sábado, 13 de fevereiro de 2010

A MEDIUNIDADE

A MEDIUNIDADE

O meio que nos põe em contato com os espíritos, é a mediunidade. A mediunidade é o veículo pelo qual entramos em relação com os espíritos, e todos nós a possuímos, embora em graus diferentes. Por ela, Deus que é Bondade Infinita, permite-nos que continuemos a sentir vivos e palpitantes de amor, aqueles que constituíram na Terra, nossas mais queridas afeições.

Para compreendermos onde reside a mediunidade, sabemos que somos compostos de três elementos: O espírito, o perispírito e o corpo físico. O espírito representa a nossa individualidade, o nosso “eu” imortal, sendo a parte de nós que pensa, sente e age. O perispírito é um véu fluídico que envolve o espírito e o liga ao corpo, durante o tempo da encarnação. É inseparável do espírito e é tanto mais luminoso, quanto maior for o adiantamento moral do espírito. É invisível para nós no estado normal; porém pode tornar-se visível, como no caso das materializações e das aparições. O corpo físico é o instrumento pelo qual o espírito atua no mundo terreno. Quando encarnados, estamos com a alma, o perispírito e o corpo; e quando estivermos desencarnados, possuiremos o espírito e o perispírito. Este é o receptor das sensações e o transmissor delas para o espírito, como sendo um intermediário. As sensações físicas são recebidas pelo corpo através do sistema nervoso de que é dotado. As sensações espirituais também são recebidas pelo perispírito que irradia através do nosso corpo e o contorna como uma névoa de luz.

À medida que o ser humano vai se moralizando suas faculdades psíquicas se dilatam e sua percepção espiritual aumenta. É a mediunidade para nos iluminar e aos que conosco caminham. Por isso Jesus disse: “Brilhe a vossa luz.” “À mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre a carne e prometida pelo Divino Mestre, aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra”, garante-nos o benfeitor Emmanuel.

O Cristo foi o grande médium de Deus entre os homens; quando aqui esteve, iluminou a face do planeta de uma luz intensa e definitiva que nunca mais se apagou. Sua aproximação dos seres humanos intensifica os registros mediúnicos de almas já dispostas ao bem. Maria de Nazaré, observa a figura de um anjo que lhe anuncia a maternidade próxima. Isabel, sua prima, abre os canais mediúnicos de intuição para o registro do fato de que também seria mãe. Registra ainda o Evangelho, a iluminação da mediunidade de José; espíritos angelicais lhe orientam, por sonhos, as decisões a serem tomadas com vistas à proteção do seu filho, das atrocidades de Herodes. Anjos manifestam sua alegria aos homens, entoando cânticos e louvores pela chegada ao mundo da Luz de Deus.

E Jesus aparece e anuncia: “Eu sou a luz do mundo”. Luz que não se negou a iluminar nem mesmo as mais sórdidas e escuras cavernas de nossas almas adoecidas nos próprios desmandos e loucuras. Conviveu Ele com as trevas; curou homens que adoeceram no convívio longo com mentes impregnadas de mágoas e ódios. Quando nós nos desequilibramos, entregamos nossa mente a muitas outras mentes, como aquele geraseno obsediado que andava por entre sepulcros e por montes, ferindo-se e que foi curado pelo Mestre.

Respondendo à pergunta 567 do “Livro dos Espíritos”, os instrutores espirituais dizem a Kardec que, “os espíritos vulgares costumam de imiscuir em nossos deveres e ocupações. Eles nos rodeiam constantemente e com freqüência tomam parte ativa no que fazeis, de conformidade com suas naturezas”. Se eles estiveram até no caminho de Jesus, na terra, e receberam d’Ele expressões de amor, imaginem como não estão tentando impedir nossos passos no caminho da luz. O Evangelho nos trás à observação a figura de um grande médium. Pedro, pescador, era pobre a quem Jesus conclama para a tarefa de “pescador de almas”. Essa é a função do médium no uso do magnetismo e da mediunidade que lhe é inerente; pescador de almas para as tarefas de amor a que o Evangelho nos convida; para levar as criaturas a se achegaram a Jesus, e não a eles os médiuns.

Antes do Cristo, a mediunidade servia à curiosidade e à inércia mental, atuando apenas em atos de vingança e ódio, como instrumento de poder e de pavor, como nos confirmam os relatos bíblicos. Foi Jesus quem deu a dimensão luminosa aos fatos mediúnicos, desde sua chegada a Terra, até sua partida desta. Jesus nos alerta, porém: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito é firme, mas a carne é fraca”. João também nos adverte quanto ao zelo no trato com a mediunidade dizendo:”Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus”. Esse zelo, também encontramos na Codificação Espírita, com a afirmativa do codificador de que, “é preferível rejeitar noventa e nove verdades, a aceitar uma mentira”.

Nos relatos dos apóstolos, poderemos nos contagiar com seus exemplos de amor e humildade, virtudes necessárias à tarefa mediúnica que é um dom divino e com ela devemos suavizar os sofrimentos alheios, cooperando com os espíritos curadores, concorrendo para o alívio dos que sofrem. Entretanto, nunca esqueçamos de dar de graça, o que Deus de graça nos concedeu. Nem troquemos por algumas moedas, o que a bondade de Deus quer distribuir aos seus filhos necessitados.

Todo aquele que sente num grau qualquer, a influência dos espíritos, é por esse fato um médium. Essa faculdade é inerente ao ser humano; não constituindo privilégio exclusivo e raras são as pessoas que não possuem alguns rudimentos, ou que não tiveram na infância alguma experiência mediúnica, visto que o espírito da criança até os seis anos de idade, está mais ligado ainda ao mundo espiritual.

O termo médium é aplicado pelos espíritos ao indivíduo cuja faculdade mediúnica se mostra caracterizada e se traduz por efeitos de certa intensidade, o que depende de uma situação mais ou menos sensitiva. A percepção das influências espirituais se dá pelo fenômeno mental da sintonia, gerando pensamentos plasmados que, ao se exteriorizarem, entram em comunhão com as faixas de idéias do mesmo teor vibratório, estabelecendo-se, assim, a sintonia mediúnica. Noutras palavras, atraímos os espíritos que se ligam com nossos pensamentos, palavras e atos, tanto quanto somos por eles atraídos pela sintonia.

Como na mente acha-se a base de todas as manifestações mediúnicas, é imprescindível que seja ela enriquecida de tesouros culturais, morais e de amor. Com o advento do Cristianismo, a mediunidade atingiu a sublimação com as manifestações provocadas por Jesus, como no Monte Tabor, ao invocar os espíritos de Moisés e Elias que aparecerem ao seu lado, para os apóstolos; também quando apareceu no seu corpo perispiritual aos apóstolos que estavam trancados, receosos de serem trucidados pelos fariseus; e ainda, quando se juntou aos discípulos a caminho de Emaús, e após se dar a conhecer, desapareceu. Na Idade Média prosseguiu nos feitos de Francisco de Assis, nas visões de Lutero.

A mediunidade existe desde as épocas mais remotas, mas foi somente na Doutrina dos Espíritos que encontrou um sentido mais elevado e disciplinado. Nos tempos modernos, nas prodigiosas manifestações através de Francisco Candido Xavier e Divaldo Pereira Franco, sem desmerecer as centenas de outros médiuns espalhados pelo mundo. O médium consciente do seu papel e responsabilidade precisa buscar disciplina e iluminação íntima, para tornar-se um instrumento de progresso, com vistas à felicidade coletiva e própria. Geralmente os médiuns têm uma aptidão especial para determinados fenômenos, do que resulta uma variedade muito grande de manifestações.

As principais variedades de médiuns são: médiuns de efeitos físicos; médiuns sensitivos; médiuns audientes; médiuns curadores; médiuns escreventes; médiuns psicógrafos, etc. Os médiuns de efeitos físicos, são aptos a produzir fenômenos materiais, como a movimentação de corpos inertes, ruídos, pancadas, vozes diretas, materializações, transporte, etc.. A mediunidade de efeitos físicos foi muito comum no surgimento da Doutrina dos Espíritos, com o objetivo de chamar a atenção dos encarnados para as coisas do além, espirituais. Médiuns sensitivos, são as pessoas que sentem a presença do espírito. Esta faculdade pode adquirir tal sutileza que aquele que a possui, reconhece não só a natureza, boa ou má do espírito que está lhe influenciando, mas até sua individualidade. Médiuns falantes ou audientes, são os que transmitem a mensagem do espírito através da fala. Médiuns curadores, são os que realizam as curas através do pensamento ou das mãos impostas sobre o doente. Médiuns psicógrafos, são os que recebem as mensagens espirituais, utilizando o lápis ou caneta e papel.

Falando sobre a faculdade mediúnica, Kardec diz que, de todos os meios de comunicação, a escrita é o meio melhor, mais simples, mais cômodo e o mais completo. Ela permite que se estabeleçam com os espíritos, relações continuadas e regulares, como as que existem entre nós, e é por meio da escrita que os espíritos revelam melhor sua natureza e o grau de aperfeiçoamento ou de sua inferioridade.

Chegada à hora em que devemos iniciar nosso trabalho mediúnico, de nosso corpo começa a desprender-se uma irradiação fluídica que possui certo brilho, de maneira que ficamos envolvidos por uma espécie de luz espiritual. Os espíritos sofredores, buscando alívio, são atraídos por essa luz. Uma vez agarrados a nós, não nos largam até que lhes seja indicado um modo de alcançarem um pouco de melhora para seus sofrimentos. Os sinais mais comuns do aparecimento da mediunidade são os seguintes: Sensação de peso na cabeça e nos ombros; arrepios, como se estivesse passando por nós alguma coisa muito fria; calor, como se estivéssemos encostados a qualquer coisa quente; profunda tristeza ou excessiva alegria sem sabermos por que. Estes sinais dia a dia se acentuam, à medida que as relações fluídicas entre a pessoa e os espíritos sofredores se fortificam; a saúde se altera devido à enorme carga de fluidos impuros que o nosso corpo armazena. O remédio capaz de produzir um resultado satisfatório é o desenvolvimento da mediunidade. Se tivermos o hábito de viver uma moral elevada, seremos auxiliados por espíritos bondosos que abrandarão as perturbações dos espíritos sofredores. Porém, somente isso não basta. Se não tratarmos de nos desfazer dos vícios e melhorar o nosso desenvolvimento moral, a nossa faculdade mediúnica se transformará em tormento e as influências negativas nos levarão a um sofrimento permanente.

Desenvolver a mediunidade é aprender a usá-la. E para isso devemos procurar um Centro Espírita e, sob a orientação do diretor dos trabalhos, iniciarmos o desenvolvimento da mediunidade. É conveniente só fazer esse trabalho mediúnico no Centro, nunca em casa. Para que o médium seja bem sucedido deve cultivar as seguintes virtudes: A perseverança, a paciência, a boa-vontade, a humildade e a sinceridade. A mediunidade não se desenvolve de um dia para o outro; leva-se meses e às vezes até anos, e para isso é preciso ter paciência. Um bom desenvolvimento exige que sejamos persistentes e perseverantes. Ter boa-vontade é comparecer sempre e com satisfação às sessões. A humildade é a virtude pela qual reconhecemos que tudo vem de Deus, e que sem Ele, nada podemos fazer.

O médium sincero é aquele que transmite fielmente o que os espíritos ditam, mesmo que a comunicação seja contrária ao seu modo de pensar ou mesmo uma reprimenda ao médium. Se o médium faltar com a sinceridade no desempenho da função mediúnica, cedo ou tarde sofrerá as conseqüências de seus atos. Conquanto a mediunidade curadora seja um dom que se traz ao nascer, todos podemos ser médiuns curadores, porque todos nós possuímos a força magnética, mesmo que não seja em alto grau dos médiuns curadores.

O conhecimento da lei de afinidade moral faz com que tenhamos a proteção dos bons espíritos e evitemos a influência dos espíritos ignorantes. Afinidade quer dizer semelhança. Pessoas e espíritos de moral igual se atraem e de moral contrária se repelem. Esta lei rege nossas relações tanto com os encarnados como com os desencarnados. Assim sendo, a afinidade moral agrupa os bons espíritos e repelem os maus; os maus por seu lado se reúnem e evitam os bons. Um espírito bondoso não procura um médium orgulhoso, assim como se afasta de um médium que tenha vícios.

A seriedade é a virtude que o médium possui de só utilizar sua mediunidade para fins benéficos. A modéstia faz o médium reconhecer que ele é um simples instrumento da vontade do Senhor. O devotamento leva o médium a se dedicar a fazer o bem a seus irmãos sofredores. A abnegação faz o médium ir até o sacrifício, renunciando a seus prazeres, a seus hábitos, para prestar socorro mediúnico a quem esteja precisando e lhe solicite. O desinteresse é a razão que faz o médium “dar de graça o que de graça recebeu”.

Algumas causas levam os médiuns ao fracasso. Eis algumas: Leviandade, indiferença, presunção, orgulho, egoísmo, inveja, elogios e exploração. Por isso é preciso a máxima vigilância, para não deixar que elas produzam seus efeitos maléficos. Em alguns casos, o médium é obrigado a suspender temporariamente o exercício da mediunidade. Nesses casos deve pedir a Deus que o desobrigue dela, enquanto durar o impedimento. Alguns exemplos: Por motivo de viagens; por motivo de serviço ou de estudos. Também durante a gestação, é aconselhável se abster de praticar a mediunidade, porém deve freqüentar o Centro, assim como as mães com bebês para cuidar. Embora com a mediunidade suspensa, deverá o médium diariamente dedicar alguns minutos à prece, pedindo pelos que sofrem. Pode acontecer ainda que o médium tenha sua mediunidade suspensa por ordem superior; os guias espirituais resolvem cancelar-lhe a mediunidade, provisoriamente, por duas razões: 1ª- os guias espirituais suspendem a mediunidade para que o médium passe por um período de repouso, para que sua organização físico-espiritual se reajuste e se fortaleça, preparando-o assim, para novos trabalhos futuros; 2ª- quando o médium se desvia do reto caminho, entregando-se a atos contrários à mora elevada, sua mediunidade é cancelada, por piedade, para que não lhe aconteça males maiores. Corrigido o erro que motivou a suspensão, novamente o médium passa a merecer a assistência dos seus guias espirituais.

As mensagens que através da mediunidade são enviadas pelos Espíritos Protetores, são alerta para os médiuns, quanto às atitudes corretas que devem adotar diante do convívio na sociedade. Como se trata de um dom gratuitamente cedido por Deus, a prática da mediunidade deve ser exercida sem a cobrança de quaisquer favores ou vantagens materiais. Os benefícios devem atingir sem exceções, a pessoas de qualquer condição social. Deus quer que o benefício chegue a todos, não quer que o mais pobre fique privado dele e possa dizer: “Não tenho fé, porque não obtive o consolo; porque sou pobre e não posso pagar.”

Finalizando, sabemos que a mediunidade é um dom que Deus dá às pessoas, não como um privilégio, mas como missão e como meio dos médiuns liquidarem seus pesados débitos contraídos em outras existências, exceto os que aqui chegam como missionários. Não deve o médium achar que é superior aos seus irmãos. Jesus disse: “Aquele que quiser ser o maior, que se torne o mais humilde servidor de seus irmãos”.


Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.




Bibliografia:
“Mediunidade sem Lágrimas”
O Evangelho de Jesus
“O Livro dos Espíritos”


Jc.
S.Luis, refeito em 18/8/2002.

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