sábado, 1 de outubro de 2011

ALLAN KARDEC, O CODIFICADOR

ALLAN KARDEC, O CODIFICADOR DA DOUTRINA DOS ESPÍRITOS

Jesus, ao se despedir dos seus discípulos, lhes promete que enviaria o “Consolador”, para lhes relembrar tudo o que fora ensinado por Ele. Depois dessa promessa, muitos séculos se passaram; a humanidade já alcançara um estágio evolutivo para receber novos conhecimentos. Deus, na sua bondade infinita, havia permitido ao ser humano ver a verdade dissipar as trevas; foi o advento do Cristo. Depois da luz viva, as trevas voltaram; o mundo na obscuridade se perdeu de novo... Então à semelhança dos profetas, os Espíritos se põem a falar. O “Consolador Prometido” por Jesus, o Espírito de Verdade, enviado pelo Pai, vem nos relembrar tudo o que fora ensinado por Jesus, e nos esclarecer muitas outras coisas que não puderam ser ditas. As manifestações desta vez, não se fizeram ouvir somente num lugar; espalham-se por todos os lugares da Terra e as comunicações dos Espíritos, dão início a uma nova era de conhecimentos e progresso espiritual.

Jan Huss - Viveu ele na velha Boêmia, no século XIV. Quem foi esse homem que escreveu o seu nome na história tcheca, pela fé e fidelidade a Jesus? – Joana de Angelis chamou-o de “O pregador da verdade, pois ele atualizou na sua pureza primitiva o Evangelho, com doçura e sensibilidade, conforme ensinara o Mestre, vivendo-o mediante sacrifícios e exemplos dignos.”

Na noite sombria da Idade Média, marcada pelo poder da Igreja Católica corrompida e distante da ética cristã, a pregação de Jan Huss, chamou a atenção dos fiéis honestos, provocando uma onda de ódio e de ressentimento. Ele era amado pelos praguenses de todas as camadas sociais e quase adorado pelo povo simples dos arredores, que vinham de longe para ouvir os seus sermões, de verdadeiro sacerdote.

A pequena capela de Belém, no coração da cidade de Praga, atraia multidões. Ali ele pregava a palavra do Senhor, vivendo num pequeno e modesto quarto. O próprio Imperador, Sigismundo veio sigilosamente ouvi-lo e tornou-se simpatizante do bondoso pregador. Jan Huss passou a denunciar abertamente os abusos da Igreja, exortando o povo a procurar as virtudes dos apóstolos e o próprio Cristo, nas palavras do Evangelho; a entrar em contato direto com Deus através do pensamento e das orações, sem a interferência de padres indignos da fé que proclamavam. Estes por sua vez, declaravam-se os intermediários entre a Terra e o Céu, para justificarem a cobrança de seus serviços, vendendo indultos pelos mais graves crimes e ainda, lugares no Céu, a troco de dinheiro, animais a até de filhas se eram jovens e bonitas...

Por causa das suas pregações, consideradas revolucionárias, o missionário sofreu severa proibição, tendo o Cardeal de Praga, mandado fechar todas as igrejas da cidade para que Jan não pregasse a àqueles que o seguiam. Ele então abandonou a cidade e foi pregar ao céu aberto nas outras cidades, aos humildes camponeses puros de coração. Mas momentos mais difíceis ainda esperavam pelo devotado semeador do Evangelho. Foi ele tratado como perigoso, sendo logo encarcerado. Levado perante o tribunal do Concílio de Constança, foi acusado de herezia e sofreu agressões para que abjurasse, mas ele defendeu-se dizendo: “Se vocês me provarem pelas Sagradas Escrituras, que estou errado, serei o primeiro a reconhecê-lo e a me retratar, Meu primeiro dever de sacerdote é divulgar a palavra divina.” Foi ele aprisionado por longo período, sofreu torturas cruéis, frio, fome, doença, amarrado pelos pés e mãos, buscava no Evangelho forças para resistir ao mal, elevando a mente em orações, enriquecendo-se na paz do Senhor. Incompreendido, mas fiel a Jesus, o pregador da verdade foi queimado vivo sem poder se defender e sem nenhuma culpa, no dia 6 de julho de l415. A sua morte, por ser muito querido pelo povo, causou uma grande revolta na sua pátria, causando as famosas guerras Hussitas.

Apagou-se na Terra, uma estrela de esperança, para poder renascer uma outra estrela de primeira grandeza, que iria iluminar a Humanidade para sempre. Longe de todas as fogueiras terríveis, reencarna no Século XV, no dia 3 de outubro de 1804, em Lyon, na França, o grande Espírito, com o nome de Hippolyte Leon Denizard Rivail, aquele que seria um gênio excepcional, educador, cientistas, matemático, filósofo, tornando-se, mais tarde ainda, o Codificador da Doutrina dos Espíritos, o Consolador prometido por Jesus.

O Codificador - Poucos são os registros acerca das características físicas de Hippolyte Leon Denizard Rivail. Raras são as fotos; só conhecidas as que mostram ele nos seus anos de adolescente e uma outra, já adulto, em sua fase de espírita. Chamado de “o bom senso encarnado”, Allan Kardec, nome adotado pelo professor Hippolyte, para apresentar a Codificação Espírita, nasceu ele na cidade de Lyon, na França, em 3 de outubro de l804, de família ilustre. Foi educado na escola Pestalozzi, em Yverdum na Suíça, tornando-se um dos discípulos de célebre professor-educador João Henrique Pestalozzi, que grande influência exerceu na reforma do ensino da época. Dotado de muita inteligência, pelo seu caráter e pelas aptidões, já aos 14 anos, ensinava o que havia aprendido, aos outros que sabiam menos do que ele. Foi nessa escola que lhe desabrocharam as idéias que, mais tarde, o colocariam na classe dos homens progressistas e sábios. Aos 20 anos, após completar seus estudos, retornou à França, indo residir em Paris. Teve ele uma carreira brilhante , escrevendo 11 livros didáticos, sendo por isso laureado pelos franceses. Falando alguns idiomas, fazia frequentemente traduções e versões. Foi muito respeitado nas rodas intelectuais pelo seu espírito sereno e reverenciado pela sua cultura.

“Pessoalmente, Allan Kardec era de estatura média, compleição forte, com a cabeça grande, feições bem marcadas, olhos claros, mais parecido a um alemão do que um francês. Enérgico e perseverante, com temperamento calmo, cauteloso e incrédulo por educação e natureza, pensador seguro e muito prático no pensamento e na ação. Lento no falar, modesto nas maneiras e agindo com dignidade e serenidade, nem provocava nem evitava a discussão; fazia poucas observações sobre o assunto a que havia dedicado grande parte da sua existência. Recebia com afabilidade os muitos visitantes de todas as partes do mundo, que vinham conversar com ele, dando informações aos investigadores sérios, com os quais falava com animação e liberdade, as vezes, com o rosto iluminado por um sorriso agradável, embora sua conduta habitual fosse de serenidade e seriedade”, são informações sobre ele, que constam do livro “História do Espiritismo”, de Arthur Conan Doyle.



Nascido na religião católica, mas educado num país protestante, teve ele de suportar os atos de intolerância que, cedo o levaram a conceber a idéia de uma reforma religiosa, para unificar as crenças. De 1835 a 1840, fundou em sua casa, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia, Astrologia e outros, numa época em que só um reduzido número de pessoas tinha condições de estudar. Aos 51 anos, teve conhecimento dos fenômenos mediúnicos que se manifestavam em Paris e noutras cidades francesas, e ele convidado a participar de uma reunião desses fenômenos, em seguida se dispôs a estudá-los.

A Missão – Apesar das primeiras manifestações tidas como espíritas, terem sido efetuadas na América do Norte, com as irmãs Fox, foi entretanto na França, centro das atenções do mundo, por causa da revolução e da legenda “Fraternidade, Liberdade e Igualdade”, onde despertou maior curiosidade, os fenômenos das “mesas falantes”, e onde surgiu a figura do professor Hippolyte Leon Denizard Rivail. Observou desde logo, convencendo-se após cuidadoso exame dos fatos, da realidade da comunicação entre os dois planos de vida, e preocupou-se em estudar a faculdade mediúnica, através da qual se processava esse intercâmbio. Observou ele que alguns médiuns não tinham noção do que escreviam enquanto outros tinham plena consciência do que recebiam.. Após observar, estudar e analisar os fenômenos, formou um corpo doutrinário a que denominou de Espiritismo ou Doutrina dos Espíritos, no seu tríplice aspecto de: Ciência, Filosofia e Religião. Constatou ele uma das forças da Natureza, cujo conhecimento haveria de lançar luzes sobre uma imensidade de assuntos tidos até então como insolúveis.

O Consolador – Fruto de suas observações, estudos, perguntas, respostas e comprovações,, lançou em 18 de abril de 1857, o primeiro livro da Codificação, com o título de “O Livro dos Espíritos”. Hippolyte, o apresentou usando o pseudônimo de Allan Kardec, para que não fosse reconhecida como obra sua, mas sim dos Espíritos. As leis básicas da Doutrina dos Espíritos, estão reunidas nesse livro e nas obras complementares que são: “O Livro dos Médiuns”, publicado em 1861; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, lançado em 1864; o livro ‘O Céu e o Inferno”, em l865; e o livro “A Gênese” publicado em l868, que formam o pentateuco kardequiano. Em 1858 iniciou a publicação da “Revista Espírita” e fundou ainda a primeira sociedade espírita, com o nome de “Sociedade de Estudos Espíritas”. Após vários anos em que viajou pela França e Bélgica divulgando a Doutrina dos Espíritos, veio a desencarnar em París, no dia 31 de março de 1869.

“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei”, e “Fé legítima é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade” consagraram a fé racional e científica de Allan Kardec e da Doutrina dos Espíritos. Na conclusão de “O Livro dos Espíritos”, item VI, Allan Kardec afirma: “A força do Espiritismo está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão e ao bom-senso. Fala uma linguagem clara, sem ambigüidade. Nada há nele de místico, nada de falsas interpretações para ser por todos compreendido...” E complementa dizendo: “Não é o Espiritismo que cria a renovação social, é a maturidade da humanidade que faz desta renovação uma necessidade.”

Iniciava-se um novo período na história da humanidade. Uma filosofia de bases científicas e de conseqüências religiosas inaugurava uma nova era de fé racional aproximando a ciência e a religião. Pela primeira vez a fé provava os seus fundamentos principais e acrescentava alguns outros indispensáveis: Deus misericordioso; imortalidade da alma; vida no mundo espiritual; reencarnação; existência de vida em outros mundos; lei de causa e efeito, e apresentava Jesus como modelo e guia da humanidade. Podemos até afirmar que o mundo de regeneração, de esperança, começou em 1857, quando Allan Kardec apresentou à humanidade, a Doutrina dos Espíritos. A leitura dos livros básicos da Doutrina, já permitia que qualquer pessoa alcançasse a compreensão racional da sobrevivência da alma e da comunicabilidade dos Espíritos, como também o sentido da existência na Terra. Esses livros fazem um alerta à Humanidade: “São chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas , confundir os orgulhosos e glorificar os justos.”

Kardec, para o perfeito desempenho da sua missão, só poderia ser mesmo um educador, para realizar a tarefa de Codificador da Doutrina dos Espíritos, porque, a própria doutrina, é uma proposta pedagógica e pretende promover a educação dos espíritos. Se ele tivesse sido um cientista na forma tradicional, talvez o Espiritismo tivesse ficado apenas nos fenômenos físicos. Se ele fosse um filósofo, talvez o Espiritismo ficasse apenas na meditação sobre o conjunto das coisas. Se ele tivesse sido um sacerdote, talvez o Espiritismo tivesse se tornado apenas uma nova seita a mais, entre as tantas que existem. Sendo ele um educador, Kardec direcionou o Espiritismo para a sua verdadeira função; de sintetizador do conhecimento espiritual, e ao mesmo tempo propondo ao ser humano um caminho de auto educação. Complementando dizia: “A educação é a arte de formar pessoas; isto é, a arte de despertar nelas os sentimentos da virtude e abafar os instintos dos vícios. É pela educação que podemos reformar o ser humano e o mundo.”

O lema de Kardec era: Trabalho, tolerância e solidariedade. Quanto ao trabalho, recomendava ele a postura de abnegação, porque o serviço requer a participação e a unificação consciente, na obra que é gigantesca; quanto a tolerância, teremos que ter compreensão, revestida da postura interior de indulgência; quanto a solidariedade, devemos entender que, enquanto nossas relações não forem de convivência fraternal, dificilmente haverá união e progresso na Terra.

Ao inteirar-se da sua Missão, Kardec ouviu a seguinte advertência dp Espírito de Verdade: “...a missão dos reformadores é cheia de perigos. Previno-te de que é rude a tua, porquanto se trata de abalar e transformar o mundo inteiro. Não suponhas que te basta publicar um, dois, dez livros, para em seguida ficares tranqüilo em casda. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos se reunirão para tua perda. Ver-te-ás a braços com a calúnia, com a traição dos que te parecerão mais dedicados; sucumbirás ao peso da fadiga, com sacrifício do teu repouso, da tua tranqüilidade, da tua saúde...”

Acender as luzes do Cristianismo Redivivo seria uma missão árdua para Allan Kardec, o apóstolo abnegado, herói discreto e missionário de Jesus na Terra. Enquanto esteve a frente do trabalho da Codificação, ele passou por maus momentos e, num desses, ele escreveu: “Andei em luta com o ódio de inimigos terríveis; artigos infames foram publicados contra mim; as minhas instruções foram falseadas; traíram-me aqueles quem mais confiava; pagaram-me com a ingratidão, aqueles a quem prestei os melhores serviços.” Falando a respeito do caráter da Revelação Espírita, no livro “A Gênese” cap.1 item 55, Kardec afirma: “A Doutrina Espírita, por apoiar-se em fatos, tem de ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências. Pela sua própria substância, ela se alia a Ciência que, sendo a exposição das leis da Natureza, não pode ser contrária às leis de Deus, que é o autor delas. As descobertas que a Ciência realiza, consentidas, longe de rebaixarem, glorificam a Deus e apenas destroem o que os homens edificaram sob as falsas idéias que fazem de Deus.

Guaracy Vieira, no livro “Perfis da Vida”, tece o perfil de Allan Kardec, dizendo: “Portador de um caráter diamantino e prudente nas ações não avançava sem a segurança do êxito. Em uma época de transição cultural, ele permaneceu fiel no compromisso com Jesus, contribuindo para a libertação das criaturas, com os recursos morais do Evangelho. A sua existência foi digna, fiel, trabalhadora, rica de experiências luminosas. Não se permitindo o repouso antes do tempo, desencarnou sob o excesso de esforço, deixando a Doutrina dos Espíritos que lhe perpetua o nome, a existência e a missão...”

Allan Kardec, dispôs de apenas 15 anos para realizar todo o trabalho da codificação da Doutrina dos Espíritos, e se revelar como um dos mais lúcido e completo discípulo de Jesus. Foi-se novamente a estrela do conhecimento, para poder dar lugar a nova existência como uma estrela do exemplo. No diálogo sob o título “Minha Volta”, no livro “Obras Póstumas”, o próprio Allan Kardec conversando com o “Espírito de Verdade”, em 10 de junho de 1860, toma conhecimento de sua morte nos anos seguintes e a sua reencarnação, entre o final do século XIX e o século XX.


Por tudo o que esse Espírito que existiu como Jan Huss e Allan Kardec fizeram pela Humanidade, presto nesta oportunidade, a minha agradecida e sincera homenagem, porque, se não tivesse surgido a Doutrina dos Espíritos, estaríamos até hoje sem entender Jesus, pois em séculos da era cristã, não o compreendemos e suas palavras e ensinamentos foram completamente desfigurados, esquecidos e substituídos pelos seres humanos, através dos tempos. Kardec veio esclarecer e restabelecer todos os ensinamentos do Mestre Amado na sua pureza, A liberdade e a esperança que nos trouxe em nome de Jesus, reacenderam a nossa fé; pois hoje sabemos que não há morte, que a vida continua depois de nos libertarmos do corpo; que a reencarnação é uma escada permanente de oportunidades e progresso, que o amor rege todos os processos existenciais, e que a vida é um hino de esperança, de paz e de bênçãos do Pai Celestial....

Obrigado Allan Kardec

Jc.
S.Luis, 03/12/2009

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