segunda-feira, 30 de outubro de 2017

FRANCISCO MENEZES DIAS DA CRUZ





   Francisco de Menezes Dias da Cruz, natural da cidade do Rio de Janeiro, filho de Francisco de Menezes Dias da Cruz (chefe do Partido Liberal no Rio e professor da Faculdade de Medicina) e de D. Rosa de Lima Dias da Cruz, nasceu em 27 de fevereiro de 1853.
Foi professor de Matemática, período durante o qual concluiu o curso de humanidades. Ele era nessa época, aluno da Escola de Medicina, durante o qual contraiu núpcias com a Srta. Adelaide Pinheiro Dias da Cruz. Ao formar-se em Medicina, perdeu o seu pai. Foi bibliotecário durante dez anos na Câmara Municipal do Rio. Depois presidiu o Curso e o Instituto Hahnemanniano do Brasil. Em 1900 o Dr. Dias da Cruz reorganizou e ressuscitou o Instituto que havia sido criado em 1879, pelo mais afamado médico homeopata do Império, Dr. Saturnino Soares de Meireles, seu primeiro presidente.
O Dr. Dias da Cruz alugou no centro da cidade, na Rua da Quitanda, uma casa para seu consultório, e nele reinstalou o Instituto que funcionou mais alguns anos. Possuidor de enorme clínica, o Dr. Dias da Cruz não fugiu aos deveres da caridade, dando assim expansão aos seus sentimentos humanitários. Estudioso desde a infância,  preocupou-se com a ciência homeopática e, mais tarde, diante de umas provas irrefutáveis, tornou-se espírita dos mais caridosos e evangélicos. É interessante relatar a maneira pela qual se verificou sua conversão.
Tendo chegado ao seu conhecimento que o Espírito de seu pai desenvolvia grande programa de caridade, através de médiuns que recebiam receitas, decidiu ele, homem austero e culto de verdade, ir à Federação Espírita Brasileira para observar e apurar quanto de verdade pudesse haver em torno da informação recebida. Foi iniciada a reunião com a prece habitual e iniciado o estudo doutrinário. Até então nada ocorrera suscetível que lhe permitisse aceitar a versão das manifestações atribuídas ao Espírito do seu pai. Já estava propenso a acreditar em mistificação quando um médium demonstrou haver caído em transe. Era. Afinal, a tão desejada manifestação que se realizava. Através do médium, o Espírito de seu pai pediu que chamassem seu filho.
Surpreso, ele se aproximou,  ainda incrédulo. O Espírito do seu genitor então lhe disse: “Você se lembra daquele fato que ocorreu conosco na praça tal?” E a seguir revelou uma ocorrência só conhecida por ambos. Ninguém o conhecia naquela assembleia e o fato referido pelo Espírito era desconhecido até de toda a sua família, pois somente os dois haviam tido dele conhecimento. Percebeu, então, que só havia um caminho: aceitar a veracidade da manifestação espírita  de seu genitor. Diante disso, o Dr. Dias da Cruz (filho) sentiu chegada a hora de se render de vez a essa evidência sem constrangimento.
Desse dia em diante passou a estudar a Doutrina dos Espíritos. Interpretou os textos doutrinários e passou a ser um trabalhador, seguidor de Allan Kardec e de Jesus. Em 1885 com 32 anos de idade, pronunciou na Federação Espírita Brasileira, sua primeira conferência e desde então participou de várias comissões importantes. Em 1890, em substituição ao Dr. Bezerra de Menezes, o Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz, que anteriormente era vice-presidente, foi eleito o novo presidente da Federação Espíritas Brasileira, cargo que exerceu com devotamento até o ano de 1895, quando foi substituído pelo Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, seu colega de profissão e amigo.
Durante sua presidência, foram iniciados os trabalhos de socorro material e espiritual de Assistência aos Necessitados, que até hoje constituem o cerne dos serviços cristãos prestados pela Federação Espírita Brasileira. Muitos foram os dedicados companheiros que o ajudaram nessa obra grandiosa, mantida e desenvolvida com o maior carinho pela Federação. O confrade Bernardinho Cardoso lhe entregava mensalmente a quantia de um conto de réis para que fosse distribuída com os pobres de sua clínica, sob a condição de não lhe revelar o nome. Em 1896, por proposta de Bezerra de Menezes, e em atenção aos abnegados serviços prestados à F.E.B., foi Dias da Cruz aclamado presidente honorário. Ele dirigiu a revista “O Reformador” durante o período de sua presidência e escreveu inúmeros artigos doutrinários e de polêmicas com o pseudônimo de “Um Espírita”. Foi também ele, o autor do livro “O Professor Lombroso e o Espiritismo”. Foi ele quem  primeiro  tentou, em  1891, adquirir  um  prédio próprio para a Federação e montou a oficina tipográfica para a impressão do reformador e de obras espíritas em geral.
Fundada em 1923 a Faculdade de Hahnemanniana, o Dr. Dias da Cruz colaborou na organização dos programas de ensino do novo estabelecimento, no qual veio a lecionar na cadeira de Farmacologia e, mais tarde, na primeira cadeira de Matéria Médica, constituindo-se em verdadeiro mestre de toda uma nova geração. De 25 a 30 de setembro de 1926 foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Homeopatia, sob a presidência  do Dr. Francisco Dias da Cruz. Dizem seus companheiros que o cumprimento do dever era quase que sagrado para o Dr. Dias da Cruz, e como professor jamais deixou de comparecer à hora certa em suas aulas. Como clínico no Hospital, não se atrasava e nem fazia esperar os seus doentes.
O Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz (filho) desencarnou na cidade do Rio de Janeiro em 30 de setembro de 1937, na avançada idade de 84 anos, após proveito dispêndio de energias em favor do próximo.
Por suas ações humanitárias e por ter residido no bairro do Meier, a Prefeitura do Rio para homenageá-lo, deu o seu nome à principal via daquele bairro: Dias da Cruz.
Eis, em síntese, a brilhante personalidade daquele que dignificou a Doutrina dos Espíritos e a Homeopatia no Brasil.

Fonte:
Blog Espírita Amigo
Jornal “O Imortal” – 9/2017
Marinei Ferreira Rezende

Jc.
São Luís, 26/9/2017

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