sábado, 26 de fevereiro de 2011

ADELAIDE AUGUSTA CÂMARA-AURA CELESTE

ADELAIDE AUGUSTA CÂMARA (AURA CELESTE)

Adelaide Augusta Câmara, foi uma das mais devotadas figuras femininas do Espiritismo no Brasil, bem conhecida pelo seu pseudônimo de Aura Celeste. Ela nasceu na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, em 11 de janeiro de 1874, filha de Henrique Leopoldo Soares da Câmara e de Dª Maria Balbina da Silva Câmara, e desencarnou em 24 de outubro de 1944, na cidade do Rio de Janeiro.

Aura Celeste, mudou-se para a antiga Capital Federal em janeiro de 1896, graças ao auxílio de alguns militantes do Protestantismo, a cuja religião pertencia, os quais lhe proporcionaram a oportunidade de lecionar no Colégio Ram Williams, o que fez com muita eficiência durante algum tempo, até que organizou, em sua própria residência, um curso primário, onde muitos homens ilustres do meio político e social brasileiro aprenderam as primeiras letras.

Seus primeiros passos na Doutrina dos Espíritos datam de 1898, quando começou a sentir as primeiras manifestações de suas faculdades mediúnicas e, assim, passou a freqüentar as sessões no Centro Espírita Ismael, cujo dirigente era o Dr. Bezerra de Menezes. Nessa época, o grande missionário dirigia também os destinos da Federação Espírita Brasileira, revestido da auréola de prestígio e de respeito que crentes e descrentes lhe prestavam, e o Espiritismo, era o assunto de todas as conversas, não só pelos fenômenos e curas mediúnicas, como também pela propaganda falada, pelos livros e pela imprensa.

Sob a sábia orientação de Bezerra de Menezes, ela iniciou sua notável carreira mediúnica como psicografa no Centro Espírita Ismael. Bezerra de Menezes, pela sua conhecida clarividência, prognosticou, certa vez, que Adelaide Câmara, com as suas prodigiosas faculdades, um dia assombraria crentes e descrentes. E essa profecia não se fez esperar, pois em breve tempo Adelaide como médium auditiva, começou a trabalhar na propagação da Doutrina, fazendo conferências e receitando, com tal acerto e exatidão, que as curas eram constantes e seu nome logo ficou conhecido por todo o País.

Com a desencarnação de Bezerra de Menezes em 1900, Adelaide Câmara aproximou-se de outro grande espírita, Inácio Bittencourt, e nas sessões do Círculo Espírita “Cáritas”, passou a prestar seu concurso como médium e propagandista de primeira grandeza. Contraindo núpcias em 1906, os afazeres do lar e a educação dos filhos, mais tarde, obrigaram-na a afastar-se dos Centros Espíritas, mas nem por isso ficou inativa. Nas horas de lazer, entrava em confabulações com os guias espirituais, e pode receber e produzir páginas admiráveis, que foram dadas à publicidade na obra “Do Além”, em 21 fascículos, e no livro “Orvalho do Céu”. Foi aí que adotou o pseudônimo de “Aura Celeste”, nome com que ficou conhecida no Brasil.

Em 1920 retornou à tribuna espírita e aos trabalhos mediúnicos, com tal vigor e entusiasmo, que o seu organismo de compleição franzina ressentiu-se um pouco,
mas não deixou por causa disso de cumprir com os seus deveres. O Dr. Joaquim Murtinho era o médico espiritual que, por seu intermédio, começou a trabalhar na cura de enfermos, diagnosticando e curando a todos quantos lhe batiam à porta, ao mesmo tempo em que desenvolvia, espontaneamente, diversas faculdades mediúnicas, além de incorporação, audição, vidência, psicografia, intuição e curas, Aura Celeste possuía a extraordinária faculdade de bilocação. Muitas curas ela operou, então em diferentes lugares do Brasil, a eles se transportando em “desdobramento fluídico”, sendo visível seu corpo perispiritual, como aconteceu em Juiz de Fora e Corumbá, fatos comprovadamente averiguados e comprovados por enfermos que, sob os seus cuidados, a viram aplicar-lhes “passes curadores”.

Aura Celeste era poetisa, conferencista, contista e ainda educadora, deixando diversas obras doutrinárias em prosa e versos, assinando geralmente com seu pseudônimo. Foi Assim que deu a público “Vozes d’Alma”, “Sentimentais”, “Aspectos da Alma”, “Palavras Espíritas”, “Rumo a Verdade” e “Luz do Alto”. Esparsos em jornais e revistas espíritas, há ainda muitas poesias e artigos doutrinários de sua autoria. O jornalista e literato Leal de Souza referiu-se certa vez a Adelaide Câmara, como a “grande musa moderna e espiritual”.

Em 1924, voltou-se para o campo da assistência às crianças órfãs e à velhice desamparada. Centralizou todos os seus esforços no propósito de materializar esse antigo anseio de sua alma. Pouco, entretanto, pode fazer em três anos de trabalhos. Aconteceu então que um confrade, João Carlos de Carvalho, estava angariando donativos para a fundação de uma instituição dessa natureza e, um dia, fez-lhe entrega de uma lista de donativos para que ela arranjasse novas doações para esse humanitário fim. Dias depois, João desencarnou, e ela ficou com a lista e o dinheiro arrecadado. Passado alguns meses, o Sr. Lopes, proprietário da Casa Lopes, que estudava a Doutrina, mostrou-se interessado na organização de uma instituição de amparo e assistência aos idosos e ela lhe informou possuir uma lista com alguns donativos para esse fim. A contribuição foi recebida com entusiasmo e logo o projeto foi concretizado. Alugaram uma casa no bairro Botafogo e ali foi instalado no dia 13 de março de 1927, o Asilo Espírita “João Evangelista”, sendo ela a sua primeira diretora.

Compareceu a festa de inauguração o Dr. Guillon Ribeiro, então secretário, representando a Federação Espírita Brasileira. Aura Celeste, em breves palavras, exprimiu o júbilo de sua alma, afirmando ter participado da realização do ideal de toda a sua existência – “Ser mãe de desamparados, graça do céu que não trocaria por todo o ouro e todas as grandezas do mundo”. Dedicou, daí em diante, todo o seu tempo a essa grandiosa obra de caridade, emprestando-lhe as luzes do seu saber e de sua bondade, até o dia em que serenamente entregou a alma a Deus.

Aura Celeste, com extremada dedicação, trabalhou em várias entidades espíritas beneficentes da cidade do Rio de Janeiro, dando a todas elas o melhor de suas energias e de sua inteligência. Foi, porém, no Asilo “João Evangelista”, que ela realizou sua tarefa máxima, não só como competente educadora, mas também
como hábil orientadora de inúmeras pessoas que ali receberam, como ainda recebem, instrução intelectual e educação moral. A existência dessa batalhadora foi uma escala de luz, uma afirmação de fé e humildade, e um perene testemunho de amor pelo semelhante. Era ela a grande educadora que ensinava educando e educava ensinando pelo exemplo.

Médium sem vaidades, sincera e de honestidade a toda prova, praticava a mediunidade como verdadeiro sacerdócio. Dotada de sólida cultura, teria, se quisesse, conquistado fama no mundo das letras. Poetisa de vastos recursos, oradora convincente e natural, senhora de estilo vigoroso e de fulgurante imaginação, tudo deu e fez, com o cabedal que possuía, para o bom nome e o engrandecimento da Doutrina Espírita.

O Asilo Espírita “João Evangelista”, no Rio de Janeiro, aí está ainda, em sede própria, atestando a obra e o devotamento à causa do bem, daquela nobre mulher que se chamou Adelaide Augusta Câmara, ou mais conhecida como Aura Celeste.

Assim procedem todos os missionários que fazem da sua existência na Terra, um exemplo de dedicação à causa do Mestre Amado Jesus, trabalhando, assistindo e amando os seus semelhantes. . .




Bibliografia:
Marinei Ferreira Rezende

Jc.
S.Luis, 17/02/2011

Nenhum comentário: