domingo, 23 de janeiro de 2011

O BULLYING E OS ENSINOS DE JESUS

O BULLYING E OS ENSINOS DE JESUS

Vivemos nos tempos atuais uma verdadeira crise existencial, onde as inimizades, o egoísmo, o vício, a corrupção, a impunidade e a violência, dominam parte da humanidade, trazendo aflições e sofrimentos para muitos, próprio de uma época de transformações por que passa, para surgir um mundo melhor.

Apesar de recebermos uma avalanche de más notícias todos os dias, através dos meios de comunicação, temos visto que ultimamente boa parte das pessoas, vem tentando resgatar valores morais até então esquecidos, em busca da qualidade nos relacionamentos e de uma melhor convivência em todos os setores, seja na família, no trabalho, em sociedade e, principalmente, esta revisão de conceitos vem ocorrendo também nas escolas. A letargia moral que vinha envolvendo a sociedade, que destaca maio o verbo “ter” no lugar do “ser”, parece finalmente ceder por ter chegado a um ponto insuportável, infelizmente, causando efeitos colaterais em nossas crianças e adolescentes.

De forma mais impactante, no ano que passou, a imprensa trouxe à tona a questão do Bullying, que é definido como “atos agressivos feitos de forma verbal ou física, repetidamente contra crianças e adolescentes, por parte de uma ou mais pessoas”. As vítimas são quase sempre crianças obesas, tímidas, fracas, pobres, de cor, não afeitas à prática de esportes, podendo portar deficiências visuais ou físicas, e que na maioria dos casos não há motivo que justifique as agressões. O Bullying representa uma coação, a intimidação, a manipulação e o domínio do mais forte sobre o mais fraco fisicamente ou aquele que não apresenta resistência. Os agressores também são crianças e adolescentes que não receberam limites, que desde muito cedo apresentam um perfil agressivo e dominador, que em muitos casos apenas espelham a convivência conturbada de suas famílias, pois o aprendizado do ser humano é dado também pelos exemplos que eles recebem.

Os especialistas apontam o Bullying com suas bases fincadas na intolerância e no desrespeito às diferenças, e por isso podemos dizer que ele é a antítese do que Jesus nos ensina no Evangelho, e que está na contramão do “amai-vos uns aos outros”. Numa das reportagens, uma jornalista fez o seguinte comentário: “este problema tem mostrado que a criança não é tão inocente e imaculada como pensávamos”. A Doutrina dos Espíritos trata essa questão elucidando-nos que a criança é um espírito que viveu muitas existências e experiências, e que, apesar de estar vestindo hoje um corpo infantil, essas experiências são do passado e podem influenciar os atos do presente, principalmente se não recebem uma educação adequada no lar.

Allan Kardec, com todo o seu cabedal de conhecimentos e, especialmente, pelo fato de ter sido um adepto dos métodos de educação de Pestalozzi, nos deu orientações importantes quanto ao tratamento que devemos dar às crianças. No Livro dos Espíritos, na questão 383, ele pergunta qual a utilidade de se passar pela infância, e a resposta dos Espíritos Superiores é clara: “Encarnamos para nos aperfeiçoar e nessa condição, estamos mais acessíveis, no qual devem contribuir aqueles que são os responsáveis e encarregados da educação das crianças”.
A importância da educação aplicada de forma mais ampla na família, visa não somente esta existência, mas a evolução espiritual dos seres humanos. Pais, avós e professores formam esse grupo de encarregados. Os pais são os principais, e não podem deixar esses espíritos que vêm em forma de filhos, entregues simplesmente às mãos de empregadas, ou sob a perigosa tutela da televisão que, na maioria das vezes, mais prejudica do que auxilia na educação. Como na vida moderna, o tempo é escasso, vivemos fugindo das responsabilidades, e, em muitos casos, a família vive sob o mesmo teto, divide a mesma mesa, tem o mesmo sobrenome, mas seus membros não se conhecem, por faltar o fundamental que é o diálogo, e somente ele, pode aproximar as pessoas e fazê-las compartilhar idéias e sentimentos.

Os encarregados da educação desses espíritos devem estar atentos às tendências que as crianças apresentam desde cedo, incentivando os pontos positivos e fazendo-os refletir sobre os pontos negativos de sua personalidade, a fim de ficarem convencidos da necessidade de melhoramento. E o mais necessário para essa reflexão é o Evangelho no Lar, em que a família se reúne para estudar as palavras de Jesus – o médico das almas. A criança precisa participar do estudo do Evangelho em casa ou na Casa Espírita, porque assim terá acesso a valores morais e espirituais que semeados em seu coração, permanecerão para sempre. Espíritos que se encontram na fase da infância estão totalmente receptivos, abertos ao aprendizado, e é nesse período que o Evangelho deve ser apresentado, por meio de histórias, brincadeiras e exemplos, e vislumbrando as experiências de outras pessoas, elas aprenderão mais facilmente as lições de respeito, fraternidade e amor.

Eurípedes Barsanulfo nos deu a receita de educarmos nossas crianças dando a elas a visão de que são espíritos eternos, e que devem viver dentro das leis divinas. Se aprenderem isso, elas saberão lidar com as diferenças e não receberão o triste rótulo de autores do Bullying. Se apresentarmos Jesus de maneira viva e atual como o melhor exemplo, elas irão entender a lei da semeadura e compreenderão a responsabilidade que têm diante de seus atos, descobrindo seus direitos e seus deveres e não terão heróis da violência a seguir, procurando fazer aos outros o mesmo que gostaria que fizessem a elas. Esta é a visão que leva a criança e o adolescente a conhecer e exercitar os pontos positivos de sua personalidade, e, joga luz as suas más tendências, trabalhando-as na chamada reforma íntima, que, quanto antes iniciar será melhor para si e para todos que convivem com ela.

Se ficarmos protelando e não tratarmos essas más tendências, na infância e adolescência, que é a fase de eclosão dos sentidos, nossas crianças crescerão como carros desgovernados em plena ladeira. Quando os pais ignoram e não procuram reprimir as más tendências dos filhos, eles poderão manter uma falsa aparência em casa, mas quando estiverem lá fora, poderão dar vazão a elas com atitudes reprováveis como o Bullying, que ganhou contornos altamente nocivos e tem incomodado a pessoas em todo o mundo, e, de maneira alguma, devemos encarar como uma brincadeira de criança. Á médio e longo prazo as vítimas podem apresentar desinteresse pela escola, depressão, pânico, e fobia social. Em casos mais graves, podem ocorrer suicídios e homicídios.
Muitas das vítimas crescem e superam o Bullying com o chamado “efeito elástico”, que é a capacidade de ser testado ao limite e não ter a sua constituição emocional alterada, mas grande parte delas ficarão com traumas e inseguranças para o resto da existência. Os agressores, que chegarão à fase adulta dotados dessa carga de violência e desrespeito, desprovidos de limites e valores morais, que são essenciais à evolução como cidadãos e espíritos que também o são, serão os agentes desprezados pelas pessoas e pela sociedade que agridem, originando a criação de leis severas como punição por seus atos.

O Conselho Nacional de Justiça lançou recentemente uma Cartilha de Combate ao Bullying, que já vem sendo distribuída em todas as escolas da rede pública e particular, além dos órgãos de proteção ao menor. Apesar de todos os esclarecimentos e fatos lamentáveis de agressões e violências, apresentados pela televisão, ainda há pessoas que consideram um exagero o posicionamento da justiça, dizendo que é inofensivo, sem se darem ao trabalho de perguntar como se sentem as crianças e adolescentes que são alvos dessa violência.

Todas estas características inferiores são inerentes a um planeta de provas e expiações, e o cenário dos relacionamentos somente mudará, na proporção em que o ser humano modificar seu interior; no dia em que descobrir e procurar trabalhar os seus sentimentos, passando a ter como objetivo principal a sua evolução espiritual, através do exercício do bem e da caridade, ensinado por Jesus. . .



Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
Eurípedes Barsanulfo
Juliana Demarchi


Jc.
S.Luis, 20/01/2011

Nenhum comentário: