sábado, 21 de maio de 2011

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA

Manoel Philomeno de Miranda

Manoel Philomeno de Baptista de Miranda nasceu no dia 14 de novembro de 1876, em Jangada, Município do Conde, no Estado da Bahia. Seus pais eram Manoel Baptista de Miranda e D. Umbelina Maria da Conceição. Diplomou-se pela Escola Municipal da Bahia, colando grau na turma de 1910, como Bacharel em Comércio e Fazenda. Exerceu sua profissão como um exemplo de operosidade no campo profissional. Ajudava sempre aqueles que o procuravam, pudessem ou não pagar os seus serviços. Debilitado por uma enfermidade pertinaz em 1914, e tendo recorrido a diversos médicos, sem qualquer resultado positivo, foi curado pelo médium Saturnino Favila, na cidade de Alagoinhas, com passes e água fluidificada, completando o tratamento com alguns remédios da flora medicinal.

Nessa época, indo a Salvador, conheceu José Petitinga, que o convidou a freqüentar a União Espírita Bahiana. A partir daí, Philomeno de Miranda interessou-se pelo estudo e pela prática do Espiritismo, tornando-se um dos mais firmes adeptos de seus ensinamentos. Passou a presidir as reuniões mediúnicas e os trabalhos do Grupo Fraternidade, e a partir de 1921 passou a integrar a Diretoria da União Espírita Bahiana, função que exerceu até a sua desencarnação.

Fiel discípulo de Petitinga foi autêntico diplomata no trato com o movimento espírita da Bahia, com capacidade para resolver todos os assuntos pertinentes às Casas Espíritas. Educado, delicado, porém decidido na luta, não dava trégua aos ataques descabidos, arremetidos por religiosos e cientistas que tentavam destruir o trabalho dos espíritas. No campo da literatura foi autor de “Resenha do Espiritismo na Bahia” e “Excertos que Justificam o Espiritismo” e ainda, em resposta ao padre Huberto Rohden, publicou também “Por que sou Espírita”. Dedicou-se com muito carinho às reuniões mediúnicas, especialmente as de desobsessão. Achava imprescindível que as Instituições Espíritas se preparassem convenientemente para o intercâmbio espiritual, sendo de bom alvitre que os trabalhadores das atividades desobsessivas se resguardassem ao máximo na oração, na vigilância e no trabalho superior. Salientava a importância do trabalho de caridade, para se precaverem de sofrer ataques das entidades que se sentem frustradas nos planos nefastos de perseguições, e que é o caso de muitas Casas Espíritas que, a título de falta de preparo, se omitem dos trabalhos da caridade e da mediunidade.

Manoel Philomeno mesmo sofrendo do coração, subia as escadas a fim de não faltar às sessões, sorrindo e sempre animado. Sentia imensa alegria em dar os seus dias ao serviço do Cristo. Querido de quantos o conheceram, porque quem o conhecia não podia deixar de amá-lo. Sobre suas últimas palavras, assim escreveu A.M. Cardoso e Silva: “Agora sim! Não vou porque não posso mais. Estou satisfeito porque cumpri o meu dever. Fiz o que pude... e o que me foi possível. Tome conta dos trabalhos, conforme já determinei,” Era véspera da sua desencarnação e até o último instante, demonstrou a firmeza e a tranqüilidade dos justos, proclamando e testemunhando a grandeza imortal da Doutrina dos Espíritos. Sua desencarnação
ocorreu no dia 14 de julho de 1942.
Anos depois da sua desencarnação, ele passou a relacionar-se com o médium Divaldo Franco, que assim descreveu como se deu esse encontro: “Numa das viagens a Pedro Leopoldo, no ano de 1950, Chico Xavier psicografou para mim uma mensagem ditada pelo Espírito de José Petitinga, e no próximo encontro uma outra mensagem ditada pelo Espírito Manoel Philomeno. Eu era muito jovem e, como é compreensível, fiquei muito sensibilizado. Guardei as mensagens, bebi nelas a inspiração, permanecendo confiante em Deus. No ano de 1970 em janeiro, apareceu-me o Espírito de Manoel Philomeno de Miranda dizendo que, na Terra, fora participante do movimento espírita baiano, ocupando vários cargos de direção. Teve início , desse modo, uma parceria mediúnica que trouxe a público diversas obras enfocando o tema obsessão, visando a auxiliar o seu entendimento e oferecer suporte aos trabalhos mediúnicos, desenvolvidos pelos Centros Espíritas no Brasil”.

O relato de Divaldo prossegue: “Convidado por Joanna de Angelis, para trazer a sua contribuição em torno da mediunidade, da obsessão e desobsessão, ele ficou quase trinta anos realizando estudos e pesquisas e elaborando trabalhos que mais tarde iria enfeixar os livros. Ao me aparecer, então, pela primeira vez, disse-me que gostaria de escrever por meu intermédio. Levou-me a uma reunião, no Mundo Espiritual, onde reside, e ali, mostrou-me como eram realizadas as experiências de prolongamento da existência física, através da transfusão de energia, utilizando-se do perispírito. Depois de uma convivência de mais de um mês, aparecendo-me diariamente, para facilitar o intercâmbio psíquico entre ele e mim, começou a escrever “Nos Bastidores da Obsessão”, que são relatos em torno da vida espiritual, das técnicas obsessivas e de desobsessão”.

Continua o relato de Divaldo: “Na visita que Manoel Philomeno me permitiu fazer à Colônia em que ele se hospedava, levou-me a uma curiosa biblioteca. Mostrou-me como são arquivados os trabalhos que se fazem na Terra. Disse-me que, quando um escritor ou médium, seja quem for, escreve algo que beneficia a Humanidade – no caso escritor – é um profissional, mas, o que ele produz é edificante, nessa biblioteca fica inscrito, com um tipo de letra bem característico, traduzindo a nobreza do seu conteúdo. À medida que a mente, aqui no planeta, vai elaborando, vai sendo simultaneamente plasmando lá, nesses fichários muito sensíveis, que captam a onda mental e tudo imprimem. Quando a pessoa escreve por ideal e não é renumerado, ao se abrirem esses livros, as letras adquirem relevo e são de forma muito agradável à vista, tendo uma peculiar luminosidade. Se, porém, a pessoa o faz por ideal e estando num momento difícil, sofrido, mais ainda assim escreve com beleza, esquecendo-se de si mesma, para ajudar à sociedade, ao abrir-se o livro as letras adquirem uma vibração musical e se transformam em verdadeiros cânticos, em que a pessoa ouve, vê e capta os registros psíquicos de quando o autor estava elaborando a tese”. E conclui Divaldo dizendo: “Eis por que vale a pena, quando estamos desalentados e sofridos, não desanimarmos e continuarmos as nossas tarefas, o que lhes dá um valor muito maior. Porque, o trabalho diletante, o desportivo, o do prazer, já tem, na própria ação, a sua gratificação, enquanto que o trabalho de sacrifício e de sofrimento, exige a abnegação da pessoa, o esforço, a renúncia e, acima de tudo, a tenacidade, para tornar real algo que gostaria que acontecesse, embora o esteja realizando por entre dores e lágrimas”.
Bibliografia:
Marinei Ferreira Rezende
Fontes: “Projeto Manoel P. de Miranda-Reuniões Mediúnicas”
“O Semeador de Estrelas” – “O Reformador” 11/1990
“A Obsessão: Instalação e Cura”

Jc.
S.Luis, 13/5/2011

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