sexta-feira, 3 de agosto de 2012

BRASIL, PÁTRIA DO EVANGELHO

BRASIL, PÁTRIA DO EVANGELHO Quando o sol irrompeu, generoso, naquele dia, em bela manhã de oito de abril de 1500, inundando de luz a embocadura do rio Tejo, em Portugal, D. Manuel I deleitava-se com uma Lisboa engalanada e possuída por febril expectativa. A descoberta do caminho para as Índias tinha sido o motivo feliz. Urgia assegurar-se o comércio das especiarias e a esquadra de D. Manuel estava preparada para essa missão, pilotada por homens de larga experiência, como Bartolomeu Dias, seu irmão Diogo, Afonso Lopes e outros, tendo na parte espiritual o franciscano D. Henrique Soares, que tinha sob sua obediência outros seis frades, um vigário e oito capelães. Para capitão-mor, como chefe supremo da expedição, fora escolhido o senhor Pedro Álvares Cabral, natural de Belmonte. Lisboa inteira estava presente porque o monarca queria que essa expedição fosse marcada por muita pompa. A multidão acotovelava-se na praia para as despedidas e as lágrimas eram muitas porque as viagens oceânicas constituíam-se, na época, uma viagem de ida e talvez sem volta. Convidado do rei D. Manoel, Cabral toma assento ao seu lado. Ao sermão pronunciado pelo bispo D. Diogo Ortiz, seguiu-se a benção do lábaro (bandeira) da Ordem do Cristo, que entregue ao rei D.Manuel, foi repassada para as mãos de Cabral. A seguir o rei entregou ao capitão-mor o barrete vermelho que é usado por bispos e cardeais, que fora bento pelo papa. Assim, quando foram içadas as velas das naus, ostentando as enormes cruzes vermelhas da Ordem do Cristo, a multidão foi tomada de entusiasmo diante do belo espetáculo. A esquadra então ultrapassou o rio Tejo e, afrontando o Oceano seguiu viagem. Como os ventos estavam fracos, Pedro Álvares Cabral rumou para o sudeste. Os portugueses possuíam seguros indícios da existência de terras ao ocidente, de acordo com Vasco da Gama, que anotara á presença de aves marinhas que sobrevoando os navios, rumavam para oeste. Humberto de Campos (espírito) em seu livro “Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, assim disse: “No oceano imenso, o capitão-mor considera a possibilidade de levar a sua bandeira às terras desconhecidas do hemisfério sul, seguindo o plano elaborado no plano espiritual. As falanges de navegadores espirituais do Cristo se desdobram em guiar as caravelas embandeiradas. As noites de Cabral são povoadas de sonhos sobrenaturais e as caravelas ao impulso de uma orientação maior, abandonam os caminhos da índia.” E assim, foram seguindo o caminho pelo mar longo, até a terça-feira das oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril. Topamos alguns sinais de terra, estando da dita ilha, segundo os pilotos diziam, a distância de 660 léguas. Na quarta-feira, pela manhã, topamos aves a que chamam “fura-buchos”. Neste mesmo dia, a horas da tarde, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixos ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto, o capitão pôs o nome de “Monte Pascoal, e a terra o nome de “Terra de Vera Cruz.” Eis aí um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, que anuncia o encontro das terras brasileiras, ao rei de Portugal”. Chama-nos a atenção o fato de ter acontecido na Páscoa, quando se comemora a ressurreição de Jesus. Se a humanidade, àquela época, era ignorante das verdades do espírito, o Evangelho do Cristo, em nosso entendimento ainda estava vinculado ao materialismo. Na Europa vivia-se o mandonismo religioso. Escreve o espírito de Emmanuel, por intermédio de Chico Xavier, esse acontecimento: “O Cristo localiza, então na América, as suas fecundas esperanças. O século XVI alvorece com a descoberta do novo continente, sem que os europeus compreendessem, na época, a importância de semelhante acontecimento. Nesse campo de novas e regeneradoras lutas, todos os espíritos de boa-vontade poderiam trabalhar pelo advento da fraternidade e da paz do futuro humano; e foi por isso que, laborando para os séculos vindouros, os mensageiros do Cristo definiram o papel de cada região no continente; localizando o cérebro da nova civilização, no ponto onde hoje se encontra localizado os Estados Unidos da América do Norte, e o coração nas terras fartas e acolhedoras onde está localizado o Brasil, na América do Sul. O primeiro, com os poderes materiais; o segundo, possui as primícias dos poderes espirituais, destinados à civilização planetária do futuro”, conforme psicografia de Chico Xavier no livro “A Caminho da Luz”. Determinou então o Cristo que a árvore do seu Evangelho deveria ser transplantada, no tempo próprio, para a nova terra, cuja conformação geográfica foi logo estabelecida, com a forma simbólica de um coração; assinalando em seguida: “A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopéia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. Acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante, estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os espíritos.” Ao Brasil é então destinada a missão de ser “O Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho”, no dizer de Humberto de Campos. À primeira vista, parece imprópria a expressão “Coração do mundo e pátria do Evangelho”, empregada pela espiritualidade para referir-se à tarefa de nosso país, no concerto dos povos. Afinal, conhecemos as dificuldades que têm assinalado a vida da nossa nação. É necessário, entretanto, observarmos também algumas características que, ao longo do tempo, se desenvolveram entre nós, marcando fortemente nossa coletividade. Seguindo as orientações precisas do Mestre, cumpria-se a implantação das bem-aventuranças no solo escolhido. Aos puros de coração, personificados pelos indígenas da terra, juntaram-se também com o descobrimento, os sequiosos de justiça, representados pelos degredados portugueses, e, mais tarde, vieram se juntar a estes, especialmente selecionados na África, os negros escravizados, representando os humildes. Estes três elementos, física e originariamente tão diversos, se constituíram na base de uma etnia nova com características únicas, diversa de qualquer outra da face da terra, mas tão receptiva e amável que convive harmoniosamente com todas as demais raças, tal a sua índole, igualmente única. Somos hoje uma nação multirracional; convivemos com liberdade e fraternidade, com portugueses, italianos, espanhóis, japoneses, chineses, alemães, franceses, judeus, árabes, russos, palestinos e muitas outras nacionalidades. Vivemos muito bem e com harmonia com os povos de todas as partes do planeta, que aqui se estabeleceram, superando até as diferenças conflituosas entre eles, existentes nos países de origem. A mistura de raças do povo brasileiro, originada dos puros de coração, dos sequiosos de justiça e dos humildes, deu origem a uma atitude de não rejeição e até de acolhimento daquilo que “não é nosso”, ou daquele que “não é um de nós”. A ausência de guerra proporcionou a formação de uma cultura de paz; a solidariedade presente nas relações com nossos visinhos, tem sido facilmente observada por estrangeiros que nos visitam e admiram esse fato; numerosas obras sociais, sobretudo de inspiração religiosa, atestam o ideal de fraternidade; a mediunidade que realizou e continua a realizar uma grandiosa obra, beneficiando não apenas nós mais também outros povos aqui radicados; tudo isso atesta a missão destinada ao Brasil. Ainda atencioso para com nossas necessidades, Jesus prometeu um novo Consolador, dizendo:” Pedirei ao Pai e Ele vos enviará outro Consolador.” Jesus indica claramente que esse Consolador não seria Ele, pois do contrário teria dito: “Voltarei a completar o que vos tenho ensinado.” Não disse tal, como acrescentou: “A fim de que fique eternamente convosco, e ele estará em vós.” Assim dizendo, Jesus não se referia a uma individualidade encarnada, visto que não poderia ficar eternamente conosco, nem estar em nós; fazia Ele referência a uma doutrina, que, com efeito, quando a tenhamos assimilado, poderá estar eternamente em nós. Portanto, pelo que foi dito, o Consolador é segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina consoladora, cujo inspirador é o Espírito de Verdade. A Doutrina dos Espíritos comprova todas as condições do Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino de muitos Espíritos Superiores, ensino esse presidido pelo Espírito de Verdade. Ela nada suprime do Evangelho; pelo contrário, complemente, e elucida os ensinamentos. Com o auxílio das novas leis que revela e às leis que a Ciência já descobrira, faz que se compreenda o que era antes ininteligível e considerado inadmissível. Teve precursores e profetas que lhe anunciaram a vinda. Pela sua força moralizadora, ela prepara o reinado do bem na Terra. A doutrina de Moisés incompleta ficou circunscrita ao povo judeu; a de Jesus, mais completa, se espalhou por quase toda a Terra, mediante o Cristianismo, mas não converteu a todos; a Doutrina dos Espíritos, ainda mais completa, com raízes nas crenças, converterá a Humanidade, conforme diz a “A Gênese”, nas páginas 387 e 388. A unidade se fará em religião, como já tende, por meio da globalização, a fazer-se socialmente, politicamente, comercialmente, pela queda das barreiras que separam os povos, pela assimilação dos costumes, dos usos, da linguagem. Pressente-se essa unidade e todos a desejam, para que se estreitem os laços de fraternidade entre as nações e os povos. Havia já três séculos que muitos sábios de primeira grandeza, como Comenius e Descartes, se preocupavam com a criação de uma língua internacional para uso de todos os povos, e chegavam a idealizá-la muito bem: deveria ser neutra, para não despertar ciúmes nacionais; ser tão fácil que todos pudessem aprendê-la facilmente. Quando chegou o momento marcado no cronômetro do Altíssimo, surgiu o Esperanto, que vem crescendo rapidamente. O Esperanto não é uma língua estrangeira como o inglês, o chinês ou o russo; é a língua neutra e comum a todos. As línguas nacionais dividem os povos, formando a torre de Babel da lenda bíblica. O Esperanto, ao contrário, une os povos em uma família mundial; por isso os Guias Espirituais nos recomendam o cultivo e a divulgação do Esperanto. Pela graça de Deus, essa língua já é oficial na O.N.U. e também já temos nossos livros espíritas publicados em Esperanto, que estão iniciando sua missão no mundo, de realizar a unidade religiosa, porque seus fenômenos e seus ensinamentos são universais e eternos. Isso pode demorar ainda um pouco, devido á resistência em muitos paises, mas o tempo não importa perante a eternidade. O livro espírita em Esperanto é lido por idealistas de todos os paises e facilmente traduzidos para outras línguas, sendo a língua-ponte para os demais idiomas de todas as partes do mundo. Temos então a Doutrina dos Espíritos, que veio nos libertar do Mar Tenebroso do materialismo. Veio nos trazer, através das comunicações dos espíritos, os sinais precursores do Mundo Espiritual tal como os pássaros e as folhagens deram notícia do Novo Mundo à esquadra de Cabral. O novo ensinamento veio até o Brasil e aqui criou raízes. No dizer dos católicos, o Brasil é o maior país católico; nós espíritas dizemos que ele é muito mais; é também o maior país espírita, pátria do Evangelho, de onde se irradia a Luz Divina para todo o mundo. Isto seria para nós motivo de alegria? Acreditamos que se trata de imensa responsabilidade para nós. Aqui se encontram os “poderes espirituais”, delegados pelo Mestre, que deve nortear a Humanidade do futuro. Somos os novos navegadores, singrando mares revoltos com a responsabilidade de apresentar ao Mundo a realidade espiritual. Pela filosofia, mostramos racionalmente a existência do Plano Espiritual; pela Ciência, demonstramos a sua existência; pela Religião, buscamos nos religar ao Criador e aos nossos irmãos de todas as partes do globo, comprovando o intercâmbio dos dois planos de vida. Bezerra de Menezes, conhecido como o “médico dos pobres”, grande vulto espírita brasileiro, nos oferece bela mensagem sobre o assunto, dizendo: “Irmãos, prossegue o Brasil na sua missão histórica de “Pátria do Evangelho” colocado como “Coração do Mundo”. Nem a tempestade de pessimismo que assola nem a vaga de dúvida que açoita os corações, impedirão que se consume o vaticínio da Espiritualidade quanto ao seu destino espiritual. Apesar dos graves problemas que nos compromete em relação ao futuro, o Brasil será o coração espiritual da Humanidade, Não se tenha em mente a construção de uma sociedade, que se celebrize pelos triunfos do mundo, caracterizando-se como primeiro no concerto das nações. Sem dúvida, os fatores de desrespeito à consciência nacional, e a maneira incorreta com que atuam alguns homens públicos, nas posições relevantes, e representativas do País, fazem que vejamos o Brasil, momentaneamente em situação de derrocada irreversível. Tenha-se, porém, em mente que vivemos uma hora de enfermidades graves na Terra, na qual, o vírus da descrença gera as doenças de sofrimento individual e coletivo, chamando o ser humano a novas reflexões. A História sempre se repete !... As grandes nações do passado, que escravizaram o mundo, não se furtaram à derrocada dos seus impérios, ao fracasso dos seus propósitos e ambições; assírios, babilônicos, egípcios e persas, ficaram reduzidos a pó e seus monumentos açoitados pelos ventos, guardam as marcas da falência, das glórias do que foram um dia... Somente Jesus, de braços abertos, converteu-se em amparo perene para a Humanidade de todos os tempos. O Brasil recebeu das Suas mãos, pelo Espírito de Verdade, a missão de implantar no seu solo, a libertação das consciências, de onde o amor alçará o vôo para abraçar as nações cansadas de guerras, os povos trucidados pela violência, os corações vencidos nas pelejas da dominação, as mentes cansadas de negar, apontando o rumo novo para que restaurem o coração, a esperança, a fé e a coragem para a luta de redenção. Permaneçam confiantes os espíritas do Brasil, na missão espiritual, silenciando o pessimismo, e não colocando o combustível da descrença, nem das informações negativas, nas labaredas deste final de tempos. Jesus confia em nós e espera que cumpramos com nosso dever de divulgar o seu Evangelho vivo e atuante, no espírito da Codificação Espírita. Consideremos a advertência de Jesus, quando disse: “Os primeiros serão os últimos, e estes serão os primeiros.” Ser espírita é viver religiosamente em toda a intensidade do compromisso, caindo e levantando, retificando os passos e prosseguindo fiel em favor de si mesmo e da Era do Espírito que se aproxima. Chamado para essa luta que começa na consciência e se exterioriza no lar, no grupo social, na Pátria, em direção ao mundo, lutai para serdes escolhidos. Perseverai para receberdes a condição de servidores fieis. Jesus, que prossegue para muitos dos nossos irmãos de outras crenças, crucificado e sendo vendido, é livre em nossos corações, caminha pelos nossos pés, afaga com nossas mãos, fala por nossas elevadas palavras, e só vê belezas pelos nossos olhos. Trabalhemos pela melhora que já se aproxima, divulgando a Doutrina dos Espíritos Libertador, com o nosso exemplo, onde quer que nos encontremos, sem fanatismo, sem a covardia que teme revelar a verdade da nossa condição de espírita, com medo de sofrer a chacota ou ficar mal colocado no grupo social. O Brasil prossegue com a sua missão histórica, como Pátria do Evangelho e Coração do Mundo, mesmo com a descrença de muitas pessoas que tentam diminuí-lo, em nome de ideologias materialistas e interesses mercantilistas. “Que nos ampare Jesus, o Amigo de ontem, que já era antes de nós; o benfeitor de hoje, que permanece conosco e nos convida a participar do Seu banquete, que nos dará a Paz e a Felicidade”, finaliza Bezerra de Menezes. Nesta passagem dos 512 anos do Brasil, vamos refletir sobre o trabalho que nos compete, sobre as dificuldades e os problemas; identificar, diagnosticar os erros e acertos e procurar as soluções. A nós Espíritas, cabe ainda uma reflexão maior; A Lei de Causa e Efeito. Sabemos que apenas com a educação moral é que formaremos uma nova sociedade e construiremos um mundo mais próximo da Lei Divina. Por isso, nossa missão é a de Evangelizar. Somente através da evangelização, do exemplo digno em família, em nosso ambiente de trabalho, em nossas casas espíritas e onde quer que estejamos, faremos o Brasil e a Humanidade melhor. Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações. Jc. 21/05/2000 Refeito em 2/08/2012

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