As dificuldades de todos os dias, as lutas pela sobrevivência, a violência, os vícios, são sérios problemas para os seres humanos, que não conseguem manter a estabilidade emocional e mental. Muitos se deixam levar pela tristeza, pelo pessimismo, pelo desânimo, pela agressividade e outras reações negativas que desencadeiam os sofrimentos e depressões que repercutem na ordem física e espiritual, trazendo sérios problemas de saúde.
Daniel Goleman,
escritor da obra “Inteligência Emocional”, comenta que nos países modernos há
uma tendência para o individualismo exacerbado que, por sua vez, acarreta uma
competitividade cada vez maior entre as pessoas. Essa visão do mundo traz
consigo o isolamento, a deterioração das relações sociais e a lenta
desagregação da vida em família e em comunidade. Os frutos desse estado de coisas
aparecem no aumento crescente dos índices de criminalidade, de suicídios, nos
abusos das drogas e o enfraquecimento dos laços de família. Ele propõe como remédio para debelar esses
sintomas da doença social, o desenvolvimento da inteligência emocional... Ele
poderia na sua proposta ter ido além, se conhecesse os ensinamentos da Doutrina
dos Espíritos.
Não podemos entender
os problemas de hoje se não se tem em mente que, boa parte deles tem muita
relação com nosso estado de evolução espiritual. Muitos deles foram criados em
existências passadas. Os medicamentos mais usados em nossos dias são os tranquilizantes,
e isso demonstra que algo não está bem nas criaturas. A mediunidade, porta de
contato com o Mundo Espiritual, e que deveria ser de amparo para um
comportamento seguro, está sendo invadida, nesta fase de transição, por
espíritos rebeldes, desajustados e agressivos. Por que isso está acontecendo? –
Porque cultivando uma visão deformada da realidade, perseguindo uma felicidade
em termos de realização humana no campo da ambição por posses terrenas e poder,
limitando seus interesses à existência material, o ser humano situa-se num
padrão vibratório de baixa qualidade, colocando-se à mercê e sob as ordens
desses marginais da Espiritualidade.
Os tranqüilizantes
ajudam; o passe e a água fluidificada, aplicados na Casa Espírita, bem como o
socorro dos amigos espirituais, são excelentes auxílios. Porém, o problema fundamental de nosso ajuste
íntimo, raiz de todas as perturbações que nos envolvem não pode ser resolvido
apenas por estes meios. O remédio para esta doença pessoal está dentro de cada
um de nós. O que acima de tudo deve interessar ao ser humano é o progresso espiritual,
pois esta é a única finalidade da existência dos seres em todos os escalões e
em todos os mundos. Isto não é fácil, mas esta é a luta inevitável, que depende
de decisão, de vontade firme, de perseverança e também de muita fé.
A reunião de Espíritos
encarnados, quase sempre diferentes, moral e intelectualmente, em uma família,
agrupados num mesmo lar, é providência tomada por força de acordos efetuados na
espiritualidade antes da encarnação e compromissos assumidos no plano
espiritual, que servem para resgates dos débitos, desenvolvimento da capacidade
de se harmonizar com os semelhantes e de afinidade entre os participantes,
sendo a consanguinidade, complemento para maior facilidade de aceitação. Muitas
pessoas aceitam desculpar, tolerar, aturar, ajudar e perdoar outras pessoas,
porque fazem parte da nossa família; caso contrário, ou seja, se não fosse do
nosso sangue, não ajudaríamos ou partiríamos em revide, em vingança, agravando a
presente existência e prejudicando nossa evolução. Além da família, devemos
selecionar nossas amizades. Uma só ovelha põe o rebanho a perder. Uma gota de
tinta preta mancha a água pura de um vaso. Selecionar, portanto, pelas
condições morais e conservar somente as amizades que forem convenientes e
agradáveis. Preferir as companhias das pessoas de bons costumes e bons
sentimentos, sem distinção de cor, classe social ou riqueza; que possuam ideias
pacíficas, elevadas e construtivas.
Pessoas cujas
conversas são tendenciosas, maliciosas, maledicentes, empregando anedotas
grosseiras e imorais ou palavrões, tudo isso indica sentimento inferior, maus
costumes, maus instintos; devemos sempre dispensar a companhia dessas pessoas.
É claro que não se trata de desprezar, negar auxílio, fugir ao dever da
caridade, mas simplesmente não manter intimidade nem a convivência, relações
afetivas e sociais. Cada um de nós ocupa na sociedade o lugar que nos é
próprio, segundo nosso merecimento, nossas qualidades e, sobretudo, segundo o
programa de nossa atual existência. Mesmo que a companhia seja de pessoa de
posição social elevada ou de prestígio, não nos servirá quando espiritualmente
demonstre um caráter inferior, sentimentos baixos, mundanos e egoístas, porque
na certa irá exercer sobre nós alguma influência perniciosa.
Outro ponto de nosso
comportamento refere-se à solidariedade. Pelo uso criterioso do seu
livre-arbítrio, o ser humano pode apressar ou retardar sua evolução; provocar
ascensão ou estacionar, obter triunfos ou derrotas. Todos nós somos células da
coletividade universal e nossos atos, bons ou maus, sobre essa coletividade se
refletem, assim como ocorre com as células do corpo físico, que se refletem no
metabolismo geral, beneficiando ou prejudicando o funcionamento do corpo. Todos
concorrem duma forma ou de outra, à movimentação da vida social coletiva e,
dessa solidariedade e dependência, todos se beneficiam direta ou indiretamente.
Não se move o ser humano, nem dá um passo em qualquer sentido, que não dê ou
não receba algo desse organismo social.
Tudo o que temos
hoje, de que necessitamos para viver, representa o trabalho dos que nos
antecederam, somado ao nosso e o trabalho dos nossos semelhantes, no passado e
no presente. A geração de hoje, usufrui o esforço e o trabalho acumulado de
todas as gerações antecedentes, e, juntando o esforço de todos, à geração
seguinte herda o patrimônio social assim enriquecido. Observemos o panorama geral do mundo em que
vivemos; o espetáculo é impressionante. Por toda parte vemos seres humanos se
movimentando nas cidades; nos campos, na terra, nos rios e mares, no ar, num
esforço, não percebidos, de beneficiar a todos, buscando de forma direta ou
indireta, a satisfação de seus próprios interesses que, por fim, se reverte
sempre em benefício da sociedade.
Imaginemos apenas
como exemplo, um pescador: - Ele vai ao mar no propósito de pescar os peixes
que o alimente e lhe dê vantagem financeira; porém esse pescado vai beneficiar
muitas pessoas que necessitam de alimento, enquanto ele próprio vai depender de
muitas outras coisas realizadas por outras pessoas. Exemplo: o padeiro que faz
o pão, o usineiro ou o cortador de cana que proporciona o açúcar, o fazendeiro
que planta o café, e de muitos outros, principalmente de Deus, que faz germinar
a semente, o crescimento, a floração e a fruta.
Nas sociedades
futuras, quando a Terra já estiver em novo estágio evolutivo, o trabalho deverá
visar conscientemente o bem coletivo, a exemplo de certas tribos de índios,
onde tudo é dividido igualmente com todos. Assim, pois, é evidente que devemos
realizar as tarefas que trouxemos ao encarnar, visando o bem comum e não apenas
a nossa satisfação particular. Se a vida coletiva for representada por um vaso
contendo um pouco de água lodosa e impura, e, se todos para esse vaso trouxerem
água limpa, ver-se-á que a água impura irá clareando aos poucos até
transformar-se em água saudável. Mesmo nas atividades mais simples, a regra é a
mesma; o bem comum. Assim procedendo,
estaremos evitando dificuldades no nosso dia-a-dia e resguardando o nosso
comportamento das influências negativas, que prejudicam o nosso esforço demorado de reforma íntima, indispensável ao
nosso progresso espiritual.
Devemos simplificar
nossa existência profissional, organizando o trabalho e fazendo tudo com calma
e boa vontade, dentro de uma programação. Separar as tarefas do dia: primeiro
as mais importantes e, dessas, as mais urgentes, depois as demais. Simplificar
também as nossas relações familiares e sociais, superando ressentimentos,
mágoas, irritações, animosidades, respeitando e cuidando do nosso corpo como um
vaso sagrado que nos foi confiado por Deus, e respeitando o semelhante como
nosso irmão; estabelecendo relações afetivas com base no desprendimento e na
sinceridade, respeitando os sentimentos alheios sem complicar o nosso destino. Simplificar,
enfim, nossa existência, sabendo que estamos na Terra de passagem; nossa meta é
a Espiritualidade; a existência na Terra serve como um meio para a nossa
renovação e evolução espiritual.
Devemos estar cientes
de que, quando Deus nos concede bens materiais, é para nos ajudar e atender
nossos pedidos; assim estamos na condição de devedores ou usufrutuários, e não
como donos. Pelo fato de Deus ter permitido termos uma empresa, uma boa casa,
um carro do ano ou uma conta bancária com bom saldo, temos que nos julgar
superiores e tratar mal aqueles que nos servem ou que foram os colaboradores do
nosso sucesso? - Afinal, o que foi que
trouxemos quando nascemos? – Nada. Jesus nos disse que não podemos ao mesmo
tempo amar a Deus e ao dinheiro. Se amarmos a Deus, respeitando as leis
divinas, o resto, família, empresa, emprego, casa, dinheiro, cultura, saúde e
bem estar... serão as consequências do
amor e respeito a Deus.
Quando chegamos ao
mundo, o encontramos aberto às nossas necessidades e devemos deixá-lo quando
partirmos, em melhores condições, para nossos filhos, nossos netos, e até para
nós mesmos, se aqui reencarnarmos. Se assim não fizermos, nossa conta-corrente
na Espiritualidade ficará negativa e teremos que resgatar esse débito no
futuro. Devemos exercer princípios religiosos e éticos no nosso ambiente de
trabalho, respeitando uns aos outros, sem ser fanático ou radical. Existem
pessoas que, em nome da empresa ou do serviço, esquecem a família, as amizades,
o lazer, até os cuidados com a saúde, preocupadas apenas com a possibilidade de
juntar mais bens materiais, que no final nem conseguem usufruí-los e não seguem
com elas para além do túmulo. Outras
pessoas confundem o sucesso com a riqueza ou o poder. Diz um antigo provérbio:
“Não há nada de nobre em ser rico ou ter poder sobre outras pessoas. A
verdadeira nobreza está em ser superior ao que se era anteriormente”.
O dinheiro foi
proporcionado por Deus, e pode ser tirado em qualquer tempo. Não é para o ser
humano ficar escravo dele, mas para que faça bom uso dele e tenha momentos de
felicidade, pois ninguém é completamente feliz aqui na Terra. O ideal é que o
dinheiro nos beneficie e também a coletividade e, como energia quando
movimentado, gere empregos, pague salários, aumente o progresso. Porém, quando
guardado, parado, pode ser consumido pelas traças, roubado pelos ladrões,
transformado em ferrugem e perder seu valor pelo tempo.
Evitemos as vantagens
somente para nós, porquanto tudo aquilo que retivermos a mais para nós, no
sentido de satisfazer nossas vaidades ou supérfluos, estará faltando a outros
que necessitam apenas do indispensável para sobreviver. Tenhamos bom ânimo e
coragem para vencermos todas as dificuldades, todos os problemas que se nos
apresentarem. Logo que o sol desponte, saudemos o novo dia com uma oração ao
Pai Celestial, levantando-nos também e iniciando nova jornada, com o propósito
de ajudar a todos e de cumprir com boa vontade todas as nossas obrigações, para
que ao final do dia a nossa consciência esteja tranquila, por havermos cumprido
com nosso dever. Caminhemos resolutos no propósito do progresso, enfrentando as
dificuldades, como degraus, para a nossa evolução espiritual.
Procuremos viver com
equilíbrio, mesmo dentro da agitação diária, sem nos deixar levar pela onda
pessimista e desordenada que envolve a sociedade. Caminhemos confiantes em Deus
e certos de que venceremos, por maiores que sejam as dificuldades. Lembremo-nos
de que cada companheiro de jornada é um irmão que nos ajuda, direta ou
indiretamente, e a quem precisamos também ajudar. Existem dois tipos de
comportamentos: o daqueles que fazem, e o daqueles outros que ficam apontando
os erros. Façamos parte do grupo que trabalha confiante em Deus e sem aguardar
aplausos, temer pedradas, com o objetivo superior de ser útil a nós mesmos e ao
nosso próximo, beneficiando a todos e também à própria Terra, que nos acolhe
com bondade, nos possibilitando a existência e a evolução.
Um gesto pequenino,
uma ação que julgamos insignificante pode melhorar muito o ambiente em que nos
encontramos; elevar o entusiasmo de quem está desanimado; reanimar aquele que
está desiludido; erguer aquele que está caído pelas dificuldades da existência;
um sorriso, uma palavra de conforto, uma oração de amparo, tudo pode melhorar a
nossa situação como também a situação dos que vivem conosco neste planeta.
Qualquer coisa que fizermos, por menor que seja, estamos contribuindo para
diminuir as dificuldades, porque assim nos ensinou Jesus, e também pelo fato do
mundo não ser um parque de diversão, mas um ambiente de trabalho, onde estamos
para melhorar através do nosso trabalho voltado para a fraternidade, a paz, o amor.
Assim como Jesus, o
ser humano é chamado a inúmeros testemunhos no decorrer da existência. No livro
“Tormentos da Obsessão”, Manoel Philomeno Miranda, faz um paralelo entre os
testemunhos de Jesus, em vários montes, e os montes de problemas e dificuldades
que o ser humano enfrenta em sua trajetória de aprendizado na Terra: 1º- Jesus
sobe o Monte Tabor e diz quem é; se dá a conhecer aos seus apóstolos. O ser
humano deve conhecer os objetivos a que dedicará sua existência; 2º- Quando Jesus sobe o Monte em que profere
o “Sermão da Montanha” ou “Bem-aventuranças”, traça Ele o código moral a ser
seguido por todos nós. A criatura deve traçar as linhas de comportamento para
enfrentar as dificuldades da existência;
3º- Jesus sobe o Monte das Oliveiras para em retiro, se harmonizar com o
Pai Celestial. O mesmo deve fazer o ser
humano, recolhendo-se a meditação e a oração, para receber as bênçãos
necessárias a enfrentar as dificuldades e sofrimentos; 4º- No Monte Gólgota, o Mestre coroando seus
ensinos, exemplifica com os próprios
sofrimentos. O ser humano deve fazê-lo também com abnegação e amor, até o
momento final da sua existência terrena.
Todos nós temos as
nossas lutas, mas só quem sabe vencê-las, sem pensar em desistir ou se abater
diante das dificuldades, pode ser classificado como um verdadeiro e corajoso
herói. Ante as dificuldades do caminho e as rudes provas de evolução, devemos
nos resguardar na oração, na confiança em Deus, que certamente nos impedirá de
resvalar nos abismos da revolta e dos sofrimentos...
Dificuldades todos
nós temos, hoje ou amanhã, e para nos livrarmos delas, precisamos ter um
comportamento de aceitação, reflexão, enfrentamento, para que venha a solução
dos problemas, com o amparo dos nossos entes queridos e também com a
assistência do Pai Celestial.
Que a Paz do Senhor
reine em nossos corações.
Bibliografia:
Livro “Inteligência
Emocional”
“ “Tormentos da Obsessão”
+ Acréscimos
Jc.
São Luís, 28/10/2008
Refeito em 25/4/2017
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