sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O PODER DA PALAVRA

O PODER DA PALAVRA


A palavra é um dom divino. Infelizmente ainda muito mal aproveitada pelo ser humano, o que indica o atraso evolutivo do planeta em que vivemos o que, por sua vez, comprova o nosso próprio estado evolutivo. É por isso que existe o irônico provérbio do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, que é contraposto pelo sábio, “falar é prata, calar é ouro”, assim como o prudente, “o ser humano é senhor da palavra não proferida e escravo da que proferiu”, e pelo erudito, “falar pouco e certo é dizer muito em poucas palavras”, a exemplo do que nos recomendou Jesus, ao dizer: “Sim, sim, não, não”.

A palavra é uma grande força, porque é por meio dela, escrita ou falada que a pessoa recebe o patrimônio valioso das conquistas que a humanidade realizou; assim como por seu intermédio, transmite para a geração seguinte o progresso que já alcançou, propiciando à reivindicação e aquisição de tudo. Tudo o que se tem no cérebro, foi codificado linguisticamente . A palavra é um elemento revelador da amizade. Por isso, quando alguém se zanga com outro, deixa de lhe falar. Pode até acontecer de encontrando-o na rua ou em casa de amigos, lhe dê a passagem ou lhe faça um aceno, mas a palavra lhe é recusada em sinal da amizade rompida. Por isso, para fazer as pazes, há aquele momento difícil do pronunciar a primeira palavra, pelo receio dela não ser bem recebida. A boa palavra é então conciliação, sendo também união, que se manifesta viva nas conversas de namorados. Em contrapartida no outro extremo do convívio humano, está a palavra que discorda, que discute que se opõe.

André Luiz esclarece: “A palavra de bondade é semente de simpatia. O diálogo construtivo é terapêutica restauradora. Conversando, podemos criar saúde ou enfermidade, levantar ou abater, recuperar ou ferir. A nossa palavra, enfim, pode ser uma ofensa ou uma benção e é o uso dessa força que equilibra ou desequilibra, obscurece ou ilumina, ergue ou abate”. Famosas são as advertências do apóstolo Tiago em sua epístola: “Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão capaz de refrear também todo o seu corpo. Se pomos freios na boca dos cavalos para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro. Observai igualmente os navios que sendo grandes, por um pequeno leme são dirigidos para onde queira o timoneiro. Assim também é a língua, pequeno órgão, capaz de grandes coisas. A língua é fogo e pode contaminar o corpo inteiro, pondo em chamas toda a existência humana. Todas as espécies de feras, de aves, de répteis e seres marinhos podemos domar; a língua porém, nenhuma pessoa é capaz de domar.

Com ela bendizemos o Pai Celestial, também com ela amaldiçoamos as pessoas
criadas à semelhança de Deus; sendo que de uma só boca procede a benção ou a maldição. Finaliza Tiago, dizendo: “Meus irmãos não é conveniente que estas coisas sejam assim. Acaso pode jorrar do mesmo lugar, o que é doce e o que é amargo?”

Os mentores espirituais têm-se preocupado em nos alertar sobre a responsabilidade da palavra, e em muitas outras oportunidades, descem até nós para nos ajudar na tarefa da palavra. Emmanuel na página intitulada “Domínios da Fala” nos alerta: “Não somente falar, mas verificar o que damos com as nossas palavras”. Assim, automaticamente transferimos estados de alma para aqueles que nos ouvem. Palavra é doação de nós mesmos que retratam a nossa moral. Cada frase é semente viva e com ela plantamos o bem ou o mal, a saúde ou a doença, o otimismo ou o desalento, a vida ou a morte, naqueles que nos escutam, conforme as idéias edificantes ou destrutivas.

Emmanuel, em “Caridade da Palavra” nos diz: “Lembra-te da caridade da palavra, a fim de que possas praticar o amor que o Mestre ensinou e exemplificou. As guerrilhas da língua, há séculos, exterminam mais existências na Terra, que todos os conflitos internacionais”. Aprendamos, portanto, a praticar a sublime caridade oculta que somente a língua pode realizar. A pergunta inoportuna contida a tempo, a observação ingrata, a desistência da queixa, a renúncia às discussões estéreis e o abandono de comentários irrefletidos, são expressões dessa caridade que a boca pode reter sem que os outros percebam. Sobretudo, não podemos olvidar os tesouros encerrados no silêncio e com devoção incorporá-los ao nosso modo de ser, a fim de que o nosso verbo não se faça manifestar nas horas impróprias.

Belíssima página recebida por Chico Xavier, diz: “Quando nosso coração acorda para os ideais superiores do Evangelho, a nossa inteligência adquire preciosos serviços de auto-fiscalização. Conduzamos nossa língua a esse trabalho renovador da personalidade e passaremos a viver em novo campo de simpatia irradiando o bem e recebendo-o, enriquecendo aos outros e engrandecendo a nós mesmos, em nossa abençoada ascensão para a Luz”. Joana de Angelis nos diz que “a palavra quando carregada de sinceridade e fé, age como onda vibratória que elimina as forças negativas que envolvem a pessoa, e quando portadora de pessimismo, dúvidas e acusações, atrai por sintonia mental, enfermidades, malquerenças que terminam por prejudicar quem a exterioriza. Falando, Jesus alterou completamente a filosofia então vigente e abriu as fronteiras de esperança de felicidade para as criaturas de todos os tempos”.

O Espírito de Verdade nos indicou as duas leis dos espíritas: Amor e instrução. E nessa busca, quanto de azedume, quanto de desrespeito, quanto de agressões verbais não se manifestam entre aqueles que deveriam primeiro, amar muito e respeitar a opinião alheia. Estamos vivendo mal, e a preocupação da espiritualidade é tanta que nos veio alertar, nos dando um exemplo. Um grande trabalhador da Doutrina dos Espíritos, pioneiro do Espiritismo na Zona da Mata, em Minas Gerais, ao se comunicar e nos dizer da necessidade de operarmos a educação dos sentimentos e da palavra, a reforma de nossa conduta e do nosso comportamento no dia a dia, disse ele: “Que, se não fosse suas obras, a língua teria feito com que ele perdesse a existência terrena. Esse trabalhador foi uma pessoa reconhecidamente caridosa na divulgação da Doutrina, na sustentação do Centro Espírita e na manutenção de uma escola e de um orfanato. E quando ele diz que “a língua quase o perdeu”, é preciso esclarecer que não se tratava de uma pessoa maledicente ou desrespeitosa, com quem quer que fosse. Ele era, simplesmente, extremamente franco e sincero, sem meias palavras, e, infelizmente não sabia calar quando o assunto era delicado e recomendava uma dose de indulgência.

Benevolência e indulgência – eis o que compõe o conceito de caridade segundo entendia Jesus e nos ensina a Doutrina. São essas as virtudes que nos pedem os Espíritos, para que alcancemos patamares mais elevados de merecimento. E ele nos alertou para que pratiquemos essas qualidades, não apenas nas instituições beneficentes e no Centro Espírita, o que é fácil, porque são lugares protegidos espiritualmente, que oferecem ambiente propício, no qual nos sentimos muito bem, mas também no seio da família, nos círculos de amizade e trabalho para com os nossos próximos.

Devemos, portanto, policiar nossas palavras para que não venhamos a nos arrepender. Evitar termos impróprios e anedotas pesadas e de mau gosto. Lembremo-nos de que tudo o que dissermos permanecerá em nossa atmosfera mental, atraindo aqueles que pensam da mesma forma e também os espíritos, que passarão a formar o círculo em redor de nós. A boa educação se manifesta principalmente através das palavras que pronunciamos. Se nossas palavras forem ásperas, se em cada pessoa observarmos um adversário, a nossa existência se tornará uma tragédia. Vamos atrair para nossa vivência, amigos devotados por meio das nossas palavras, voltados sempre para o bem e o amor ao próximo.

Assim como o Universo foi criado pela vontade e palavra de Deus, assim também nosso pequeno mundo individual é criado pelas nossas palavras, porque, as palavras são manifestações dos nossos pensamentos e, através das palavras, amáveis e delicadas, sinceras e animadoras, poderemos criar um mundo de paz e harmonia, de saúde e felicidade. Nunca devemos esquecer de que uma palavra proferida, jamais poderemos apagá-la, ou desfazê-la. Por essa razão, sempre devemos pensar antes de usar a nossa língua a fim de não criarmos embaraços ou um possível inimigo com a nossa palavra. Jesus certa vez nos advertiu sobre o mau uso das palavras, dizendo: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo e pelas suas palavras serão condenados”. (Mateus 12- 36/37).


Bibliografia:
“Evangelho Segundo o Espiritismo”

Jc.
S.Luis, 04/09/2003

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