domingo, 16 de maio de 2010

A OBSESSÃO E A POSSESSÃO

A OBSESSÃO E A POSSESSÃO

Antes da descoberta do microscópio, que ensejou ao ser humano verificar a existência e a ação de vírus e micróbios, a peste dizimava populações inteiras. Muitas delas, fruto da ignorância das criaturas, da omissão de governantes, pela falta de recursos e do uso de técnicas inadequadas, que infelizmente ainda persistem ainda hoje, na forma de epidemias e endemias localizadas e em infecções hospitalares.

O desconhecimento, pela maioria dos seres humanos, da realidade espiritual, e o atraso moral da humanidade, também ocasionaram enfermidades a nosso ver, mais cruéis do que a peste, a lepra, o câncer e a aids, que ameaçam o corpo: são as obsessões que acometem o ser humano, desde tempos imemoráveis e têm a idade da maldade humana, sendo popularmente chamados de “encostos”.

Os espíritos inferiores, vingativos, invisíveis aos nossos olhos mortais, atuam sozinhos e em legiões, perseguindo-nos com seu ódio, conforme registra o discípulo Marcos (cap.5 v-9): Perguntou-lhe, Jesus: “Qual o teu nome?” Respondeu ele: “Legião é o meu nome, porque somos muitos”. Esses espíritos aproveitam-se da ignorância da Ciência e da falta de moral das vítimas, para a sua atuação prejudicial, comprovada nos inúmeros relatos existentes no Evangelho.

Por trás da maioria dos sofrimentos humanos quase sempre há a atuação de obsessores: nas guerras, nos vícios, no dia-a-dia do trânsito, nos lares, no trabalho; enfim, nos atritos e em todos os lugares. Nosso atraso moral, nossas paixões e nossos sentimentos negativos os atraem, e eles se ligam a nós, nas obsessões. E o que é obsessão? – A obsessão é o domínio que alguns espíritos exercem sobre certas pessoas. A obsessão é a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo no sentido de prejudicá-lo. Apresenta características muito diversas, desde a simples influência sem sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.

Allan Kardec no “Livro dos Médiuns” cap. XXIII itens 237 a 240, classifica as obsessões: obsessão simples e possessão. As obsessões podem ser de pessoas para os espíritos, de pessoas para pessoas, de espíritos para pessoas e de espíritos para espíritos. São causadas na sua maioria, por vingança; pelo desejo de fazer o mal. O espírito que sofre quer que outros também sofram; por ódio ou inveja do bem. Na maioria dos casos o motivo se encontra em existências anteriores, na qual a pessoa que hoje sofre, fez sofrer anteriormente o seu obsessor.

A obsessão é causada pelos nossas próprias ações, espinheiros plantados pelos nossos pensamentos, palavras e atos. Vejamos um exemplo: Muitas pessoas são acometidas de uma incontrolável sonolências durante uma palestra espírita. Já aconteceu isso com você? O fato se deu de forma casual ou se trata de uma rotina? – Pois bem, se a resposta coincidir com a segunda possibilidade, é sinal de que algumas providências precisam ser tomadas. Nem sempre tal ocorrência é devido ao cansaço físico, ou mesmo a uma enfermidade debilitante capaz de impedir a fixação da mente no comentário do palestrante.

Se nos fosse permitido analisar àqueles que habitualmente nas reuniões públicas espíritas, “cochilam”, faríamos a seguinte pergunta: Em um mesmo horário, se estivesse assistindo a uma novela, o tele-jornal, uma partida de futebol, uma sessão de cinema, você costuma adormecer? – Certamente nos responderiam negativamente. Em virtude da resposta poderíamos argumentar: - Você está sendo forçado a comparecer à casa espírita? Sente-se sonolento pelo fato de não simpatizar com o palestrante ou com o assunto abordado? – Você não aceita os ensinos da Doutrina? – Mais uma vez certamente as respostas indicariam não se tratar de ser forçado, nem com antipatia contra o palestrante, o assunto ou os postulados espíritas. Então, por que tal fenômeno é observado no Centro Espírita?

A resposta mais convincente é fornecida por André Luiz, no capítulo 16 da obra “Nos Domínios da Mediunidade”. Conta ele que em visita de estudos feita em determinado Centro Espírita, observou valiosas anotações no decorrer da sessão. Vejam como é interessante: “Muitos eram os casos de espíritos perseguidores e malvados que procuravam hipnotizar as suas vítimas, precipitando-as no sono provocado, para que não tomassem conhecimento das mensagens transformadoras, que eram proferidas pelo palestrante”.

Tal fato constatado nos sugere às seguintes reflexões: A invigilância e a falta de moral elevada, servem de brechas para que os maus espíritos disso se aproveitem, com a finalidade de nos impedir o esforço de aprendizagem. Algumas pessoas buscam justificativa na mediunidade e responsabilizam a faculdade pelos “cochilos” habituais. Mas, em verdade, a ocorrência de tal fato está mais para uma obsessão do que manifestação de efeitos físicos, como cansaço ou alguma enfermidade. É sinal de que a pessoa se encontra necessitada de um tratamento espiritual. Além do tratamento que implica na melhora moral com o afastamento dos vícios que atraem os espíritos, tal medida deve ser acompanhada do uso freqüente da água fluidificada e do passe magnético. É necessário também o exercício da fé em Deus, a mudança de comportamento para melhor, a prece fervorosa, todos os dias, e as leituras edificantes, para elevar o padrão vibratório mental, de modo a afastar os obsessores e facilitar o processo de cura da obsessão.

A obsessão é um ato praticado sempre por um espírito mau. Os bons espíritos não obsediam ninguém. Há quatro causas que dão origem às obsessões:

1ª - Deficiências morais. Sabemos que, pela lei da afinidade moral, atraímos os espíritos cujos gostos, inclinações e aspirações são iguais as nossas. Assim sendo, cada uma das imperfeições de nosso caráter, atrai para junto de nós um espírito dotado da mesma imperfeição;
2ª – Vingança de inimigos desencarnados. Todos já tivemos muitas existências. Já fomos ignorantes e embrutecidos e essas condições nos fizeram praticar muitas ações detestáveis, ferindo muitos irmãos que se tornaram nossos inimigos. Estando esse inimigo desencarnado e, como ainda não soube transformar o ódio em amor, e nós, de nossa parte, nada fizemos para merecer o perdão, ele exerce sobre nós sua vingança, atormentando-nos pela obsessão. O ataque nem sempre visa à pessoa que sofre a obsessão. Às vezes é apenas um instrumento por ser portador de mediunidade, que o obsessor utiliza para martirizar seu inimigo ou ferir a família toda.

3ª – Mediunidade não desenvolvida. A mediunidade que não é desenvolvida sofre a obsessão de espíritos perversos e ignorantes. Há pessoas que resistem e embora sempre molestadas, levam a existência adiante; outras são mais fracas e se não desenvolverem a mediunidade, acabam sendo obsidiadas.

4ª – Mediunidade mal empregada. O médium que não cumpre retamente seus deveres ou os cumpre movido pelo interesse pessoal, é abandonado pelos guias protetores e se torna presa fácil de espíritos inferiores que não o deixarão sossegado. Geralmente o espírito obsessor nunca age só. Igual aos malfeitores encarnados, anda junto a outro ou em grupos espalhando o sofrimento e inspirando o mal, aos que não fazem o bem e se esquecem de orar e vigiar.

A obsessão não é propriamente um mal, mas uma advertência, muito séria, de que a existência do obsidiado ou as pessoas da família, não estão seguindo o caminho reto que conduz a Deus; impondo-se uma retificação. A causa principal que produz a obsessão é a falta de moralidade. A pessoa moralizada, de bons costumes, não oferece oportunidades para que espíritos obsessores atuarem. A moralidade está contida nos mandamentos: “Amemos a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos”.

Corrigidas as imperfeições de nosso caráter, os espíritos obsessores se afastarão, porque não existe mais afinidade em nosso comportamento ou porque não encontraram mais campo propício para agirem. A partir de então, libertados das influências dos espíritos, poderão assistir as palestras doutrinárias, com toda a atenção, enriquecendo cada vez mais o patrimônio moral e espiritual de cada um de nós.

A cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento. Exige também habilidade e valores morais a fim de encaminhar para o bem, espíritos muita das vezes, astuciosos, endurecidos e perversos, nada se obtendo pela ameaça. A cura só se dá após a renovação moral dos enfermos, porque estes, curados antes de adquirirem virtudes, cairiam em erros mais graves. O Mestre algumas vezes procurado pelos enfermos do corpo e do espírito, lhes dizia não convir que se curassem, porque não convinha ao espírito, fossem agravar suas responsabilidades, fazendo mal uso de uma graça recebida. Ainda mais: não convinha se curassem porque necessitavam das provações e das expiações, para se elevarem perante Deus, o que não conseguiriam com a saúde do corpo, mas sim, com a saúde do espírito.

Para neutralizar a influência dos maus espíritos, recomenda-nos os Espíritos Superiores: “a prática do bem, pondo em Deus, toda a nossa confiança”, resposta a questão 469 de “O Livro dos Espíritos”. Encontramos ainda em “A Gênese” cap.XIV item 46, a seguinte orientação: “Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos, o obsessor”. Mas não basta apenas orar. É indispensável a renovação íntima do obsidiado. É o que nos afirmam os Espíritos, na resposta da pergunta 479 de “O Livro dos Espíritos”. “A prece é em tudo um poderoso auxílio, mas credes, não basta alguém murmurar algumas palavras, para que obtenha o que deseja. Deus assiste os que fazem e não os que se limitam a pedir. É pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que seja necessário para destruir em si mesmo, a causa da atração dos maus espíritos”.

O mentor Emmanuel dos diz mais; que o obsessor é “aquele que importuna; é alguém que participou da nossa convivência. Experimentamos atração ou aversão por aqueles espíritos com os quais já convivemos nas existências passadas. Encontramos obsessor reencarnados como pai ou mãe, esposa ou esposo, filhos ou parentes. Nas obsessões graves, toda a família da vítima é assediada. A ação dos espíritos maus provoca brigas, desequilíbrios, incompreensões, suicídios e assassinatos. Para beneficiar o ambiente, o ideal é que toda a família faça o culto do Evangelho no Lar, pelo menos uma vez por semana, não só para auxiliar o enfermo, como também para realizar o progresso individual de cada um. Com ele, educa-se o sentimento e é este, o instrumento mais efetivo para se convencer os perseguidores a nos deixar em paz”. Qualquer vitória, por menor que seja, devemos atribuí-la ao Divino Mestre, médico de nossas almas enfermas, não obstante o íntimo regozijo que nos invade a alma, quando presenciamos a melhora do sofredor.

É importante notar que nem tudo é obsessão de espírito. Muitas vezes a pessoa cria a sua obsessão, ao alimentar idéias absurdas, ambições desmedidas, leituras perniciosas, etc. Os obsedados estão sempre com os corpos encharcados de fluidos impuros que lhes injetam os espíritos obsessores; daí o fato de apresentarem sintomas de mal físico. Há, portanto, um duplo tratamento a fazer: Primeiro, doutrinar o obsessor; segundo, retirar do corpo do enfermo, os fluidos impuros. O fluido magnético do médium associado aos Espíritos Curadores, atua como uma força repulsora que penetrando no corpo do obsedado, expele os fluidos impuros. Aliados a este tratamento, a água fluidificada deve ser ministrada, para desfazer os fluidos venenosos, e a prece que toca o íntimo do espírito obsessor e lhe modificas os sentimentos, fazendo-o esquecer a obsessão e sentir desejos de iniciar uma nova vida.

Há casos em que o espírito obsessor tem com a sua vítima uma afinidade quase perfeita que a obsessão fica muito mais grave, porque se transforma numa possessão. As irradiações fluídicas do possesso, combinando-se bem com as do espírito possessor, fazem com que este paralise a vontade do encarnado, e daí por diante, subjuga-o inteiramente, a ponto de torná-lo um louco furioso; outras vezes fica falando sozinho, faz discursos ou mantém conversas absurdas.

Tanto a obsessão como a posssessão são doenças espirituais e devem ser tratadas espiritualmente, no Centro Espírita. O concurso da família é muito importante porque, como sabemos, nem sempre o visado é o obsedado, mas, uma ou mais pessoas que o cercam. A oração deve ser humilde, sincera e com fé, implorando o socorro Divino, não esquecendo, porém, de pedir também pelo espírito obsessor. Não pensem, contudo, que a cura se efetuará do dia para a noite. Geralmente passa algum tempo antes que o obsessor se convença, sentindo desejo de largar a vítima, de regenerar-se e de se afastar.

A doutrinação desempenha importante papel no cura das obsessões. Doutrinar é evangelizar, é demonstrar ao espírito obsessor o mal que está praticando, sem nenhum proveito com o seu péssimo modo de agir; a necessidade de reformar os seus atos à luz dos ensinamentos de Jesus, a fim de gozar um pouco de paz e felicidade. É uma tarefa penosa, lenta e fatigante. Não julguemos, porém, que se eles não fossem doutrinados nas sessões, os espíritos inferiores deixariam de progredir. Há no mundo espiritual, escolas onde todos aprendem a seguir o reto caminho e instrutores dedicados que guiam e ajudam os espíritos atrasados.

Se Deus permite que haja a comunicação de espíritos obsessores, é para convocar os encarnados ao serviço da caridade e para que sirvam de lições às pessoas, a fim de aprenderem a evitar os erros que lhes acarretarão as conseqüências observadas nos espíritos sofredores. Revelemos as sublimes verdades da imortalidade da alma, da fraternidade, da reencarnação, da comunicação e a paternidade que temos em Deus. Nunca forcemos ninguém a aceitar nossas idéias; ajudemos primeiro aos que se achegarem a nós. Procuremos socorrer os que imploram a misericórdia de Deus e nunca deixemos de dar de graça o que de graça recebemos.

Lembremo-nos sempre de que em qualquer parte que a bondade de Deus nos colocar, por mais humilde que seja a nossa função, serviços poderemos prestar. Se conseguirmos enxugar uma única lágrima, não perderemos nossa recompensa e seremos candidatos ao Reino de Deus.

Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.

Bibliografia:
Livro “Nos Domínios da Mediunidade”
Livro “Mediunidade sem Lágrimas”
“Livro dos Médiuns”
“Livro dos Espíritos”
20/10/1997

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