Francisco de Menezes Dias da Cruz, natural da cidade do Rio de Janeiro, filho de Francisco de Menezes Dias da Cruz (chefe do Partido Liberal no Rio e professor da Faculdade de Medicina) e de D. Rosa de Lima Dias da Cruz, nasceu em 27 de fevereiro de 1853.
Foi professor de Matemática, período
durante o qual concluiu o curso de humanidades. Ele era nessa época, aluno da
Escola de Medicina, durante o qual contraiu núpcias com a Srta. Adelaide
Pinheiro Dias da Cruz. Ao formar-se em Medicina, perdeu o seu pai. Foi
bibliotecário durante dez anos na Câmara Municipal do Rio. Depois presidiu o
Curso e o Instituto Hahnemanniano do Brasil. Em 1900 o Dr. Dias da Cruz
reorganizou e ressuscitou o Instituto que havia sido criado em 1879, pelo mais
afamado médico homeopata do Império, Dr. Saturnino Soares de Meireles, seu
primeiro presidente.
O Dr. Dias da Cruz alugou no centro da
cidade, na Rua da Quitanda, uma casa para seu consultório, e nele reinstalou o
Instituto que funcionou mais alguns anos. Possuidor de enorme clínica, o Dr.
Dias da Cruz não fugiu aos deveres da caridade, dando assim expansão aos seus
sentimentos humanitários. Estudioso desde a infância, preocupou-se com a ciência homeopática e,
mais tarde, diante de umas provas irrefutáveis, tornou-se espírita dos mais
caridosos e evangélicos. É interessante relatar a maneira pela qual se
verificou sua conversão.
Tendo chegado ao seu conhecimento que o
Espírito de seu pai desenvolvia grande programa de caridade, através de médiuns
que recebiam receitas, decidiu ele, homem austero e culto de verdade, ir à
Federação Espírita Brasileira para observar e apurar quanto de verdade pudesse
haver em torno da informação recebida. Foi iniciada a reunião com a prece
habitual e iniciado o estudo doutrinário. Até então nada ocorrera suscetível
que lhe permitisse aceitar a versão das manifestações atribuídas ao Espírito do
seu pai. Já estava propenso a acreditar em mistificação quando um médium
demonstrou haver caído em transe. Era. Afinal, a tão desejada manifestação que
se realizava. Através do médium, o Espírito de seu pai pediu que chamassem seu
filho.
Surpreso, ele se aproximou, ainda incrédulo. O Espírito do seu genitor
então lhe disse: “Você se lembra daquele fato que ocorreu conosco na praça tal?”
E a seguir revelou uma ocorrência só conhecida por ambos. Ninguém o conhecia
naquela assembleia e o fato referido pelo Espírito era desconhecido até de toda
a sua família, pois somente os dois haviam tido dele conhecimento. Percebeu,
então, que só havia um caminho: aceitar a veracidade da manifestação
espírita de seu genitor. Diante disso, o
Dr. Dias da Cruz (filho) sentiu chegada a hora de se render de vez a essa
evidência sem constrangimento.
Desse dia em diante passou a estudar a
Doutrina dos Espíritos. Interpretou os textos doutrinários e passou a ser um
trabalhador, seguidor de Allan Kardec e de Jesus. Em 1885 com 32 anos de idade,
pronunciou na Federação Espírita Brasileira, sua primeira conferência e desde
então participou de várias comissões importantes. Em 1890, em substituição ao
Dr. Bezerra de Menezes, o Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz, que
anteriormente era vice-presidente, foi eleito o novo presidente da Federação
Espíritas Brasileira, cargo que exerceu com devotamento até o ano de 1895,
quando foi substituído pelo Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, seu colega de
profissão e amigo.
Durante sua presidência, foram iniciados
os trabalhos de socorro material e espiritual de Assistência aos Necessitados,
que até hoje constituem o cerne dos serviços cristãos prestados pela Federação
Espírita Brasileira. Muitos foram os dedicados companheiros que o ajudaram
nessa obra grandiosa, mantida e desenvolvida com o maior carinho pela
Federação. O confrade Bernardinho Cardoso lhe entregava mensalmente a quantia
de um conto de réis para que fosse distribuída com os pobres de sua clínica,
sob a condição de não lhe revelar o nome. Em 1896, por proposta de Bezerra de
Menezes, e em atenção aos abnegados serviços prestados à F.E.B., foi Dias da
Cruz aclamado presidente honorário. Ele dirigiu a revista “O Reformador”
durante o período de sua presidência e escreveu inúmeros artigos doutrinários e
de polêmicas com o pseudônimo de “Um Espírita”. Foi também ele, o autor do
livro “O Professor Lombroso e o Espiritismo”. Foi ele quem primeiro
tentou, em 1891, adquirir um
prédio próprio para a Federação e montou a oficina tipográfica para a
impressão do reformador e de obras
espíritas em geral.
Fundada em 1923 a Faculdade de
Hahnemanniana, o Dr. Dias da Cruz colaborou na organização dos programas de
ensino do novo estabelecimento, no qual veio a lecionar na cadeira de
Farmacologia e, mais tarde, na primeira cadeira de Matéria Médica,
constituindo-se em verdadeiro mestre de toda uma nova geração. De 25 a 30 de
setembro de 1926 foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Homeopatia, sob a
presidência do Dr. Francisco Dias da
Cruz. Dizem seus companheiros que o cumprimento do dever era quase que sagrado
para o Dr. Dias da Cruz, e como professor jamais deixou de comparecer à hora
certa em suas aulas. Como clínico no Hospital, não se atrasava e nem fazia
esperar os seus doentes.
O Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz
(filho) desencarnou na cidade do Rio de Janeiro em 30 de setembro de 1937, na
avançada idade de 84 anos, após proveito dispêndio de energias em favor do
próximo.
Por suas ações humanitárias e por ter
residido no bairro do Meier, a Prefeitura do Rio para homenageá-lo, deu o seu
nome à principal via daquele bairro: Dias da Cruz.
Eis, em síntese, a brilhante
personalidade daquele que dignificou a Doutrina dos Espíritos e a Homeopatia no
Brasil.
Fonte:
Blog Espírita Amigo
Jornal “O Imortal” – 9/2017
Marinei Ferreira Rezende
Jc.
São Luís, 26/9/2017
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