sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A CULPA DOS PAIS

A CULPA DOS PAIS Serão as mães as mais culpadas? – Para responder a esta pergunta temos que refletir sobre a responsabilidade que todos os pais têm, na educação, correção e formação do caráter dos filhos, e, também por alguns dissabores que os pais sofrem. Filhos ensina-nos a Doutrina dos Espíritos, são espíritos milenares com vícios, imperfeições, conhecimentos e virtudes, que estão tendo mais uma oportunidade de aperfeiçoamento, através daqueles que foram escolhidos para colaborarem na formação de um corpo, e com a tarefa de educar o espírito: os pais. Beneficiados pela dádiva do esquecimento do passado, desde a fase do feto, esses espíritos são acolhidos pelas mães e representam um grande compromisso, pois os seus desejos, atitudes e comportamento, terão reflexos na personalidade daquele pequeno ser em formação. Segundo os especialistas, ainda no ventre, têm o espírito á percepção de tudo e dos sentimentos a seu respeito, inclusive os pensamentos da sua mãe. Afirma-se que comentários dos pais, por exemplo, dizendo que querem um menino, podem criar complexo de rejeição no espírito reencarnante, cujo corpo seja de uma menina, apesar de sabermos que os espíritos não têm sexo, podendo renascer eles ora em corpo masculino como em um corpo feminino, de acordo com às necessidade do espírito. Se for menino, vem para desenvolver a inteligência; se for menina vem para desenvolver os sentimentos. Os reflexos desse sentimento de rejeição poderão surgir mais tarde, gerando problemas que incomodarão os pais. O recomendável é não comentar preferência por “ele” ou “ela”, até que seja efetuado o exame comprovando o sexo. Se porventura o sexo do feto em formação não for o do desejo do casal, deverá haver uma aceitação por parte destes, respeitando o direito e a necessidade do espírito, para que não venha a se instalar o processo de rejeição. Escolher um filho como favorito e deixar os outros de lado podem trazer sérios problemas no futuro, tanto ao eleito quanto aos preteridos. Vejamos pequeno exemplo: Em uma família, João era o predileto dos pais. Considerado o mais aplicado dos três irmãos no estudo; o mais habilidoso nos esportes e ainda era um virtuoso no instrumento musical. O exemplo retrata bem o hábito de algumas famílias de optarem pelo filho que consideram perfeito, o “eleito”. Aos olhos dos pais, ele é isento de qualquer culpa e defeito, porque só faz o que os pais se orgulham. Sobre os outros irmãos, “os preteridos”, recaem as responsabilidades pelas ações e/ou atos errados e, claro, as proibições e os castigos. A predileção por um determinado filho existe desde os tempos mais remotos da história da humanidade. A Bíblia traz narrativas sobre a inimizade, a rivalidade e a inveja entre irmãos, geradas pela predileção dos pais por um deles. O fato mais conhecido é o que Caim mata Abel, simplesmente porque este era o favorito de Adão e Eva. “José do Egito” é outro personagem prejudicado pelos irmãos. Irritados por ter o pai Jacó toda predileção por José, os irmãos o venderam como escravo aos mercadores. A psicóloga Dalka Chaves Ferraz, especialista no atendimento de crianças e adolescentes, explica que “é próprio do ser humano ter preferências e afetos direcionados a determinadas pessoas”. Porém, quando os pais entendem que isso pode trazer conseqüências para os filhos, passam a tratar todos igualmente; a não comparar e nem exaltar as qualidades de um determinado filho/filha. Muitas vezes os pais não se dão conta dos efeitos nocivos dessa preferência acintosa; ou então, quando isso é muito alardeado, os irmãos entram num quadro de ciúmes, situação que ocasiona vários riscos e atritos, como os comentados anteriormente. Existe o risco do preferido se tornar um narcisista exacerbado. “A pessoa preferida ou endeusada desde pequena cresce como se o mundo estivesse aos seus pés. Ela se considera o centro das atenções, e, no futuro será individualista, com a tendência de não ter limites, pois nunca houve um não para ela”, na avaliação da psicóloga Dalka. Esses filhos que sempre são preferidos criam um vínculo de cobrança inconsciente e fica toda a existência esperando sempre receber. No fundo, acreditam que são muito bons, mas têm muitas dificuldades em lidar com a frustração. Não podem ser contestados porque se julgam ótimos. Na existência adulta, os efeitos de ter sido preferido, se refletem em uma pessoa antissocial, exigente e incapaz de atingir as expectativas. Essa falsa impressão de que o mundo está ao seu serviço, pode fazer com que essa pessoa passe por maus momentos, quando os adultos ou superiores decidirem quebrar essa onipotência, por meios de limites rígidos. Poderá ela ter frustrações inesperadas e grandes problemas para lidar com a realidade nua e crua, que até então desconhecia. Com relação aos “preteridos”, a psicóloga Dalka Ferraz ressalta que estes sempre se sentirão em uma situação desconfortável, de comparação desfavorável, difícil de sentir-se estimulado e mais ainda, de se recuperar; serve como uma lição de vida. Em virtude dessa situação, eles vão à luta porque sabem que precisam ir com as próprias pernas, contar somente consigos mesmos. Sabem que as coisas para eles são mais difíceis. São mais desbravadores porque terão que vencer os obstáculos, terem vontades e experiências próprias e não são privilegiados, muito menos terão proteção. Por mais que subam na existência, ao longo de toda ela sempre lembrarão de que os outros são melhores. Por mais que eles façam, por mais que se esforcem, nunca conseguirão atingir as expectativas dos pais. O ambiente familiar abriga também outra figura; esta eleita como o “bode expiatório”, o caixão de pancada, responsável por tudo de errado que ocorre. Existe criança que é considerada “bode expiatório” da família inteira, a ponto de todo mundo acusá-la. Isso ocorre por várias razões, e, uma delas, é que veio ao mundo sem ser “planejada”; apareceu na hora errada e não é do sexo que os pais queriam. Ela passa a ser o motivo dos problemas e de todas as frustrações da família, ficando sempre a mais prejudicada porque existe uma intencionalidade de agressão inconsciente, porém quase consciente. A psicóloga diz ainda que “quando a pessoa tem ajuda, consegue reverter esse quadro, coso contrário, vai se afundando mais e mais. Muitas vezes, nessa situação, a criança começa a chamar a atenção em virtude do seu lado negativo que passa a se manifestar e agir”. No caso de favoritismo e de bode expiatório na família, e havendo embate entre eles, o preterido canaliza a revolta para a figura do irmão. Caso o confronto atinja os pais, o inimigo fica sendo a figura da autoridade (o pai). Por isso há os revoltosos e as Febens da vida. São os preteridos que foram escolhidos para não ter afeto, consideração e amor, porque tudo neles é errado e desagradável. Eleger um filho/filha e não ter compreensão dos problemas futuros que possam surgir, tanto para ele como para os preteridos pode ser lamentável e perigoso. Caso a pessoa seja pai ou mãe que realmente queira passar para o seu filho boas experiências, deve ter atenção redobrada nos primeiros anos de existência da criança, pois o seu “eu” individual se estrutura do nascimento até os três anos de idade. Se os pais nesse período forem tendenciosos, forem violentos, drásticos, as seqüelas ficam na criança, pois, depois tudo o que acontecer será readaptação, porque a estrutura já está implantada. “A criança que passa por situação de extrema carência afetiva nos primeiros anos de existência, pode até morrer”, complementa a psicóloga. Estes são os casos das crianças que são abandonadas e não conseguem uma substituta da figura afetiva da mãe. Falando em problemas, um dos mais freqüentes é a irresponsabilidade dos adolescentes, atualmente. Os pais reclamam que os filhos não querem fazer nada; nem cuidar dos próprios pertences. Cooperar nas tarefas de casa, nem pensar. É claro que existem muitas exceções. As mães que trabalham fora do lar arcam com pesado ônus de terem carga de trabalhos dobrada. Outras mães encarnam a figura da mãe boazinha, da mãe serva, da mãe escrava. Os filhos então passam a ser exigentes. Exige a roupa passada, a refeição pronta na hora que querem, como se estivessem num hotel de luxo, com camareiras, cozinheiras e serventes de toda espécie, sem pagarem qualquer salário. A preocupação excessiva de algumas mães em tratar os filhos, é um dos fatores que cria filhos exigentes. Sabem como? – Quando as mães se sentem na obrigação de realizar pelos filhos o que eles já podem fazer. A mãe agindo assim permite que o adolescente fique sem fazer o que deve, e ele raciocina: “Eu posso fazer, mas ela faz por mim. Por que eu vou me preocupar?” Acostumados, eles passam a exigir cada vez mais: “Por que a minha roupa não foi passada? E o meu tênis por que não foi lavado?” – A mãe se torna uma escrava, porque precisa dar conta das suas tarefas caseiras e das tarefas dos filhos. Alguns pais para não se aborrecerem procuram dar aos filhos tudo o que eles pedem, muitas vezes com renúncia de necessidades e até com sacrifícios, sem lhes mostrar o valor e quanto custa de trabalhos. Quando pequenos, pedem um brinquedo; quando adolescentes, pedem uma roupa ou um tênis de marca; quanto mais adultos os desejos também são mais dispendiosos, como uma viagem, um computador, um cartão bancário, um carro, etc., e, quando não atendidos, se voltam contra aqueles que nunca lhes mostraram que tudo tem um limite, e lhes permitiram crescessem sem saber dar o devido valor às coisas, ao dinheiro e o trabalho; outro erro cometido pelos pais. Alguns pais costumam dizer: “Não quero que meus filhos passem as dificuldades que passei”. Essa frase é cheia de boas intenções, mais infeliz, pois cada pessoa tem o seu destino. Podemos até amparar e ajudar, mas cada um faz a sua existência. Sabemos que a responsabilidade pelos filhos é de ambos, mas para a mãe, pelo contato mais direto, ficam as tarefas maiores de educação e o encaminhamento dessas almas que Deus lhe confiou. Se às vezes falhamos, é por falta de conhecimentos, por excesso de proteção e por sermos ainda espíritos imperfeitos. Afinal, filhos não chegam com manual de instruções. Errar, lutar, redirecionar e acertar faz parte do nosso crescimento como seres espirituais. Vejamos agora um exemplo de mãe indiferente. – Desejando sua realização profissional, a mulher-mãe tem relegado e transferido a outras pessoas, a tarefa importante da educação dos seus filhos. Ficam as crianças entregues aos cuidados de babás na maior parte do tempo, ou a parentes que já se encontram sobrecarregados com seus trabalhos, e às vezes, até entregues aos idosos sem maiores condições de atender as crianças. Outras mães deslumbradas com os eventos sociais, ou por não suportarem ficar presas no lar, não assumem os sacrifícios e as renúncias de uma mãe exemplar, e se afastam do lar, sob alegações várias, mesmo que os filhos fiquem carentes de afetos e cuidados. Tudo em prejuízo das crianças, das suas necessidades afetivas, da necessidade fluídica que têm da mãe, pois que a criança se alimenta também dos fluídos da mãe a quem ama e de quem depende. Carinho de mãe pode ser substituído? Talvez. Mas a educação e o amor que deixarmos de dar aos nossos filhos, iremos responder com certeza, no dia em que Deus nos perguntar: “Que fizestes do filho/filha confiado a vossa guarda?” E o pai que também não dá atenção nem amizade aos seus filhos? Alguns, indiferentes, consideram os filhos como um peso indesejável e incômodo que lhes trazem preocupações e sacrifícios. Outros, além de não assumirem com responsabilidade, a paternidade, ocupam seu tempo de lazer com futebol, festas, bebidas, e, quando resolvem levar os filhos a passeio ou à praia, os iniciam na bebida alcoólica ou no cigarro, para satisfazer seu “ego” e servir de afirmação de masculinidade para as outras pessoas. Com esses procedimentos, esses pais não deveriam constituir uma família nem ter filhos. Agora, vamos conhecer a figura de uma mãe má; seu desabafo e a opinião de seus filhos. “Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a razão que motiva pais e mães, a agirem assim, eu hei de lhes dizer: Eu os amei o suficiente para ter perguntado: onde vão, com quem vão e a que horas regressarão. Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia. Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram da mercearia e os fazer dizer ao dono: “Nós tiramos isso ontem e queremos pagar”. Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês por duas horas, enquanto limpavam o quarto – tarefa que eu teria realizado em 15 minutos. Eu os amei o suficiente para os deixar ver, além do amor que eu sentia por vocês, também o desapontamento e as lágrimas em meus olhos. Eu os amei suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração. Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes “Não”, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso. Essas eram as mais difíceis batalhas que enfrentava. Estou contente, venci... porque, vocês venceram também! E qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entenderem o que motiva os pais e mães, meus filhos vão lhe dizer, quando eles lhes perguntarem se a mãe deles era má, eles responderão: “Sim... á nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo!” E por que a nossa mãe era má? – É muito simples comprovar: As outras crianças comiam doces e biscoitos no café, e nós tínhamos que comer apenas frutas e pão; as outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas e sorvetes no almoço; e nós tínhamos que comer arroz, feijão e carne. E ela nos obrigava a fazermos as refeições à mesa, bem diferente das outras crianças que comiam vendo televisão. Ela insistia em saber onde nós íamos. Era quase uma prisão. Mamãe tinha que saber quem eram os nossos amigos e o que fazíamos juntamente com eles. Insistia que lhe disséssemos quando íamos sair, com quem e para onde, mesmo que demorássemos apenas uma hora. Enquanto os outros meninos podiam sair à noite com 12 e 13 anos, nós tivemos que esperar pelos 18 anos. A nossa vida era mesmo muito chata. Ela não deixava que nós saíssemos com os nossos amigos, sem antes ela os conhecer. Ela violou as leis de trabalho infantil: Nós tínhamos que fazer as camas, ajudar lavando as louças, aprender a cozinhar, varrer o chão e colocar o lixo fora, e outros trabalhos cruéis. Eu acho que ela gostava de nos martirizar porque quando íamos dormir, obrigava-nos a fazer uma oração de agradecimento; e penso que ela nem dormia, pois ficava pensando em coisas para nos mandar fazer! Ela insistia sempre conosco para somente dizer a verdade e apenas a verdade, mesmo que nos custasse algum castigo. E quando adolescentes, acho que ela conseguia ler até os nossos pensamentos... Por causa da nossa mãe, perdemos imensas experiências da adolescência... Nenhum de nós experimentou um cigarro, nem estivemos envolvidos em furtos, em atos de vandalismo, em violação de propriedades, nem fomos presos nenhuma vez... tudo isso foi por culpa dela! Agora que já saímos da casa dela, nós somos adultos, honestos, educados e estamos conscientes que devemos fazer o máximo para sermos “pais maus” e “mães más”, tal como a nossa mãe foi! Finalizando... achamos que este é um dos maiores males do mundo de hoje: “NÃO HÁ PAIS E MÃES SUFICIENTES MÁS COMO DEVERIA HAVER...” Há ocasiões em que os pais e mães se questionam sobre as lições transmitidas: “De que adiantou tudo o que ensinamos? Para que tivemos tanto trabalho e sacrifícios?” Referem-se eles a filhos/filhas que demonstram nada haver assimilado das lições e exemplos recebidos no lar. Porém, um dia a sementeira brotará. Nesse dia os pais sentirão a satisfação de terem encaminhados para o bem, seus filhos, embora talvez não vejam nossos olhos e nem percebam nossos sentidos... Que o Senhor nos possibilite poder encaminhar nossos filhos pela senda do bem. Bibliografia: “O Livro dos Espíritos” Jc. S.Luis, 16/06/2003 Refeito em 28/12/2012

Nenhum comentário: