domingo, 12 de março de 2017

INTELIGÊNCIA E EMOÇÃO





  Na construção dos equipamentos orgânicos para a evolução, a Divindade programou que o hemisfério direito do cérebro seja responsável pela beleza, pela arte, pelos sentimentos, tendo um caráter criativo e holístico, enquanto que o lado esquerdo responde pelo conhecimento, pela razão e pela lógica, separados pelo corpo caloso.
Na atualidade, não há como negar as notáveis conquistas da inteligência, responsáveis pela Tecnologia e por todos os extraordinários contributos da Ciência, tornando a existência na Terra mais confortável, com muitos males eliminados ou contornados, propiciando bem-estar, conforto e facilidades de todo porte. Nada obstante, não se pode desconhecer que esses instrumentos fabulosos de que tem se utilizado o ser humano é também responsável por males incontáveis, desastres jamais imaginados de se tornarem uma realidade.
Referimo-nos às armas ditas inteligentes com o seu poder de destruição e às fórmulas elaboradas quimicamente para matar, as biológicas portadoras de epidemias terríveis, usadas também por outro lado e capazes de destruir a flora, a fauna, contaminar as águas e intoxicar a atmosfera com o único objetivo ganancioso de poder arbitrário e egoísta dos governantes desalmados. Ao lado das comunicações virtuais de inestimável significado para o progresso do ser humano, assim como das massas, encontra-se a perversa utilização para o crime de várias expressões, para a dissolução dos costumes, para a promiscuidade, para o comércio nefando de existências em florações, com todo o seu cortejo de tragédias, para a expansão da loucura, para a perda do sentido psicológico existencial...
A imaginação exacerbada pelo conhecimento entorpece as emoções elevadas e contribui para as alucinadas fugas da realidade, para o prazer exaustivo e o gozo irrefreável, em nome do moderno, do oportuno e do inadiável. O tempo gasto na execução do anseio de estar em todo lugar ao mesmo tempo, desfrutando das concessões decorrentes de viagens fantásticas, de intercâmbio para o gozo exorbitante, esgota-se na ampulheta dos anos e logo surgem as frustrações atormentadoras, o tédio doentio, a indiferença pela existência e o desprezo dos valores éticos, relegados a plano secundário ou totalmente desconsiderados.
Criou-se um quase abismo entre o saber e o sentir, entre a inteligência e a emoção, gerando a perda da comunicação realmente afetiva, do espírito de gentileza e de bondade, do companheirismo, da fraternidade, reduzindo o ser humano à condição de máquina em funcionamento automático sem controle nem diretriz. Vive-se a epopeia da cultura utilitarista e selvagem em detrimento da harmonia entre a inteligência e a emoção, para que seja possível o desenvolvimento e vivência das aspirações superiores da existência. A existência tem como finalidade a transformação dos instintos violentos em emoções equilibradas, da agressividade defensiva em utilização da energia criadora, e não para o erotismo extravagante, para a fruição dos sentidos no mergulho do ego na escuridão, com total esquecimento do Espírito que se é.
O tradicional conceito em torno da voz do coração torna-se uma necessidade de atualização, por ensejar o aprimoramento dos valores éticos registrados no hemisfério direito, propiciando o seu enriquecimento emocional, que trabalhará em favor da conquista do bem que expressa a vontade e as leis de Deus. A inteligência, portanto, desenvolvida e cultivada sem o controle das emoções nos princípios valiosíssimos do amor, torna-se alucinada, exacerbada pelo egoísmo de que se nutre, em detrimento das necessidades humanas que se observa em toda parte.
O coração humano é o grande motor responsável pela manutenção da existência física na viagem evolutiva, possuindo 40.000 células nervosas que são responsáveis por ações, quais se constituíssem em pequeno cérebro no seu conjunto, independendo das funções que são atribuídas ao órgão total. Lentamente, após incontáveis padecimentos, o ser humano vai descobrindo que a inteligência sem a emoção dignificada transforma-se em conquista prejudicial, geradora de conflitos inomináveis e de condutas extravagantes quão alucinadas. Como efeito, surge o impositivo de se trabalhar com a mesma intensidade o hemisfério direito, exercitando os valores da emotividade, da inspiração, do serviço de solidariedade humana, ao mesmo tempo em que se torna imprescindível o direito de ampliar a área do afeto, vinculando-se aos ideais de enobrecimento e às pessoas lutadoras que se transformam em líderes do progresso social e moral da humanidade.
O conhecimento, que abre as janelas da alma para a realidade, quando não é nutrido pelo sentimento ético, conduz à cegueira da razão, que somente se direciona para o imediatismo do prazer e do interesse pessoal, com parcial ou total indiferença pelo que sucede em volta. Assim tem sido o comportamento da sociedade nesses longos milênios de desenvolvimento da inteligência, na ânsia de ultrapassar os limites e no querer solucionar as dificuldades que parecem impedi-la de alçar voos cada vez mais amplos em busca do Infinito...
Enquanto o amor não vicejar nos sentimentos, contribuindo em favor da harmonia interna, do equilíbrio das emoções decorrentes das sensações, ainda em fase primária de seleção, o sofrimento seguirá ao lado dos viandantes pelos caminhos carnais. Desenvolver um programa de realizações internas, caracterizadas pelos sentimentos de compreensão em favor da família humana, torna-se uma urgente necessidade que não deve ser adiada, sem que surjam ocorrências nefastas, angustiantes. Ninguém consegue viver em equilíbrio sem um projeto de existência alicerçado na afetividade, o que implica dizer que ninguém se realiza durante a existência sem um objetivo psicológico superior.  Se esse objetivo é material, imediato, constituído pelo egoísmo, o ser  humano derrapa em transtornos de comportamento, mergulhando em melancolia e asfixiando-se na depressão. Unir, portanto, as aspirações da inteligência com as aplicações do sentimento, deve constituir a primeira meta a caminho dos ideais cósmicos.
Sem dúvida, a inteligência é responsável pelo grande horizontal das conquistas humanas, mas o sentimento é a grande vertical na direção de Deus. No centro em que se encontram as duas vertentes, encontra-se o coração pulsando em amor e cantando as glórias do existir.
                                                                       Joanna de Àngelis
Obs.
(Página psicografada pelo médium
Divaldo Pereira Franco, na manhã de
21 de maio de 2013, em Milão-Itália).
Revista “Reformador” – agosto/2013
+ Pequenas modificações.


Jc.
São Luís, 20/8/2013


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