sábado, 21 de agosto de 2010

ASCENSÃO ESPIRITUAL

ASCENSÃO ESPIRITUAL


Em Gênese, no cap.28 vr.12, encontramos... “E eis que uma escada era posta na Terra, cujo topo tocava os Céus, e os anjos de Deus desciam e subiam por ela...”

Do ponto de vista corporal, o ser humano pertence à classe dos mamíferos, dos quais difere apenas na forma exterior; tendo a mesma composição química que todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução; ele nasce, vive e morre nas mesmas condições, e, com a morte do seu corpo físico, ele se decompõe como tudo o que vive. Não há em seu corpo, um átomo diferente daqueles que se encontram no corpo dos animais. A analogia é tão grande que se estudam as funções orgânicas de certos animais, quando as experiências não podem ser feitas no ser humano.

Na infância da Humanidade, o ser humano só aplicava a sua inteligência na procura de sua alimentação, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos animais ferozes; mas Deus lhe deu, a mais do que ao animal, o desejo incessante de melhorar-se, e é esse desejo que o leva à procura dos meios de melhorar sua posição, que o conduz às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Através das pesquisas, sua inteligência aumenta, sua moral se eleva; às necessidades do corpo sucedem às necessidades do espírito e é assim que o ser humano passa da selvageria à civilização, realizando sua ascensão espiritual.

Sabemos que, todos os desníveis entre dois planos pedem recursos de acesso para chegarmos ao alto, quais sejam: rampa, escada, elevador, teleférico, etc.. Assim também acontece no plano espiritual. Temos nas Revelações, os degraus de acesso aos planos superiores celestiais. A ascensão espiritual assemelha-se a uma escadaria praticamente imensa, cuja base assenta-se na Terra e o topo perde-se nas alturas... Para galgá-la, se fazem necessária á boa-vontade, trabalho, perseverança e fé no objetivo final, sem distorções, desvios, interrupções, nos degraus inferiores. À medida que subimos, o panorama vai se ampliando, e vislumbramos mais longe; chegamos mesmo a ficar pasmos quando nos conscientizamos de nossa anterior limitação, da pobreza de nossa compreensão e visão...

Nosso primeiro degrau foi construído por Moisés, ao nos trazer as primeiras noções de justiça e as Leis de Deus, constantes no Decálogo. O segundo degrau foi construído pelo próprio Jesus, e nesse nível, já nos foi possível vislumbrar o horizonte espiritual que então se descortinou às nossas vistas. O terceiro degrau, correspondendo aos ensinos complementares da Doutrina dos Espíritos, necessários para alcançarmos o plano superior, foi construído pelos Espíritos Superiores, sob a orientação do Mestre, e com a colaboração de Allan Kardec e dos demais mensageiros de Jesus.

Outro referencial do movimento de ascensão é o tempo. Ao que sabemos a Humanidade teve aproximadamente dois mil anos para percorrer cada um desses dois estágios. Levando-se em conta que dois estágios já foram vencidos, e os tempos são chegados, concluímos que temos tão somente mais mil anos para concluir a ascensão ao último e definitivo estágio da fase evolutiva em que nos encontramos. A alternativa para os que não conseguirem a ascensão dentro desse tempo, aproveitando as existências que ainda lhes são concedidas, será a queda, outra vez, para os níveis inferiores, onde as dificuldades serão maiores e os sofrimentos indescritíveis.

Estamos atualmente sendo convocados a ascender para este último nível que facultará a nossa libertação espiritual. Entretanto, sem querermos, em todo momento, estamos ainda sujeitos à “escorregões” que podem nos reter mais uma vez, nos abismos existenciais da ignorância, da preguiça e da maldade.

Cairbar Schutel, vale-se de uma parábola filosófica para fazer-nos compreender melhor a questão da ascensão espiritual e o momento evolutivo. Diz ele: “No meio de uma cadeia de montanhas, se eleva um pico isolado sobre o qual se percebe vagamente um antigo edifício. Certa vez um ousado viajante propôs-se alcançá-lo, e pôs-se à tarefa. As ervas suspensas nos flancos dos
precipícios, um tronco carunchoso, uma pedra escorregadia... tudo lhe serve de ponto de apoio; esforça-se , arrasta-se, salta e, finalmente, coberto de suor e fatigado, chega ao desejado cume. Aos seus olhos, espraia-se toda a enorme cadeia de montanhas e os mais belos horizontes se abrem diante dele. O que só via confusamente, agora abrange e domina num lance de vista... Em baixo, ao longe vê os obstáculos contra os quais empregou seus esforços e ri-se da sua inexperiência; de pé contempla os que se deixaram vencer sem tentar e admira-se da própria audácia.

Os companheiros, medrosos e sem força de vontade para vencerem as dificuldades da subida, não o puderam seguira não ser com a vista. Então, desbravando a subida, o viajante descobriu um atalho, porque só era visível do alto do pico. É por esse atalho que desce então o viajante que chegou ao alto, e é por ali, que ele se coloca à frente dos demais que ficaram ao sopé do pico, e lhes diz: “Segui-me!” Ele os conduzirá sem perigos e sem maiores esforços até o cume, cuja conquista lhe custara tanto esforço e sacrifício. Graças a ele a montanha já se tornou acessível ! Todos os viajantes podem agora do alto, admirar o formoso edifício, os panoramas sublimes, os magníficos horizontes que dali se descortinam.

Eis a imagem da nossa ascensão espiritual às gloriosas paragens da Imortalidade. Os seres humanos, na grande maioria, caminham sem se elevar ao cume da montanha, porque vão e voltam em delongas por caminhos da horizontalidade material, que não os conduzem às alturas espirituais. Algumas vezes, elevam-se até certo ponto, mas voltam atraídos aos planos inferiores, porque não desejam transitar pelo verdadeiro caminho do amor, que os
conduziriam com segurança às alturas da montanha espiritual.”

Explicando a parábola de Cairbar Schutel, vemos na cadeia de montanhas a representação das antigas religiões, e no edifício antigo, a Revelação. As ervas suspensas nos flancos são as virtudes que nos ajudam a beneficiar o próximo e nos conduzem ao amor de Deus; a volta aos planos inferiores, são as más paixões, o egoísmo, o orgulho e a maldade. O viajante que subiu ao cume é Jesus, seguido de seus mensageiros, onde se destaca Allan Kardec, que nos ensina o caminho para também chegarmos ao alto. Os companheiros que tentaram e conseguiram chegar até certo ponto, são todos os que atualmente se esforçam por chegar ao cume, mas que presos à atração da Terra e vencidos pelas dificuldades e pelas paixões inferiores, voltaram aos planos infelizes, atrasando o progresso espiritual.

A ascensão espiritual é resultado do esforço, da perseverança, da fraternidade e do amor, associado ao progresso moral e a elevação intelectual. Todos os que estudam, aprendem, trabalham e exemplificam estão caminhando nos dois planos de vida que se entrelaçam; um como complemento do outro; numa permuta constante; são finalmente, espíritos evoluídos que descem a auxiliar os que se encontram na Terra, que pelos seus esforços, também se tornarão melhores, porque estão trabalhando para subir o cume. Ninguém segue só
nessa difícil escalada. Deus e Seus mensageiros estão sempre atentos, e por isso nos enviou o Mestre Amado, o viajou da montanha, em busca das retardatárias ovelhas, para levá-las ao Aprisco Divino, no Reino de Deus.

Os seres humanos progridem, fazendo a ascensão espiritual, por si mesmos e pelos esforços de sua inteligência, mas, entregue às suas próprias forças, esse progresso é muito lento, se não são ajudados por outros seres mais avançados, como o aluno o é por seus professores. Todos os povos tiveram os seus homens de gênio, que viveram, em diversas épocas, para dar impulso aos mais atrasados e tirá-los da inércia.

Impossível é deter-se o progresso da humanidade. Uma nova ordem de coisas está se estabelecendo na Terra, substituindo uma anterior, a fim de que nosso mundo se transforme em um mundo de regeneração, conforme nos esclarecem os Espíritos Superiores. Essa transformação está se operando lentamente, apesar das grandes resistências que se lhe opõem, com nosso ou sem nosso concurso, e não há nesse campo de lutas, a opção da neutralidade. É necessário seguir uma regra de valores, e Paulo de Tarso nos aconselhou: “Cada um permaneça diante de Deus, naquilo a que foi chamado”, melhor dizendo: cada um procure o progresso, de acordo com suas possibilidades e nas condições em que se encontra na sociedade.

Busque, pois, o ser humano, no estudo das diretrizes da Doutrina dos Espíritos, os conhecimentos que poderão ampliar o discernimento, evitando as quedas e facultando-lhe uma escolha mais consciente e segura de seus próprios caminhos, no sentido da evolução espiritual. Somos os trabalhadores convocados a colaborar na Seara do Senhor, e aproveitemos essa oportunidade para progredir. Por isso, não nos basta apenas freqüentar habitualmente os Centros Espíritas, assistir as palestras doutrinárias, como se estivéssemos cumprindo obrigações meramente sociais e rotineiras; ineficiente será recebermos passes assiduamente, se não procurarmos retificar os nossos erros, a fim de transformá-los em verdades libertadoras; ilusão nossa a participação semanal em reuniões mediúnicas, se não brotar em nós o desejo sincero de correção das nossas atitudes; inútil nos apresentarmos com belas exposições às platéias espíritas, se não houver os bons exemplos, o desejo sincero e os esforços de reforma íntima; a nossa participação em encontros, congressos e outros eventos espíritas, será sempre apenas momento de lazer, se não surgir o dever da prática cristã, a vivência do companheirismo, da fraternidade, do “unir-vos e do amai-vos”.

Sem essas duas máximas que serviram de lema para os apóstolos e discípulos de Jesus, os outros que os seguiram e os que nos antecederam nessa jornada de trabalho, o nosso desejo de Ascensão Espiritual, através do nosso progresso será sempre prejudicado e realizado somente a custa de maiores sacrifícios, apesar dos nossos sinceros propósitos de cristão. Daí o convite de Jesus, harmonioso no Amor e na Misericórdia de Deus, para com todos os Seus filhos: “Segui-me !”


Bibliografia:
Livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
“ “A Gênese”


Jc.
S.Luis, 02/02/2005

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