O surgimento da Operação
Lava Jato, em Curitiba, sob o comando do juiz federal Sérgio Moro, trouxe a
esperança ao povo brasileiro de que,
doravante, a situação de corrupção e impunidade que se alastrava pelo Brasil,
tende a sofrer um freio, devido as ações realizadas no sentido de coibir essa
situação vergonhosa em que vive o povo brasileiro. O exemplo da Lava Jato já
está sendo seguido por outros juízes, neste imenso Brasil, despertando a
consciência nacional para banir da sociedade essa situação de calamidade e
falta de moral.
Alguns questionamentos e
suas explicações.
1- Temos acompanhado
estarrecidos, as investigações da chamada Operação Lava Jato, que tem exposto o
clima de corrupção institucionalizada existente no país. Podemos concluir que
as forças das sombras se abateram sobre nossa pátria?
R- Sempre há a influência das sombras em eventos
que contrariam o bem e a verdade, não como causa, mas como
consequência do comportamento de muitas das pessoas. Longe de ser a origem, a ação
do mal é mera consequência de nossas mazelas.
2- Se assim é, por que se perpetua essa
tendência, mesmo com a renovação dos
quadros políticos nas eleições regulares para os cargos administrativos e
legislativos?
R- É imperioso reconhecer que os quadros
políticos representam o povo no poder. Ainda que se renovem periodicamente,
exprimem as tendências da população. Se
o povo não prima pelo respeito à lei e à ordem, seus representantes seguirão no
mesmo rumo.
3- Diríamos, então, que nossos políticos nada
fazem senão vivenciar as tendências do
povo brasileiro?
R- Exatamente. Embora sua índole fraterna, os
brasileiros ainda não superaram o chamado “jeitinho brasileiro”, que quase
sempre é uma iniciativa para livrar-se de responsabilidades e tirar vantagens nas situações do dia a dia. Os políticos, com
exceções, vivenciam e levam ao extremo essa tendência, a começar pela
legislação em causa própria, gerando milionárias mordomias e a vulgarização de
conchavos que rendem muito dinheiro para os partidos e para si mesmo.
4- Como você exemplificaria essa condição do
povo brasileiro?
R- Um exemplo é suficiente. Há pouco tempo um gari encontrou uma grande soma de
dinheiro numa pasta. Ele sem titubear devolveu tudo ao seu legítimo dono. Foi aclamado como
herói. Seu nome saiu nos jornais, deu entrevistas... Tudo isso simplesmente porque cumpriu o elementar
dever, contrariando a tendência de reter o dinheiro para si, que caracteriza
boa parcela da população, na base de “o que é achado não é roubado”.
5- Podemos dizer que “há uma luz no fim do
túnel” , com as diligências policiais e a punição dos corruptos culpados?
R- Trata-se, sem dúvida, de um promissor
movimento a favorecer a moralização de
nossas instituições. Entretanto, não é o bastante. Na Itália, a operação “Mãos Limpas”,
disparada a partir da iniciativa de um grupo de juízes, na década de 90, século
passado, fez algo semelhante, mas não eliminou a corrupção, que continua
entranhada em seus quadros políticos e sociais.
É indispensável mudar o comportamento da população.
6- Como isso pode ser feito?
R- A educação, sem dúvida, é fundamental, mas
não apenas o verniz social que se recebe na escola (há políticos muito
“envernizados” que cometem incríveis falcatruas) , mas, sobretudo a autoeducação,
a disciplina do comportamento, reconhecendo que sem respeito pelo próximo e,
por extensão, pela sociedade, caímos no “salve-se quem puder” que inviabiliza o
equilíbrio, o progresso e a paz na comunidade.
7- As religiões, de um modo geral, pregam a honestidade, a retidão de
comportamento, o respeito pelo próximo. Por que essa orientação não funciona no
Brasil, não obstante as ameaças de castigos além-túmulo para os que se
comprometem com o mal?
R- As especulações teológicas do que nos aguarda
afiguram-se na atualidade como histórias da carochinha, principalmente para
aqueles que detêm alguma cultura. Atendiam às necessidades do passado, mas não
atendem à realidade do presente, quando as pessoas, antes de crer, cogitam de
entender e sentir que esses princípios guardam compatibilidade com a lógica.
Por isso filósofos atrevidos como Nietzche proclamam que “Deus está morto” se
referindo a Jesus.
8- E a “Doutrina Espírita?”
R- É a nossa esperança maior de moralização, a
partir de um contato comprovado com o mundo espiritual, a nos mostrar as
consequências do comportamento humano de forma clara e instigante. Impossível,
ante tais evidências, não perceber que o cumprimento de nossos deveres para com
Deus e o próximo, como ensinava Jesus,
é intransferível, a
fim de que
a morte não nos Imponha penosas
decepções. É oportuno ressaltar que dentre esses políticos, empresários e
funcionários implicados na Operação Lava Jato, não conheço nenhum que seja
espírita.
Fonte:
“Revista
Internacional de Espiritismo”
Autor:
Richard Simonetti
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Acréscimos
Jc.
São
Luís, 19/9/2016
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