua obrigação a Deus, não diante do altar, mas através do mais legítimo modo – o socorro ao seu próximo!

Jesus deu-se como exemplo no serviço a Deus na pessoa do próximo. Curava sempre, impondo as mãos sobre os doentes, embora não precisasse fazê-lo para curar, como o fez com o servo do centurião; mas o fez para ensinar, recomendando que se fizesse o mesmo. Deixou bem claro, que também a prática religiosas deveria ser gratuita, ao dizer: “De graça recebestes, de graça dai”. Jesus trouxe à Terra uma mensagem religiosa sem preconceitos. Simples, sem ser superficial; profunda, sem ser complicada...

Uma concepção religiosa libertadora, geralmente não agrada àqueles que desejam exercer o poder religioso. Eles procuram conservar a religião como algo mágico, místico, extático, complexo, a ponto de a ela, só terem acesso os doutores e os sábios, pessoas pretensamente especiais, que estariam mais habilitadas a intermediarem entre as pessoas e o Criador, mesmo sem procuração de Deus. Jesus concedeu uma verdadeira carta de alforria à Humanidade, em relação à intermediação sacerdotal, ao informar ao ser humano que ele tem o direito legítimo e inalienável de se comunicar com seu Criador, diretamente, em qualquer lugar onde se encontre, dando como exemplo o lugar onde se dorme, dizendo: “Mas tu, quando orares, entre no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está oculto, e teu Pai que tudo vê secretamente, te recompensará”.

Ao se meditar sobre esse ensinamento, percebe-se quanto sua mensagem foi deturpada pelos religiosos que ensinam terem certas pessoas, determinadas prerrogativas de serem ouvidas por Deus, como se fossem advogados ou procuradores, a levarem agradecimentos ou a reivindicarem determinadas benesses, numa prática desenvolvida em meio a rituais completamente estranhos aos ensinamentos e aos exemplos de Jesus, com a agravante de serem renumerados. Jesus libertou a criatura humana também da necessidade do comparecimento ao templo, a fim de ali encontrar-se com Deus. O Mestre jamais convidou alguém a orar num templo. Ao contrário, quando a samaritana manifestou-se no sentido de adorar a Deus no Templo de Jerusalém, o Mestre desautorizou tal atitude, dizendo-lhe: “Mulher, crede-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Deus é Espírito e importa que os que O adoram O adorem em Espírito e Verdade”. Para Jesus, não havia lugares especiais. Seus ensinos, suas curas, suas orações sempre foram efetuadas ao ar livre, onde quer que se encontrasse Ele.

Infelizmente, com o passar do tempo, a mensagem cristã foi-se desviando, saindo da área do estudo, da meditação e do serviço à luz da oração consciente, passando às práticas exteriores. Essas verdades religiosas simples, que estiveram ao alcance de humildes pescadores, de viúvas e de deserdados, foram, com o tempo, relegadas a segundo plano, tendo sido posto em primeiro lugar o ritual, a solenidade, o manuseio de objetos de culto, imagens, velas, roupas especiais e todo um conjunto de práticas exteriores alienantes, trazidas do paganismo romano e do judaísmo, que distanciavam o ser humano cada vez mais do esforço de auto-aprimoramento, preconizado por Jesus.

Os ensinos libertadores de Jesus não foram objetos de estudo pelos teólogos, que criaram as liturgias, e, pior ainda, a hedionda teoria das penas eternas, desfazendo a imagem do Deus Misericordioso, tão bem apresentado pelo Mestre Amado. A mensagem cristã foi então apequenada, podada, enxertada e modificada por aqueles que dela se apossaram, ao construírem uma religião com bases em atitudes místicas e na crença de que o sangue de Jesus seria o remissor dos pecados da Humanidade. Foi enfatizada a adoração extática de Jesus morto, em detrimento do esforço em aceitar um Jesus vivo, permanente, conforme Ele mesmo afirmou ser “A Verdade, o Caminho e a Vida”.

O Mestre veio trazer a certeza de que Deus é Pai, é Amor, é Misericórdia, ao contrário do que foi apresentado pela Bíblia, no Velho Testamento, que mostrava o Pai Criador, vingativo, capaz de ter preferências por determinadas pessoas e povos e abominando os outros. O Pai Misericordioso, de Bondade e Justiça, tantas vezes apresentado por Jesus, foi negado pelos teólogos, ao criarem o inferno de penas eternas. Em verdade, Jesus falou de sofrimentos após a morte, mas nunca com a possibilidade de ser eterno esse sofrimento. Tanto é que Ele disse: “Em verdade te digo que de maneira alguma sairás dali enquanto não pagares até o último ceitil”. O Mestre, conhecedor da fragilidade humana, sabia que, de alguma forma, isso aconteceria, por isso, prometeu o Consolador, dizendo: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome; esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” Cumprindo sua promessa apareceu a Doutrina dos Espíritos, que não é apenas mais uma religião cristã... mas o próprio Cristianismo Primitivo redivivo.

Jesus como educador, fez os ensinos agradáveis com o relato de parábolas (pequenas histórias) e, nelas, prefere o uso de símbolos e situações da vida. Não desfazendo a cultura da época, prestigia o templo como casa de oração, mostrando-nos a necessidade da religião ao ser humano, para ensinar-nos como proceder na existência. A vinda de Jesus a Terra, deu aos seres humanos, os parâmetros para a boa condução de sua própria educação e de seus semelhantes, com vistas ao crescimento moral e espiritual.

Aos pais cabe, a educação religiosa dos filhos, para fortificá-los nas vicissitudes da existência. Desvinculado de sua condição espiritual, a pessoa é esse ser que, jogado na estrada da vida, se perde no emaranhado dos vícios, da violência, da perdição, pela falta da vivência do amor sublime que nos ensinou e exemplificou o Divino Mestre Jesus, e que os pais, responsáveis perante Deus pelos filhos, têm o dever de lhes ensinar e exemplificar, por serem os seus primeiros instrutores ainda na fase de crianças carentes.

Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações, nos orientando para bem viver...

Bibliografia:
“Novo Testamento”

Jc.
Refeito em: 01/09/2009

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