sábado, 12 de março de 2011

CARLOS IMBASSAHY

CARLOS IMBASSAHY

Nascido em 9 de setembro de 1884, Carlos Imbassahy enfrentou galhardamente a passagem do século, vivendo até 4 de agosto de 1969, quando desencarnou antes de completar 85 anos de existência. Advogado, jornalista e escritor, foi no início de sua carreira como advogado aprovado por concurso público na Comarca de Andaraí, uma cidade interiorana do seu estado natal, a Bahia. Pouco depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde viveu a maior parte de sua existência na cidade de Niterói, onde ingressou no Ministério da Fazenda. Foi nessa ocasião que conheceu Amaral Ornelas, o grande poeta espírita, com o qual fez amizade e teve seus primeiros contatos com a Doutrina dos Espíritos.

Acumulando com suas funções de funcionário público, também exercia a profissão de jornalista, além de trabalhar na redação de jornais diários do Rio de Janeiro. Foi assim que acabou sendo convidado para se tornar redator da revista “O Reformador”, publicado da FEB, na qual ocupou o cargo de secretário durante longos anos. Junto com seu amigo Ornelas e com Bernardino da Fonseca Filho, o Bebé, grande médium psicógrafo, fundou um Centro Espírita, em cuja presidência eles se alternavam.

Lançado como orador espírita pelo seu amigo, adotou um estilo novo de expor, procurando alternar os ensinamentos da Doutrina com assuntos leves e até mesmo jocosos que fossem capazes de atrair a atenção dos seus ouvintes. Com isso, aos poucos, foi criando Escola, apesar de combatido pelos mais austeros líderes do movimento espírita. Nessa época um padre em Juiz de Fora, resolveu atacar a Doutrina Espírita. Os companheiros da doutrina daquela cidade, acharam por bem pedir socorro à FEB que, para atendê-los, indicou o Dr. Imbassahy. Ele deveria comparecer àquela cidade para rebater as acusações do sacerdote.

Na hora do embarque por ferrovia, um dos diretores, para ajudá-lo, entregou-lhe um volume traduzido pela FEB da obra de Roustaing, dizendo-lhe: “Imbassahy, aqui você encontrará tudo o que precisa para acabar com o padre”. O principal tópico do debate seria a ressurreição de Lázaro, e quando ele começou a lê-la, sua razão fê-lo estarrecer-se com o conteúdo daquela obra. Lendo as explicações dadas, ficou horrorizado pensando no fiasco que faria se apresentasse aquilo como argumento para debate. Foi seu primeiro contato e sua primeira decepção com Roustaing. Segundo ele, sua grande sorte foi que o padre, no dia do debate, resolveu ausentar-se da cidade e ele preferiu não abordar o tema e voltar ao Rio.

Os tempos passaram e desencarnou o presidente Guillon Ribeiro. Elegeram para substituí-lo um jovem militante roustainguista que tinha outra visão da Doutrina e que achava fundamental que todos os participantes dos cargos diretivos da Federação fossem não apenas adeptos, mas militantes do roustainguismo. Com isso, o Dr. Imbassahy, que era adepto de Kardec, praticamente foi excluído do seu cargo e afastado a bem da comunidade e do movimento federacionista. Mas, a essa altura, seu conhecimento doutrinário e sua fama de escritor já haviam lhe
coroado a carreira literária. Foi dessa forma que, seus novos livros encontraram uma série de editores que se ofereceram para publicados, fora do contexto febiano. Afastado da FEB, passou a ser um dos grandes expoentes do Espiritismo, nos movimentos que não tinham apoio daquela entidade, ao lado do seu querido amigo e conterrâneo Leopoldo Machado. Assim, foi orador do Congresso Sul-Americano de Espiritismo realizado no Rio de Janeiro; participou de todos os Congressos de Escritores e Jornalistas Espíritas, realizados no Brasil, incrementou o movimento dos jovens e teve importante participação junto ao 1º e único Congresso Brasileiro de Mocidades Espíritas, como também se destacou pelo apoio que sempre deu às Semanas Espíritas, e a qualquer outra atividade doutrinária que tivesse como escopo a difusão da Doutrina dos Espíritos.

Entre seus trabalhos literários, citam-se os romances: “Leviana” e “Os Menezes”. Publicou também uma obra de cunho histórico com o título “Grandes Criminosos da História”. Entre suas obras espíritas, destacam-se: “A Mediunidade e a Lei”; “O Espiritismo à Luz dos Fatos”; “Evolução”; “O Que é a Morte”; “Enigmas da Parapsicologia”; “A Missão de Allan Kardec”; “Ciência Metapsíquica”; “Parapsicologia e Psicanálise”; “Freud e as Manifestações da Alma”. Como tradutor, trouxe para a língua portuguesa as seguintes obras: “Fenômenos Psíquicos” de Ernesto Bozzano; “Reencarnação” de Gabriel Delanne; “A Vida Além do Véu” de Roberto Dale Owen; “A Filosofia Penal do Espiritismo” de Fernando Ortiz; “Fenômenos Hipnóticos e Espíritas” de César Lombroso, e as principais obras de Allan Kardec.

Junto com sua esposa, participou dos Teatros Espíritas, durante as Semanas Espíritas, escrevendo até uma comédia intitulada Firma Roscof & Cia, incentivando desse modo, os jovens espíritas à arte sadia, como literato, jornalista e expositor espírita. Inúmeros foram os casos pitorescos de sua existência, contados em livro. Além de divertir, mostram a verve de um grande baluarte da Doutrina, que soube aliar a difusão doutrinária com a arte, com sabedoria. O Dr. Alberto de Souza Rocha reuniu uma série de documentos de casos do Dr. Imbassahy que ainda não foi publicado porque o companheiro desencarnou antes de completar seu trabalho. São cartas particulares do grande escritor, inclusive, uma endereçada ao Sr. Wantuil de Freitas, quando presidente da FEB que é um libelo terrível contra o roustainguismo.

Não poderíamos falar do Dr. Imbassahy sem fazer uma especial referência à sua esposa, dona Maria, médium de excelentes predicados e que era seu braço forte, no incentivo e em tudo mais que uma companheira dedicada podia fazer por seu marido. Ela era também uma excelente comediante, mas nunca se dedicou a profissão, só participando ao lado do esposo em suas apresentações cênicas no meio espírita. Faziam um par impagável nas apresentações cênicas juntamente ao lado de Olimpio Campos, outro excelente ator, que por ser órfão elegeu o casal como seus novos pais. Os três juntos faziam as cenas de humor nas Semanas Espíritas de que participavam, mostrando que a arte sadia também tem lugar dentro do movimento espírita. O casal Imbassahy teve um único filho chamado
Carlos de Brito Imbassahy, também escritor e jornalista espírita.

Aos 84 anos, foi ele acometido de uma leucose aguda que, em pouco mais de seis meses, levou-o à sepultura. Seu enterro, em 04/08/1969 foi concorridíssimo, deixando uma grande lacuna no movimento espírita brasileiro, porque sempre foi um grande defensor da Doutrina dos Espíritos e principalmente de Allan Kardec.



Bibliografia:
Marinei Ferreira Rezende
Jornal “O Imortal”


Jc.
S.Luis, 9/3/2011

Nenhum comentário: