quinta-feira, 21 de julho de 2011

A ERA DOS SUPER-REMÉDIOS

A ERA DOS SUPER-REMÉDIOS

De poderosos analgésicos a drogas contra a aids, o colesterol alto, o câncer a depressão e a impotência, os medicamentos de última geração estão devolvendo a esperança a milhões de pessoas. As farmácias hoje, são palco de uma revolução que começou em meados dos anos 90 e não tem data para terminar – a dos super-remédios. De poderosos analgésicos a drogas específicas para o tratamento de distúrbios graves, eles devolveram aos milhões de pessoas uma qualidade de vida que parecia perdida para sempre. Eles hoje, são para seus similares dos anos 80, como o Boeing-777 está para o 14-Bis, o avião de Santos Dumont. Celebra e Vioxx (dores), Lípitor (taxa alta de colesterol), Viagra (impotência) e Zoloft (depressão), são alguns dos nomes de medicamentos potentes que entraram para o vocabulário cotidiano.

Amparada pelos fantásticos resultados financeiros desses produtos, a indústria farmacêutica emprega bilhões de dólares em pesquisas, com o objetivo de produzir medicamentos ainda mais efetivos que os atuais. Além de médicos, biólogos e químicos, a fabricação de novas drogas inclui também engenheiros, físicos e especialistas em computação. É um processo lento e caro e para descobrir uma molécula de uma substância, leva em média seis anos. Quase o mesmo tempo é gasto em testes com animais e, ultrapassada essa fase, com os seres humanos. Até chegar às farmácias, um super-remédio terá custado algo em torno de 800 milhões de dólares.

Uma das estrelas dessa constelação é o Viagra, que livrou o homem do pesadelo da impotência sexual. A operação para criar esse produto é um exemplo de como um grande laboratório – no caso, a Pfizer – mobilizou mundo e fundos para lançar o super-remédio. Cerca de 1.500 pesquisadores trabalharam ao longo de quinze anos e o resultado superou as expectativas. Só no ano de 2001, o remédio rendeu a seu fabricante 1,3 bilhão de dólares. Atualmente ele é usado em 110 países. Outros laboratórios investiram muito na confecção de outras drogas. O austríaco Sigmund Freud sonhava com a invenção de um comprimido da felicidade, que abolisse para sempre os remédios. Esse dia ainda parece estar muito longe, mas avançou-se de forma impressionante no campo dos medicamentos.

Remédios mais antigos, como o Anafranil e o Tofranil estão relacionados à depressão. Seus efeitos colaterais, no entanto, são pesados. Para tentar substituí-los, as pesquisas chegaram ao festejado Prozac, precursor do Zoloft. Mas a verdade é que ele não se mostrou tão efetivo nos casos de depressão mais severos. A última geração de antidepressivos, composta pelo Ixel, da Roche, e pelo Wellbutrin, da Glaxo-Smith-Kline, conseguiu reunir a eficácia dos tricíclicos com maior tolerância. O Wellbutrin vem sendo receitado até mesmo para o tratamento de mulheres que padecem de falta do desejo. Também há boas notícias no que se refere ao combate de doenças como pneumonia, sinusite aguda e bronquite. O antibiótico Ketek, da Avenis-Pharma, é uma alternativa contra tais problemas, e com ele, o tratamento dessas moléstias ficou mais curto – passou a ser de cinco dias em média, com uma única dose diária. Para osteoporose, o Fortéo, do laboratório Eli Lilly, é o primeiro remédio que, além de evitar o desgaste dos ossos, constrói massa óssea. Existem também boas promessapara os diabéticos. O Exubera, da Aventis Pharma e da Pfizer, é uma insulina inalável para tratamento de diabetes tipo 1 e 2. Ela substitui as injeções e age mais rapidamente no organismo.

Os lucros provenientes das vendas de um super-remédio superam em muito o investimento. A indústria farmacêutica movimenta anualmente 350 bilhões de dólares e está crescendo a uma taxa de 14% e como seu progresso está ligado à produção de fármacos cada vez mais específicos e potentes, cerca de 20% dos lucros são revertidos em pesquisas. De cada 10.000 moléculas pesquisadas, apenas uma se mostra segura e potente o suficiente para ser transformada em medicamento. Atualmente existem pelo menos 1.000 drogas em desenvolvimento nos laboratórios – de uma vacina eficaz contra a Aids a medicamentos capazes de prevenir tumores malignos. Pode acontecer de uma substância passar pelas diversas fases de pesquisa e, na reta final, descobrir-se que ela causa um efeito colateral que o inviabiliza comercialmente. Volta-se, então, à estaca zero.

Entre as drogas que hoje mais dão lucro estão as estatinas, substâncias que reduzem o nível de colesterol ruim e ajudam a aumentar a quantidade do bom. Explica-se: uma em cada cinco pessoas tem colesterol alto e, consequentemente está mais sujeita a um infarto cardíaco. Até o lançamento do Lípitor, em 1998, o tratamento-padrão para o problema se resumia a dieta com pouca gordura e exercícios físicos. Os pacientes que adicionaram o medicamento ao tratamento-padrão conseguiram reduzir o colesterol em até 45%. Hoje esse remédio é consumido por 17 milhões de pessoas em todo o mundo. Assim como o colesterol alto, a obesidade é fator de risco para o coração, com uma agravante: faz mal também ao ego. Para controlar a obesidade a última palavra continua a ser o Xenical, o primeiro remédio a agir diretamente no intestino e que é capaz de reduzir a absorção de gordura em até 30%.

Um dos setores que mais recebem investimentos é o dos remédios contra a dor. O antiinflamatório Celebra lançado em 1999, foi uma conquista. Ele não só tem maior ação analgésica que seus antecessores como danifica menos o estômago, órgão que mais sofre com esse tipo de remédio. O Celebra é efetivo principalmente no tratamento de artrite reumatóide e osteoartrite, doenças crônicas que exigem a ingestão contínua de medicamentos. Da mesma família do Celebra é o Bextra, da Pfizer, que é tido como a maior promessa contra dores crônicas e agudas. Ele tem potência analgésica equivalente à da morfina, mas não oferece risco de dependência. Outro alvo da indústria farmacêutica são as doenças ligadas ao envelhecimento, por causa da dilatação da expectativa da existência. mal de Alzheimer, mal de Parkinson, esteoporose e artrite são as principais. Acha-se no mercado, um medicamento para o mal de Parkinson, a Prolopa líquida, que facilita o transporte de dopamina a regiões do cérebro carentes da substância, e cuja falta, é a causa da doença.

Em 2025, a população do planeta com mais de 60 anos será de 1.2 bilhão de pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas. Como se vive mais hoje em dia, as pessoas estão sujeitas a mais doenças crônicas, que exigem a ingestão constante de remédios. Há hoje 260 drogas para os males do envelhecimento e uma vacina contra a artrite reumatóide.
Com tanto progresso, é inevitável imaginar que está próxima á cura definitiva para flagelos como o câncer e a Aids. Nenhum especialista sério, entretanto, arriscaria um prognóstico desses. São doenças complexas que evoluem de forma diferente e inesperada em cada paciente. Mesmo assim há o que comemorar, porquanto embora o câncer ainda faça 1 milhão de novas vítimas todos os anos no Brasil, as taxas de mortalidade vêm caindo drasticamente desde 1995. No caso da Aids, as conquistas foram grandes nos últimos seis anos. Desde 1996, quando foi introduzido o coquetel de medicamentos, a mortalidade caiu pela metade. A última palavra em remédio antiretroviral contra o vírus HIV, que foi lançado nos Estados Unidos, em 2004, chama-se Truvada, que é a combinação de dois outros compostos antiaids, o tonofovir e a emtricitabina. Apesar da incerteza quanto à cura, os especialistas vêem o futuro com otimismo. Acreditam que, dentro de quinze anos, quem receber um resultado de HIV positivo, saberá que é portador de um mal perfeitamente controlável pelo resta da existência. Assim esperamos que seja realizado, para satisfação de todos os que sofrem desse mal.

Há oito anos uma norma da Organização Mundial do Comércio estabeleceu a validade da patente de um remédio. Ela dá ao fabricante de um medicamento vinte anos de exclusividade para a sua produção e comercialização. Vencida a patente, o caminho está aberto para a produção de genéricos. É evidente que, para a população, quanto mais genéricos, melhor – trata-se de uma garantia de ter remédios a preços mais baratos. Porém, não se iludam, pois existem remédios genéricos vendidos aos preços do produto original. Na produção de novos remédios, os laboratórios utilizam os recursos da computação gráfica. O primeiro passo é desenhar na tela uma molécula qualquer. Em seguida os pesquisadores tentam encaixá-la em estruturas causadores de doenças, como vires e bactérias. Se o encaixe ocorre perfeitamente, isso significa que a molécula produzida em computador pode vir a se transformar num remédio contra aquele mal. Quando não combina com nenhum agente patológico, ela é guardada num banco, pois no futuro, poderá ter serventia contra uma doença da qual ainda não se conhece a causa. Apesar de todo esse aparato tecnológico, que ajuda a determinar previamente o caminho a ser percorrido em cada pesquisa, ainda há espaço para surpresas.

As estrelas dos super-remédios são:
Celebra – indicação: Dor. É melhor porque atua diretamente na enzima causadora da dor, preservando o estômago da ação da droga;
Lípitor – indicação: Colesterol alto. É melhor porque baixa os níveis de LDL, o colesterol ruim, em até 60% e aumenta os de HDL, o bom, em até 10%, com menos efeitos colaterais que seus antecessores;
Viagra - indicação: Disfunção erétil. É melhor porque foi á primeira pílula contra a impotência. Seu grau de satisfação chega a 80%;
Vioxx - indicação: Dor. É melhor porque, como o Celebra, controla a dor sem os efeitos colaterais dos antiinflamatórios antigos;
Zoloft - indicação: Depressão. É melhor porque da mesma do antidepressivo Prozac, sua vantagem está na baixa incidência de reações adversas;
Ziprexa - indicação: Esquizofrenia. É melhor porque sendo o primeiro antipsicótico para uso de longo prazo, leva, em média, quinze minutos para controlar os surtos de delírios e alucinações.

As novidades dos super-remédios são:
Bextra - indicação: Dores crônicas e agudas. Tem potência analgésica equivalente à dos opiáceos, sem oferecer riscos de dependência. Opção para pacientes com dores provocadas pelo câncer;
Cialis - indicação: Disfunção erétil. Mais rápido e duradouro do que o Viagra. Age
em 30 minutos, e seus efeitos podem durar 24 horas. Pode ser usado por cardíacos.
Enfuvirtide - indicação: Aids. É o primeiro remédio de uma nova classe de drogas. Ele impede a entrada do vírus nas células. É uma alternativa para pacientes com resistência a outros medicamentos;
Exubera - indicação: Diabetes. Insulina inalável – a primeira sob essa forma -, com ação rápida. Usada depois das refeições, começa a agir em até 15 minutos.
Faslodex - indicação: Câncer de mama. Alternativa para pacientes com tumor avançado e que não respondem mais ao tratamento convencional.

A Ciência Divina, quando chega o tempo de alguma descoberta para a Humanidade, intui os cientistas da Terra, possibilitando a eles, encontrar os meios e as soluções para os problemas existentes. Assim tem sido durante todos os tempos.

Estes super-remédios estão tratando, curando e devolvendo a esperança a milhões de pessoas pelo mundo afora.



Bibliografia:
Ana Paula Buchalla
Revista Veja nº 1757 – 26/6/2002
+ Acréscimos, supressões e modificações.


Jc.
S.Luis, 13/7/2011

Nenhum comentário: