sábado, 19 de janeiro de 2013

ARTUR LINS DE VASCONCELOS LOPES






    
                    ARTUR  LINS  DE  VASCONCELOS  LOPES
Quem foi Lins de Vasconcelos? Artur Lins de Vasconcelos Lopes foi expressiva figura do Espiritismo brasileiro. Nascido em 27 de março de 1891 na cidade de Teixeira, numa região áspera da Paraíba, próxima a Pernambuco, era natural que Artur Lins trouxesse no Espírito a agressividade do berço agreste. Lutou, todavia, contra o meio, aprimorando qualidades, resistindo aos meios desonestos ele foi abrindo um caminho limpo para a sua existência.
Ainda na adolescência, ele trabalhou na lavoura e também como tropeiro,  depois foi  residir em Recife, onde exerceu a atividade de caixeiro, no comércio. De lá foi residir no Rio de Janeiro, onde sua demora foi pouca. Pouco depois, partiu para o sul do país, fixando-se em Curitiba, onde alistou-se no Exército Brasileiro, chegando ao posto de sargento. Depois, constituiu família, formou-se em agronomia e fez concurso para cartorário. Foi nessa cidade que conheceu Antônio Duarte Veloso que o levou a se tornar espírita, integrando-se totalmente no movimento.
Em 1915, como Secretário Geral da F.E.P, participou da inauguração do Albergue Noturno, e em 1916, com 25 anos de idade, foi eleito o presidente da F.E.P. e reeleito por mais seis mandatos. Franco e combativo, jovial e sereno, sincero e leal, bom e caridoso fazia dessas virtudes uma coisa rotineira em sua existência de relação, sem jamais ostentá-la no convívio com seus companheiros de ideal. Em 1918, matriculou-se na Escola Superior de Agronomia de Curitiba, onde se graduou como Engenheiro Agrônomo.
Em 1926 houve grave incidente entre o Governo do Estado e elementos liberais, por questões religiosas. É que o governo estadual, sem autorização da Assembleia Legislativa, presenteara terreno e dinheiro do patrimônio público, para a Igreja Católica para instalação de dois bispados. Vários cidadãos protestaram contra o ato governamental, entre eles estava Lins de Vasconcelos, que defendeu de forma corajosa, perante o governo, que os princípios tutelares da democracia eram inderrogáveis e deviam estar acima do arbítrio dos governadores. Essa posição destemida que tomou nessa questão, acarretou-lhe a demissão do cargo público que exercia e chegou a responder processo, porém, com a ajuda do amigo José Leprevost, conseguiu pagar a fiança para não ser preso e terminou ficando empregado na firma do amigo. Depois, nessa mesma época, senhor de tino comercial, lançou-se no comércio de madeira onde conseguiu prosperar.
Em 1930, mudou-se para o Rio de Janeiro, e na despedida na F.E.P., foi eleito presidente honorário. No Rio, fundou a Cia. Pinheiro Indústria e Comércio, empresa do ramo madeireiro onde colocou suas energias na indústria, tendo vencido e se tornado milionário. Mas o dinheiro que amealhava facilmente, como ele próprio dizia, era um depósito que lhe fazia Deus para distribuição aos pobres. Fez-se então o banqueiro dos desafortunados!  Simples e sem vaidades, o que mais se admirava em Lins de Vasconcelos era o triunfo do seu Espírito sobre uma das mais terríveis provas a que um ser humano pode submeter-se: a riqueza!  Ele conseguiu vencer facilmente o fascínio do ouro e afogou no nascedouro os gozos efêmeros que o dinheiro proporciona. O lucro que lhe vinha dos negócios era destinada a creches, orfanatos, albergues, sanatórios, escolas, centros espíritas, revistas e jornais doutrinários.
Em 1938, em viagem a passeio a Curitiba, entrou com recursos significativos para as obras do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, tendo mantido sua colaboração financeira até a inauguração do mesmo. Lins de Vasconcelos não se empolgou com seus sucessos mundanos.  Fez ele, isso sim, da riqueza material, o instrumento para a realização do bem. Foi muito bom, vestindo os desnudos, dando de comer aos esfomeados, a instrução e a educação aos que dessa assistência precisavam.
Por ocasião da promulgação da Constituição Brasileira de 1946, ele como presidente nacional Pro-Estado Leigo, enviou propostas visando resguardar o Estado leigo, a liberdade de consciência religiosa, a laicidade do ensino público e a separação da Igreja do Estado.
Rem 1948, a “Gráfica Mundo Espírita” enfrentava séria crise financeira quando foi adquirida por Lins de Vasconcelos, que transferiu a sede e as oficinas para Curitiba, onde se tornou o órgão noticioso e doutrinário da F.E.P. No mesmo ano, empenhou-se na realização do 1º Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil, apoiando a ideia do deputado Campos Vergal, tendo viajado pelo norte e nordeste, com a Caravana da Fraternidade, integrada por vários confrades, entre eles por Leopoldo Machado, Francisco Spinelli, Carlos Jordão da Silva, Luís Burgos Filho, Oli de Castro que representou os estados do Maranhão e Pará,  e outros companheiros, conclamando as federações para esse evento, tendo contribuído financeiramente para que o mesmo se realizasse. Na instalação do Congresso, em sessão realizada no Teatro João Caetano, em 18 de julho de 1948, Lins de Vasconcelos foi eleito o presidente de honra. Colaborou também para a concretização do “Pacto Áureo” realizado em 15 de outubro de 1949, em que ele declarou ser o dia mais feliz da sua existência, e completou: “Sem união não há unificação”. Com o seu patrocínio realizou-se a 1ª Festa do Livro Espírita, de 14 a 18 de abril de 1949.
Participou também do 2º Congresso Espírita Pan-Americano, realizado no Rio de Janeiro, de 3 a 12 de outubro, sendo eleito para o cargo de tesoureiro. No discurso que proferiu diante das representações americanas, destaco o trecho a seguir:  “Não deixa de ser caridade auxiliar os pobres; isso é incontestável. Mas, entre um benefício dessa ordem, passageiro, exclusivista, e um outro de feição geral concretizada em obra perfeitamente consolidada e transmissível à posteridade, a diferença é tão grande que se assemelha à penumbra comparada com a luz”.  Ainda no mesmo ano, ele fundou a Ação Social Espírita, instituição destinada ao trabalho social sob todas as formas, abrangendo, desde o auxílio às instituições espíritas até o estímulo às Artes e a Ciência. Ele aplicou boa parte de sua fortuna pessoal no movimento espírita deixando obras em diversas cidades brasileiras.
José de Paula Bezerra, espírita do Maranhão, tendo conseguido um terreno para a edificação de um prédio para instalar o Centro Espírita “Deus, Cristo e Caridade”, e não tendo condições financeiras de construir, conversando com Oli de Castro, em sua passagem por São Luís, e  este lhe orientou a que escrevesse a Lins de Vasconcelos, solicitando uma ajuda para esse projeto, no que foi atendido e conseguiu construir um prédio de dois andares; lojas no térreo para amparar financeiramente a entidade e no primeiro andar instalou o Centro Espírita que funciona até hoje.
Após anos de vivência e da prática da caridade, veio ele a desencarnar em São Paulo, no dia 21 de março de 1952, sendo que seu corpo foi levado para Curitiba – cidade que tanto amou – e em cujo solo desejava que sua matéria repousasse, no dia em que o Pai Celestial o chamasse. Seu pedido foi satisfeito, e no Jardim em frente ao Pavilhão Administrativo do Sanatório Bom Retiro, no bairro do Pilarzinho, em Curitiba, encimado por uma pedra simples, mas que revela bom gosto, na qual há uma placa de bronze com expressiva inscrição, foi sepultado o corpo do querido companheiro de ideal espírita, aquele que tantas lutas sustentou ante a incompreensão dos seres humanos, para que a Doutrina dos Espíritos demonstrasse ser capaz de transformar as criaturas desajustadas em seres com capacidade para amar o próximo, assim como Jesus nos amou.
Todos os grandes homens tiveram em suas existências a influência de uma mulher. Ele assim fez, pois, ele nada realizava sem que ouvisse a opinião de sua esposa, Hercília César de Vasconcelos Lopes, a companheira de longos anos de lutas e realizações, que demonstrou serenidade e resignação, quando da partida do ente querido. No seu testamento, foram agraciadas com quantias em dinheiro, todas as federativas regionais existentes.
A Lins de Vasconcelos, e companheiros seus, como Leopoldo Machado, Francisco Spinelli, Oli de Castro e outros, devemos a unificação do Espiritismo no Brasil, porquanto foram eles, em verdade, os legítimos pais do Pacto Áureo que deu origem à criação do Conselho Federativo Nacional.

Bibliografia:
Redação do jornal “O Imortal” – 01/2013
Paulo Alves Godoy e Antônio Lucena
Páginas na Internet
Acréscimos e modificações.

Jc.
S. Luís, 18/01/2013

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