quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

PANDEMIA DEPRESSIVA




                           PANDEMIA  DEPRESSIVA
No momento em que as conquistas libertadoras da inteligência alcançam elevados índices de superior tecnologia e de grandiosa compreensão científica em torno da vida e das suas complexidades, assim como do macro e do microcosmo, os desvarios da emoção fazem-se assinalar por angústias devastadoras, nas existências vazias de significado.
Paradoxalmente, nunca houve tanto conforto, tantas concessões ao prazer, ao poder, ao trabalho e ao repouso, à alimentação bem balanceada, aos relacionamentos sexuais, às comunicações e recreação, apresentando-se, ao mesmo tempo, aflições incontáveis, graves transtornos de comportamento, alienações mentais que se expressam de maneira sutil ou vigorosa, ceifando o encantamento e a alegria das criaturas humanas.
Uma onda volumosa de desespero, silencioso em alguns momentos e noutros gritante, toma conta da sociedade terrestre, dizimando as belas florações da esperança e atirando as pessoas desavisadas aos fundos dos poços do desinteresse pela existência e pelas lutas renovadoras... A aquisição de tudo quanto parece constituir meta, vitória existencial, subitamente cede lugar ao tédio, ao amolecimento da vontade, ao desânimo, com indescritíveis prejuízos para a sociedade.
A princípio, apresenta-se em forma de tristeza pertinaz que se faz acompanhar por um séquito de ferrenhos adversários da paz, exaltando as emoções ou amortecendo-as, anulando os interesses pela permanência dos objetivos essenciais, dando lugar à melancolia, que se instala pernicioso, convertendo-se em grave depressão.
O ser humano deve alcançar os patamares superiores do conhecimento e do amor, vivenciando a sabedoria, numa síntese harmônica de conquistas da inteligência e do sentimento,  mas as aspirações exageradas,  a movimentação contínua, resultam  em ansiedade, desgastando as energias,  dando lugar ao nervosismo e ao desfalecimento das forças, fragilizando a pessoa. De certo modo, as ocorrências psicossociais, tais como a desintegração da família, a perda das tradições, a solidão no grupo social, contribuem para o aumento dos distúrbios da emoção e de transtornos psíquicos  mais severos. Embora esses fatores também ocorram nas famílias ajustadas, nos grupos harmônicos, nas sociedades equilibradas, mais se manifestam quando esses valores são desprezados.
Inegavelmente, o ser humano encontra-se enfermo, às vezes em transitório estado de bem-estar que cede lugar a sucessivos desequilíbrios, quando surgem ocorrências predisponentes ou preponderantes para o surgimento das distonias... Sem desconsiderarmos as causas endógenas, que são propiciadas pelo Espírito desde o momento da sua reencarnação, como as perdas e o medo facultam abrir-se o leque imenso da psicopatia depressiva nefasta.
As estatísticas alarmantes dos suicídios encontram sua gênese, quase sempre, na depressão, desencadeada por circunstâncias aleatórias... Sem objetivos bem delineados e sem segurança íntima que proporcionam o equilíbrio real, o ser humano desfalece e deixa-se arrastar pela virose perversa e destrutiva. A depressão é doença do espírito e é o espírito que deve ser tratado. Depressão significa puxar para baixo, obrigando o Espírito a refugiar-se nas reflexões internas, a refazer observações, a percorrer novos caminhos.
Convidado o ser humano para as conquistas materiais, quase todas as suas aspirações cingem-se ao adquiri, ao ter, ao aparecer... É nesse momento que ocorre o fenômeno da melancolia, em razão do vazio que as conquistas externas proporcionam ao ser humano que não sente preenchido de objetivos reais o seu interior, sendo então conduzido à meditação profunda, de cujo abismo poderá sair renovado. Todo aquele que atravessa essa fase natural da existência física, mantendo-se lúcido e resolvido a esquadrinhar o abismo   das  reflexões   melancólicas,  consegue   superar   as sombras  e  alcançar  a claridade  do dia  de paz e  de alegria.
Lamentavelmente, o enfermo entrega-se à lamúria e ao autoabandono, passando a cultivar a autocompaixão e a revolta em relação aos demais que tem em conta de saudáveis, considerando-os imerecidamente privilegiados. Permitindo-se a autocomiseração, pensa apenas em fugir, desistindo da luta, em razão dos conflitos que o assenhoreiam e do desencanto que o domina. A existência impõe esforços que devem ser aplicados a benefício das conquistas desafiadoras, que aguardam aqueles que as desejam alcançarem.          Quem se detém na marcha, assinalando dificuldades, ou se recusa à tenacidade do trabalho, perde-se pelo caminho da evolução.
Aplicar o tempo no pessimismo, nas conjecturas deprimentes, é maneira de ampliar o quadro de angústia, malbaratando a oportunidade de libertar-se da injunção penosa em que transita. Todas as pessoas experimentam dificuldades e lutas, sofrem tristezas e desencantos, negando-se alguns a permanecer nesse estado de aflição injustificável. Quando ocorre a aceitação passiva da dificuldade e a submissão aos fenômenos internos que afligem o enfermo necessita da assistência médica, não apenas de natureza psiquiátrica, mas também do auxílio psicológico e espiritual, a fim de sair da modorra, de arrebentar as algemas constritoras da emoção enfermiça.
A depressão pode ser superada, caso o paciente opte pela luta e a ela se entregue com afinco. A concentração mental nos ideais do bem lentamente preenche o vazio existencial, estimulando os neurônios às sinapses, restabelecendo o ritmo e a produção dos neuropeptídios responsáveis pela alegria e dinâmica da existência. Nesse comenos, a oração deve ser transformada em hábito de reflexão, utilizando-a com frequência, de modo que possa sintonizar com as fontes do bem, de onde procedem as energias saudáveis e renovadoras.
Qualquer atividade, mesmo que constituindo um grande esforço, levando à transpiração, constitui também eficiente procedimento  terapêutico, ao  lado de  exercícios físicos, tais
como a ginástica, a natação, as caminhadas... É indispensável que o enfermo realize a parte que lhe diz respeito, desse modo cooperando para o próprio restabelecimento. Na raiz do transtorno depressivo, existe sempre uma psicogênese de natureza espiritual de caráter obsessivo, resultante da infeliz conduta anterior da atual vítima, razão pela qual as psicoterapias do amor, da prece, da caridade, da paciência e da resignação tornam-se indispensáveis.
Quando sintas o desânimo agravar-se no teu currículo de ações; quando for vítima de contínuos episódios de insônia com pensamentos conflitivos; quando experimentares indiferença afetiva em relação às pessoas queridas; quando o mau humor em forma de destemia passe a caracterizar-te; quando a irritação ou o desejo de isolamento social comecem a dominar-te; tem muito cuidado, pois que estás em processo depressivo.
Atenta para a renovação interior busca o auxílio espiritual e o especializado, não te afastando do Psicoterapeuta sublime, porque estás caminhando pela noite escura, a que se refere o discípulo João da Cruz...  Liberta-te da sombra morbosa e inunda-te da luz do sol da alegria, rumando na direção da saúde que te aguarda.
Nasceste para conquistar o infinito, e isso depende exclusivamente de ti.
Veja também o artigo:  “A  Depressão”

Bibliografia
Joanna de Ângelis, no                                                                         livro “Entrega-te a Deus”                                                                        + pequenas modificações.

Jc.                                                                                                        S.Luis, 11/7/2012

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