quarta-feira, 1 de julho de 2015

TRANSTORNOS MENTAIS





 De origem grega, o termo psicopata significa “psiquicamente doente” e foi equivocadamente difundido no século XIX como toda espécie de doença mental. Com o tempo, porém, essa disfunção mental foi se enquadrando em um perfil comportamental que revela perturbação específica, e, portanto, catalogada em cenário que aponta para um registro comportamental concreto, passando, dessa forma, a ser tipificada por diversos estudiosos como uma doença mental séria.
São constantes na mídia os inúmeros casos que revelam as marcas da psicopatia e chama a atenção pela frieza e ausência de sentimentos que envolvam os atos praticados por um psicopata. A propósito do assunto, a revista “Superinteressante” de maio de 2012, traz como chamada de capa, o título: “Pequenos Psicopatas”. Embora o artigo não aprofunde a investigação acerca da gênese do problema, o autor, Eduardo Skalarz, consegue estabelecer nove perfis bem definidos de psicopatas, quais sejam: o impulsivo, o predador, o indiferente, o suicida, o incendiário, o sádico, o assassino serial, o pedófilo e o perverso, entretanto nem todos os psicopatas são assassinos.
Embora a matéria da revista Superinteressante aborde as crianças psicopatas, cabe observar que o nosso foco está no espírito, independente do corpo que ele ocupe. Se este é infantil ou adulto não importa, pois os distúrbios comportamentais pertencem ao espírito e não ao corpo físico, por isso mesmo, devemos estar atentos para a emissão de conceitos equivocados, já que não há nenhum estudo que comprove que uma criança vai tornar-se psicopata quando adulto.  Porém, se a criança se comporta de forma cruel com outras crianças, se é cruel com os animais, se mente olhando nos olhos e não demonstra remorso, esses sinais apontam para um comportamento distorcido no futuro.
Em torno de cada perfil, Skalarz revela diversas  características de personalidade doentia, que invariavelmente se manifestam na infância e não têm perspectiva de cura, trazendo, por isso mesmo, muito sofrimento aos pais. O autor deixa claro que, embora os traços se revelem na infância, a ciência médica só tem condições de oferecer um diagnóstico concreto depois dos 18 anos de idade, quando consegue perceber uma maturação desse distúrbio mental.
Nesse mesmo contexto, a American Psychiatric Association estabelece três critérios que permitem a emissão desse diagnóstico: 1- A incapacidade de adequação às normas sociais, no que diz respeito à conduta legal; 2- Presença de falsidade, de impulsividade ou de incapacidade de planejamento antecipado da ação;  3-  Forte irritabilidade e agressividade, não levando em conta a segurança de si próprio e dos outros, revelando total irresponsabilidade e ausência de remorso. Além disso, a psicopatia se caracteriza por uma notória ausência de afetos e incapacidade de expressão de sentimentos nobres.
Não obstante o fato de muitas crianças demonstrarem distúrbios de comportamento, isso não significa que na idade adulta elas serão psicopatas, mas o texto traz depoimentos chocantes de pais angustiados pela situação dos filhos, como por exemplo, o triste depoimento de uma mãe argentina que relata: “Às vezes, eu acordava no meio da noite e ele estava nos observando dormir. Percebi que poderia nos mataria a qualquer momento”.
Naturalmente o tema é largamente estudado à luz da psicologia e da psiquiatria, mas o nosso grande desafio é examiná-lo à luz da Doutrina Espírita, que nos oferece ampliados mecanismos de entendimento sobre a zona do inconsciente ou espiritual, que, como sabemos, nutre e alimenta a estrutura material. O Dr. Jorge Andréia, ao abordar o assunto na obra “Visão Espírita das Distonias Mentais”, publicada pela Federação Espírita Brasileira, dedica o Capítulo III ao estudo das doenças mentais e examina as personalidades psicopáticas, tratando-as como distúrbios ocasionados pelos desequilíbrios na estrutura do caráter, com marcantes reflexos na vida social.
Ora, desequilíbrios na estrutura do caráter são distúrbios comportamentais do espírito, o que nos leva a concordar que esses transtornos de personalidade estão impressos no Eu, conforme estabelece Jorge Andréa. Portanto, são transtornos mentais de difícil tratamento pelas terapias tradicionais, visto que o espírito ao reencarnar traz consigo esses desajustes estruturais, que se acentuam pelo desenvolvimento das chamadas dores psicológicas. Cabe destacar nesse contexto que o perfil psicopata pode pertencer a qualquer nível social ou profissional, atuando inclusive no mundo corporativo.
Do ponto de vista da análise de personalidade, o psicopata apresenta um perfil superficial, que abriga o chamado “Transtorno da Personalidade Antissocial” e demonstra uma aparente normalidade. Embora eventualmente possa demonstrar impulsos irresistíveis e alterações parciais de conduta, não são de fácil identificação para os leigos, mas com o tempo percebemos que estes indivíduos são invariavelmente problemáticos. Quando desencarnados, essas personalidades psicopatas são identificadas nas obras espíritas e não raramente surgem com líderes das hostes que pululam as regiões infelizes; pregam justiça a qualquer preço e caracterizam-se como estrategistas ou julgadores, demonstrando extrema frieza e pobreza de sentimentos; em suma, não diferem em nada dos encarnados inseridos na mesma temática.
Na revista “Veja” de 1º de abril de 2009, o psicólogo canadense Robert Hare, em entrevista, afirma que “ninguém nasce psicopata. Nasce com tendências para a psicopatia e ela não é uma categoria descritiva, como ser homem ou mulher, estar vivo ou morto. É uma medida, como altura ou peso que varia para mais ou menos”.  Depreendemos que é por isso, a diferença de graus de psicopatia e  de diferentes níveis os índices de maldade humana. A ausência de consciência é característica marcante nas personalidades psicopatas, por isso, a ciência médica afirma que a ausência desse atributo permite ao indivíduo praticar crimes, pois eles não conseguem evitar a conduta que os levou a praticar delitos.
Acerca do tema, a Doutrina Espírita vem nos ensinar que não existe efeito sem causa, que tudo tem sua razão de ser e que nenhum ataque às leis de Deus fica sem o reparo correspondente. A Doutrina nos ensina, ainda, que tudo começa na mente e certamente a mente dos psicopatas é um grande painel de inquietações. André Luiz, em “Mecanismos da Mediunidade”, nos esclarece sobre como funciona a mente como elemento idealizador, onde o pensamento pode materializar-se, plasmando formas de longa duração como resultado da ação de ondas mentais emitidas.
A imensurável capacidade bio-psíquica do cérebro humano permite que este desenvolva funções capazes de gerar, sinalizar, emitir e captar energias mentais em inúmeras frequências, funcionando de forma semelhante a sofisticado sistema de comunicação que se auto-alimenta pela vontade, vitalizando dessa forma todos os centros da alma.  Naturalmente essas correntes possuem caráter
construtivo e destrutivo e são diretamente proporcionais aos desejos e pensamentos motivadores dessas ações. E, em virtude disso, as infrações cometidas ficam arquivadas nos escaninhos da alma e, de acordo com a gravidade, essas ações afetarão o seu autor, a ponto de em muitos casos, serem conduzidos a uma nova encarnação em corpos-prisões; pois ninguém foge a lei de Deus.
Embora os atos dos psicopatas causem grande comoção social, a pena de morte não se justifica sob os princípios da Doutrina dos Espíritos. Na obra “O Homem Integral”, o Espírito de Joanna de Ângelis nos esclarece quanto à nossa postura, afirmando que: “A maldade sistemática, a impiedade, o temperamento hostil revelam as personalidades psicopatas que, antes, necessitam de ajuda, ao invés de reproche. A bondade, neles latente, aguarda o momento de manifestar-se e predominar, mudando-lhes o comportamento. Com tal atitude, a de identificar a bondade, torna-se possível a superação do sofrimento, como quer que se apresenta, especialmente o que tem procedência moral”.
A solução que acreditamos, portanto, mesmo para os criminosos de alta periculosidade, genocidas e homicidas é que eles não devem ter suas existências ceifadas, mas sim isolados da sociedade em prisões do tipo nosocômios  judiciários, em trabalhos retificadores, a fim de que possam de alguma maneira, retribuir de forma positiva à Sociedade os danos que tenham causado e melhorar a sua situação como ser humano, destinado a prática do bem.
Bibliografia:
Livros:
“O Homem Integral”
“Nos Domínios da Mediunidade”
“Visão Espíritas nas Distonias Mentais”
“O Livro dos Espíritos”
Artigos:
American Psychiatric Association
Laura Marinho Nunes
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Jurídica.
Universidade Fernando Pessoa – Porto – Portugal
Revistas Superinteressante 5/2012
Revista Veja 4/2009

Jc.
São Luís, 31/5/2015

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