Inicialmente, se confunde o Ministério que deveria ser de Instrução, como Ministério da Educação. Muitos pensam que cabe aos professores a tarefa de educar seus filhos, quando na verdade a responsabilidade pela educação compete aos pais, tios, avós etc., principalmente, através dos exemplos, que são observados pelos filhos. Ao Ministério e aos educadores compete a função de transmitir conhecimentos (instruir) e auxiliar na educação transmitida pelos pais. Se os pais se omitem na sua responsabilidade de dar boa educação aos filhos, vão responder pelo descaso e atos negativos dos filhos, perante as leis de Deus.
Feita esta introdução,
passemos ao assunto que trata da entrevista da jornalista Natale Cuminale,
feita com Daniel Siegel, sobre o Comportamento, tratado na revista “Veja”,
edição 2422, de 22/4/2015, a seguir:
“Aos 57 anos, o psiquiatra
americano Daniel Siegel é uma das principais referências em comportamento
infantil e adolescente”. Professor da Universidade da Califórnia, em Los
Angeles, ele se dedica ao estudo do desenvolvimento cerebral e cognitivo ao
longo das primeiras décadas de vida. Seu livro mais recente (Disciplina sem
Drama) esteve na lista dos mais vendidos do The New York Times, e deverá chegar
ao Brasil até o fim deste ano pela editora Versos. No livro, Siegel defende a
tese de q ue um dos maiores erros que os pais modernos cometem é confundir
disciplina com punição. E isso acontece, segundo ele, porque os adultos de hoje
não têm a menor noção do que seja educar uma criança.
Por
que é tão difícil para os pais disciplinar seus filhos?
Os pais do mundo moderno
estão realmente muito ocupados, têm pouco tempo disponível e esperam que seus
filhos simplesmente se comportem bem. O problema é que isso não acontece. Eles
devem tentar saber o que está se passando na cabeça das crianças. Não apenas
lidar com o mau comportamento em si. Geralmente a palavra disciplina tem sido
associada á punição. Quando os pais pensam que deveriam disciplinar seus
filhos, logo intuem que deveriam puni-los quando algo está errado. É um
equívoco. Não é certo punir as crianças, mas ensinar e corrigir proibindo-os,
por certo tempo, daquilo que elas mais gostam.
Falta
paciência dos pais?
Sim, mas convém ressaltar
que os pais simplesmente não têm o conhecimento necessário para lidar com a
educação das crianças. São essas habilidades que precisamos ensinar-lhes. Em
primeiro lugar, os pais devem estreitar os vínculos com os filhos. Eles têm de
desenvolver a habilidade de perceber os pensamentos e sentimentos das crianças
e adolescentes – e não somente reagir a uma malcriação qualquer, por mais
agressiva ou irritante que seja. É preciso saber e entender o que se passa na
mente dos filhos.
E
o que os pais deveriam fazer para reforçar os laços com seus filhos?
Precisam fundamentalmente
abrir um diálogo e refletir sobre o que está acontecendo na cabeça da criança.
Pesquisas científicas mostram que a melhor atitude dos pais em relação à educação
dos filhos é o entendimento e a reflexão do que se passa na mente das crianças.
Os pais que não têm a habilidade de entender o próprio comportamento, incapazes
de perceber onde erram ou exageram, acabam tratando os filhos como objetos, e
não como seres humanos carentes. Geralmente as crianças não respondem muito bem
a essa postura. Os pais que não conseguem serem exemplos e serem companheiros
dos filhos, certamente não lhes incutirão valores que deverão permanecer pelo
resto da existência, como o senso de moralidade e de autocontrole. Quando os
pais só fazem brigar e não explicam os motivos, elas não aprendem como
responder às expectativas dos mais velhos.
Mas,
como uma rotina cheia de demandas e nervosismo, em que há falta de dinheiro e
em que os relacionamentos com outros adultos já são suficientemente difíceis, o
que fazer para não perder o controle?
É preciso se acalmar e
tentar conseguir reatar o vínculo perdido com a criança. Antes de agir, é
fundamental pensar qual a melhor maneira de conversar com o filho, e não tentar
resolver a situação.
O
“cantinho da disciplina”, funciona?
O cantinho da disciplina e
também a proibição das distrações das crianças, é boa ideia, sim. Se a criança
faz alguma coisa errada ela é posta de castigo para refletir sobre o que fez
errado; depois os pais conversam com seus filhos, explicando o que ocorreu de
errado sobre o acontecido. A eficácia dessa ação, já foi comprovada nos estudos
de comportamento, mas os pais fazem tudo errado.
Onde
eles erram?
Primeiro, eles começam
gritando e fazendo um escândalo, quando a criança age de forma inapropriada.
Depois partem para o castigo; castigar sem esclarecer não ensina novas
habilidades e não favorece o desenvolvimento. Onde deve haver orientação, os
pais apostam no isolamento.
Em
seu recente livro, o senhor diz que, quando as crianças estão nervosas, as
lições tendem a ser ineficazes. Por quê?
Quando as crianças estão
agitadas, o cérebro delas não tem capacidade de reter nada. Ninguém está aberto
ao aprendizado nos momentos de stress. Para entender isso, é preciso dividir o
cérebro em dois estados: o receptivo e o reativo. Por isso, o que ensinamos aos
pais é “conecte-se antes de redirecionar”. Quando o pai se conecta ás emoções
da criança, a tira do estado de reação e a leva a um estado receptivo, em que a
criança está predisposta a ouvir e aprender. Só vamos conseguir atingir esse
ponto se pararmos para pensar por que um filho está agindo dessa forma, e o que
desencadeou a reação brava.
Alguns pais acreditam que precisam ser
autoritários para evitar a permissividade. É esse o caminho?
Não encorajamos nem o
autoritarismo nem a permissividade. Podemos dividir o perfil dos pais de três
formas: os autoritários, os permissivos e os participativos. No primeiro caso,
agem como ditadores e não escutam o que a criança sente, apenas exigem que ela
atenda às suas expectativas. No caso dos permissivos, falta experiência e
estrutura. Eles deixam a criança totalmente livre e não favorecem a construção
de habilidades. O meio termo são os pais participativos. Eles exercem uma
autoridade, mas estão preocupados com a relação, orientando-os e exemplificando
atitudes para o desenvolvimento dos filhos. É o modelo ideal.
Punições
pontuais dão resultado?
Muitas vezes, sim. Por
exemplo: “Se você não fizer os deveres escolares, não jogará videogame”. “Se você não arrumar suas coisas, não vai poder
ver televisão”. Punições desse gênero sempre funcionam, desde que aplicadas com
moderação. As crianças podem se sentir motivadas a trocar o risco de perder
algum divertimento por uma postura correta. Propor acordo com a criança,
dizendo que é melhor para ela sem gritos, chantagem e exageros.
O
que dizer aos pais de uma criança que tem o costume de dar escândalo em público
quando não é atendida em seus desejos?
Depende do que está
acontecendo. Às vezes os pais satisfazem
os pedidos da criança para não serem mais incomodados. Outras vezes os
pais não impõem limites e a criança está mal acostumada a ser atendida. Outras
mais, por não fazerem as crianças cientes de que nem tudo pode ser e deve ser
atendido.
Deixar
chorar é bom?
Os pais podem deixar a
criança chorar, mas não por muito tempo e dependendo da situação. Quando deve
ser dito “não”, tem que ser “não” mesmo. Ela tem que aprender que nem tudo que
deseja é possível, mas se ela estiver manipulando, aí a história muda. Cabe uma conversa, mas é fundamental não
atender à exigência da criança, apenas para que ela deixe de chorar... Ela vai
viciar.
Obs. No
meu tempo de criança, lá pelos idos de 1930, umas palmadas e uns bolos de palmatória resolviam o
problema. Hoje, isso é quase impossível por força da Lei. Em virtude disso,
muitos filhos se transformam em verdadeiros algozes dos seus pais.
Para
maiores esclarecimentos veja os artigos: A Educação, Educação - Várias Formas, Educação
Para o Novo Mundo.
Fonte:
Revista
Veja – edição de 22/4/2015
+
Acréscimos, supressões e modificações.
Jc.
São
Luís, 14/5/2015
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