sábado, 21 de maio de 2011

MEIMEI ( Irma de Castro Rocha )

IRMA DE CASTRO ROCHA ( Meimei )

Irmã de Castro Rocha, esse espírito bondoso, ficou conhecida no meio espírita, como Meimei. Trata-se de carinhosa expressão familiar adotada pelo casal Arnaldo Rocha e Irmã de Castro Rocha, a partir da leitura que fizeram do livro “Momentos em Pequim”, do filósofo chinês Lyn Yutang. Ao final do livro, no glossário, encontraram o significado da palavra Meimei – “a noiva bem amada”. Este apelido ficara em segredo entre o casal. Depois de desencarnada, Irma passa a tratar o seu ex-consorte por “Meu Meimei”. Irma de Castro Rocha foi criada na Religião Católica. Ela passou a praticar alguns princípios da Doutrina Espírita, tais como caridade, benevolência, mediunidade, além de uma conduta moral ilibada.

Nasceu ela na cidade de Mateus Leme, Minas Gerais, em 22 de outubro de 1922, filha de Adolfo Castro e Mariana Castro, tendo quatro irmãos: Carmem, Ruth, Danilo e Alaíde. Aos dois anos de idade sua família transferiu-se para Itaúna – MG. Aos cinco anos ficou órfão de pai. Desde cedo se sobressaiu entre os irmãos por ser uma criança diferente, de beleza e inteligência notáveis. Cursou até o segundo ano normal, sendo destaca aluna. A infância dela foi á de uma criança pobre e era extremamente modesta e de espírito elevado. Adorava crianças e tinha um forte desejo – o de ser mãe, o que não concretizou porque o casamento durou apenas dois anos e houve o agravamento da moléstia de que era portadora: nefrite crônica, acompanhada de pressão alta e necrose nos rins.

Irmã de Castro, na flor de seus 17 anos, tornou-se uma bela morena clara, alta, cabelos negros, ondulados e compridos, grandes olhos negros bastante vivazes. Foi nessa época que se tornou grande amiga de Arnaldo Rocha, que viria a ser seu esposo. Casaram-se na igreja de São José, na matriz de Belo Horizonte. Na saída da igreja, o casal e os convidados viveram uma cena inesquecível. Eles se depararam com um mendigo, arrastando-se pelo chão, de forma chocante, sujo, maltrapilho e com mau cheiro. Irmã, inesperadamente, volta-se para o mendigo e, sensibilizada pela sua condição, inclina-se, entrega-lhe o buquê e beija-lhe a testa. Os seus olhos ficaram marejados de lágrimas...

Arnaldo Rocha afirma que toda criança que passava por ela recebia o cumprimento: “Deus te abençoe”. Ela criara um filho imaginário. Acontecia vez por outra de Arnaldo chegar do trabalho, sentar-se ao seu lado e ouvir dela a seguinte frase: “Meu bem, você está sentado em cima de meu principezinho”. Ela tinha a mediunidade muito aflorada, o que, à época, para seu marido, tratava-se de disfunção psíquica. Estes pontos na existência dela retratavam os compromissos adquiridos em existência anterior, na corte de Felipe II, ao lado do marido Fernando Álvares de Toledo – o Duque de Alba, e atual Arnaldo Rocha. Nessa época seu nome teria sido Maria Henríquez.

Apesar do pouco tempo de casados, o casal foi muito feliz. Ela tinha muito ciúme do seu “cigano”. Arnaldo explica que esse cuidado por parte dela era devido ao seu passado complicado do marido. Chico Xavier, certa vez, explicara que Meimei, vinha auxiliando Arnaldo na caminhada evolutiva, há muitos séculos, por isso o seu

cuidado em adocicar os momentos difíceis e alegrar ainda mais os instantes de ventura. A amizade entre o casal, projetando juras de eterno amor, teve início por volta do século VIII Ac. Um general do império Assírio e Babilônico, de nome Beb Alib, ficou conhecendo Mabi, bela princesa, salvando-a da perseguição de um leão faminto. Foi Meimei quem relatou a história, confirmada depois por Chico Xavier e traduzida inconscientemente pelo escritor e ex-presidente da União Espírita Mineira, Camilo Rodrigues Chaves, no livro “Semíramis”, romance histórico publicado pela editora LAKE, de São Paulo.

Essas reminiscências de existências passadas de Meimei eram tão comuns que, além desse fato contido no livro citado, há também, uma referência à personagem Blandina (Meimei) no livro “Ave, Cristo!”. Aconteceu da seguinte forma: Chico Xavier passou para Arnaldo Rocha, um determinado capítulo do livro para ele avaliar. À medida que ele lia, lágrimas escorriam por suas faces. Ao final da leitura, Arnaldo disse para Chico: “Já conheço esse trecho!” – Chico arrematou: “Meimei lhe contou, né?” Nesse romance de Emmanuel, Blandina teria sido filha de Taciano Varro (Arnaldo Rocha), definindo a necessidade de reencontro com vista à evolução espiritual. Através da mediunidade de Chico, muitas outras informações chegaram para Arnaldo sobre a trajetória espiritual de Meimei. À guisa de aprendizado, Arnaldo foi anotando essas informações e trabalhando aspectos de seu burilamento, em foro de imortalidade.

Meimei tinha a mediunidade clarividente, conversava com os espíritos e relembrava cenas do passado. Era comum, por exemplo, ela ler um livro e, de repente, ficar com o olhar perdido no tempo. Nesses instantes, Arnaldo olhava de soslaio e pensava: “Está delirando”. Algumas vezes ela afirmava: “Naldinho, vejo cenas, e nós estamos nelas; aconteceu em determinada época na cidade...” Arnaldo, à época, materialista, não sabendo lidar com o assunto, cortava o diálogo, afirmando: “Deixa isso de lado, pois quem morre, deixa de existir”.

Em seus derradeiros dias de existência terrena, Meimei começou a ter visões. Ela falava da avó Mariana, que vinha visitá-la e que em breve iria levá-la para viajar pela Alba dos céus. Depois de muitos anos veio a confirmação através de Chico Xavier. Arnaldo recebe do médium amigo, em primeira mão, o livro “Entre a Terra e o Céu”, ditado por André Luiz, no qual encontra uma trabalhadora do Mundo Espiritual – Blandina – vivendo no Lar da Bênção, junto com sua vovó Mariana, cuidando de crianças.

Em seus últimos dias terrenos, nos momentos de ternura entre o casal apaixonado, apesar do sofrimento decorrente da doença, Meimei tratava Arnaldo como “Senhor Duque” e pedia que ele a chamasse de “minha Pilarzinha”. Achando curioso o pedido, Arnaldo perguntou o motivo e recebeu uma resposta que, para ele, era mais uma de suas fantasias: “Naldinho, esse era o modo de tratamento de um casal que viveu na Espanha no século XVI. O esposo chamava-se Duque de Alba e a sua esposa Maria Henríquez”. Embevecido com a mente criativa, da esposa na arte de fazer teatro, entrava na brincadeira deixando de lado as perquirições.
Apresentamos este ângulo, da existência de Meimei, para suscitar reflexões, sobre o progresso espiritual por ela alcançado, nas diversas reencarnações, das quais, citamos apenas algumas, e que levaram nossa querida amiga Meimei ao trabalho realizado em prol da Doutrina Espírita, no Mundo Espiritual, aproveitando as vinculações afetivas com aqueles corações que permaneceram no plano terreno.

Na noite da sua desencarnação, ocorrida em 1º de outubro de 1946, Arnaldo Rocha acorda, por volta de duas horas da madrugada, com sua princesa vomitando sangue, devido a um edema agudo do pulmão. Ele sai desesperado em busca de um médico, pois não tinha telefone, e ao voltar encontra-a morta.

Arnaldo Rocha narra um fato muito importante no redirecionamento de sua existência. No romance “Ave Cristo!”, encontra-se um diálogo entre os personagens de Ticiano Varro (Arnaldo Rocha) e Lívia (Chico Xavier). Ela consola Taciano, afirmando que “no futuro encontrar-nos-emos com Blandina”. Essa profecia realizou-se 1.600 anos depois, na Avenida Santos Dumont, em Belo Horizonte, no encontro “casual” entre Arnaldo Rocha e Chico Xavier, após o qual Arnaldo, materialista convicto, deixa cair as escamas que lhe toldavam a visão espiritual. Graças à amizade fraterna entre eles, reconstituída pelo encontro “acidental” na Avenida Santos Dumont, a história de amor entre Meimei e Arnaldo manteve como farol a iluminar a existência dele, agora em bases do Evangelho. Depois daquele encontro, que marcou o cumprimento da profecia de Lívia e Taciano, Arnaldo o jovem materialista, recebeu consolo para suas dores; presentes do céu enviados por Meimei foram materializados para dirimir sua solidão; incentivos nasceram para o estudo da Doutrina Espírita, surgindo, por conseqüência, novos amigos que indicaram ao viúvo um caminho diferente das conquistas na Terra.

Passando a viajar constantemente a Pedro Leopoldo, berço da família Xavier, recebeu de Meimei, sua querida esposa, as mais belas missivas pela psicografia de Chico Xavier. Aqui expressamos nossa ternura ao espírito Meimei que, por mais de seis décadas, tem inspirado os espíritas a seguir o Caminho, a Verdade e a Vida Eterna. Finalizamos este preito de gratidão a nossa querida Irmã de Castro Rocha, a doce Meimei das criancinhas, citando o dito de Emmanuel, que sintetiza a amizade dos trabalhadores do Espiritismo em todo o Brasil para com o Espírito Meimei: “Um verdadeiro sol, que ilumina os tristes na senda da dor. Meimei, amor...”

Arnaldo Rocha, ex-consorte de Irmã de Castro, é atualmente trabalhador e conselheiro da União Espírita Mineira, desde 1946. Amigo inseparável de Chico Xavier. Organizador dos livros: “Instruções Psicofônicas” e “Vozes do Grande Além” é ainda co-autor do livro “Chico, Diálogos e Recordações”.

Bibliografia:
Jornal “O Espírita Mineiro” Edição 1-2/2007
Carlos Alberto Braga Costa

Jc.
S.Luis, 5/5/2011

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