A significação do Evangelho de Jesus para nós cristãos e espíritas, não deve ser simplesmente de aceitar seus ensinamentos, mas de nos encaminhar pela vivência espiritual ao ponto de partida na “reforma íntima”, ao eliminarmos hábitos, vícios e costumes perniciosos, defeitos morais, sentimentos e pensamentos incompatíveis com nossa reforma, buscando adquirir virtudes próprias do ser humano novo que se propõe transformar-se no que deseja ser. E como é extraordinário o poder do Evangelho para operar essa nossa transformação.
Compreendendo
que nenhum de seus problemas e nem seu progresso se resolve pelo simples
conhecimento teórico ou místico do Evangelho, porque esses problemas não estão
no exterior, mas no próprio íntimo de cada um, concluímos que o Evangelho não
pede um conhecimento intelectual, mas sim, uma vivência mais espiritual. O
simples conhecimento contemplativo não muda o ser humano, muito ao contrário,
lhe aumenta os débitos espirituais, porque está dito: “àquele á quem muito é dado,
muito será cobrado”, como também só o crer não resolve nada, porque já sabemos
que a fé sem as obras é morta.
Para
viver e exemplificar o Evangelho, primeiramente o ser humano deve reformar-se,
transformando-se no homem novo a que o Evangelho se refere. Cada um de nós tem
a obrigação de espiritualizar-se por si mesmo, por decisão própria, por
esforços próprios, tendo o Evangelho como orientador; agindo no bem e não
somente crendo. Todo aquele que se inicia na vivência evangélica, abre portas amplas no
Plano Espiritual para o recebimento de inspiração e assistência permanente.
Longe
estamos de poder avaliar a grandeza de nossas oportunidades na Terra,
infinitamente valiosa, muito desejada por grande número de irmãos que aguardam
uma oportunidade de reencarnação. Assim
sendo, valorizemos a nossa presente existência e busquemos aproveitar cada
evento, pequenino que seja, para servir e auxiliar, pois de cada ato praticado
ou não, teremos de prestar contas, recebendo a devida aprovação se tivermos
agido no bem, ou amargando os revezes de nossas ações indevidas, nesta ou em
outras existências. Procuremos vivenciar a figura do “bom samaritano”, e só
teremos alegrias quando abandonarmos a
vestimenta carnal, retornando ao plano espiritual.
Entretanto,
que a noção que temos de trabalhadores da última hora, não nos dê motivos para
sentimentos de inferioridade, diante da oportunidade do serviço evangélico. Na
verdade, qualquer um que deixe seu conforto pessoal, seus familiares, para ir
acudir seu próximo necessitado ou sofredor, torna-se digno de ser um seguidor
do Mestre Amado. Não julguemos que o Senhor possa desdenhar de nosso propósito
em servir por modestas que sejam nossas possibilidades. O Senhor julgará nossa
sinceridade de propósitos e nossos sentimentos, e não reclamará de nós
realização acima de nossas condições e forças atuais.
Nunca
deve alguém julgar-se indigno, inferior e ter dúvidas quanto à sua
obrigação de realizar esforços para retornar ao bom caminho, qualquer que tenha
sido a fraqueza a dificuldade e a tentação que o levou a cair, pois o Mestre a
todos ama, e mais ainda se compadece com o seu irmão que falhou momentaneamente
ou até mesmo durante a existência. Quem não tem deficiências? Quem nunca
falhou? Se até os apóstolos com todos os ensinamentos e exemplos recebidos do
próprio Mestre Jesus, falharam; por que nós seres ainda mais imperfeitos,
estaríamos livres de fracassar? – Temos é que reagir contra as imperfeições,
não desanimar e retornar ao bom caminho, cientes de que é a melhor opção para o
nosso progresso e felicidade.
Como
exemplo de renovação, recordemos a passagem evangélica que fala de Maria
Madalena e sua conversão ao caminho redentor, levada pelas palavras do Mestre
Amado. Vivia ela no luxo, no conforto e na ociosidade e tudo renuncia pelo amor
que lhe invadira a alma, desfazendo-se dos laços escuros que a ligavam ao mal.
Quando os seguidores de Jesus, zelosos pela reputação da Boa Nova, recusaram
receber em seu meio a pecadora regenerada, foi o próprio Jesus quem lhe abriu as
portas do Seu coração, que a libertou para sempre da criatura velha e
pecaminosa que ela era. Seja, portanto, o amor do Mestre o instrumento a nos
unir uns aos outros. Lembremo-nos de que uma só vara é frágil e facilmente pode
ser quebrada, mas unidas elas, como nós, tornam-se um feixe de varas
inquebrantável, inacessível e imune aos ataques das forças do mal. Confiemos no
poder do Mestre, que a ninguém desampara nos momentos de dificuldades e
perigos, e atravessaremos em segurança a hora presente de angústia,
desagregação, tormentos e sofrimentos em que se encontra o nosso mundo.
Atualmente
prepara Jesus, contando com os medianeiros da Espiritualidade e nossa
colaboração, uma investida final contra as forças das trevas que persistem em
envolver a Terra, apoiadas que são por muitos habitantes que se comprazem nas
práticas do mal. Nós, que também às vezes experimentamos o desânimo na jornada
redentora, devemos lembrar-nos que a bondade divina, que cuida do pequenino
curso d’água, desvela-se ainda mais pelas suas criaturas, através do Seu
infinito e misericordioso amor. Somos espíritos ainda necessitados de
encorajamento e fortificação em nossos propósitos de combater e vencer o mal
que ainda conservamos em nosso íntimo, para que possamos nos aproximar do nosso
Pai Criador.
Um
olhar mais atento sobre nossas ações nos leva a crer que estamos
espiritualmente doentes, com nossa natureza interior fora de sincronia. Com
isso, prejudicamos nossa missão na Terra, de sermos solidários; amar uns aos
outros e proteger a natureza que nos cerca para esta e as futuras gerações.
Estamos vivendo tempos em que a natureza clama por socorro, e nossos valores
morais e éticos estão em
jogo. Nunca um despertar de consciência espiritual e
ecológica foi tão necessário quanto a que passamos atualmente.
Em
nome da Eterna Sabedoria, o ser humano é o senhor da evolução na Terra. Todos
os elementos lhe estão sujeitos. Todos os reinos do planeta rendem-lhe
vassalagens... Montanhas grandiosas sofrem-lhes carga de explosivos
transformando-se em matéria-prima, destinada à edificação de cidades. Minérios
por ele arrancados às entranhas do globo suportam os fornos incandescentes, a
fim de lhe garantirem utilidades e conforto. Rios e fontes obedecem-lhe as
determinações, transferindo-se de leito, com vistas à fertilização de terras
sedentas. Florestas atendem-lhe a derrubada, favorecendo o progresso. Animais,
mesmo aqueles de mais volume e força, obedecem-lhe as ordens, ficando muitas
das vezes domesticados. A eletricidade e o magnetismo atendem os seus desejos;
e o próprio átomo, síntese de força cósmica, descerra-lhe segredos,
aceitando-lhe as vontades...
Mas
não é só no domínio dos recursos materiais que o ser humano governa soberano.
Ele pesquisa as reações populares e comanda a política; investiga os fenômenos
da natureza e da ciência; estuda as manifestações do pensamento e cria a
instrução; especializa o trabalho e faz a indústria; relaciona as normas de
comércio e controla a economia. Decididamente, nós espíritos em aperfeiçoamento
terrestre, conseguimos alterar ou manobrar as energias e os seres inferiores do
orbe; não obstante, sustentados pelo Divino Apoio, nas lides educativas que nos
são necessárias, ainda estamos longe de realizar o aprimoramento moral,
dominando imperfeições, por conta da nossa indiferença em querer desenvolver os
sentimentos e ações nobres. O professor ensina, mas o aluno é que deve
realizar-se. Os Espíritos Superiores nos amparam e esclarecem, no entanto, é
determinação da Lei que cada um responda pelo próprio destino.
Meditemos
sobre isso, valorizando as oportunidades que nos são oferecidas. Por muito alta
que seja a quota de trabalho corretivo que trazemos de outras existências,
possuímos determinadas sobras de tempo, para consagrar-nos ao serviço do bem e
ao estudo iluminativo, quando quisermos, como quisermos, onde quisermos,
melhorando-nos sempre, na única reforma que se faz necessária que é a reforma
moral do ser humano, a qual consiste em substituir o orgulho pela humildade e o
egoísmo pela fraternidade. Esta reforma será sempre mais consistente quanto
mais convicto estiver o ser humano da sua imortalidade. Com a reforma moral
constrói-se uma paz duradoura, evita-se o desentendimento entre pessoas e as
guerras entre as nações; elimina-se a miséria a ignorância e as angústias do
ser humano.
O
Mestre Amado se coloca ao nosso lado como intermediário entre nossas fraquezas
e a Divina Providência, assim como temos muitos irmãos mais evoluídos entre nós
e Jesus, formando uma corrente a estender-se pelo infinito, sob a luz bendita
do Criador. Busquemos, então, na prática do Evangelho, a nossa própria
sublimação, aprendendo e amando na Escola do Mundo, onde as criaturas se
renovam constantemente, na caminhada como seguidores do Mestre, em direção à
Divina Luz.
Muitas
pessoas ao ouvirem se falar em reforma, pensam logo em reforma de casa, para
melhorá-la na sua aparência, ou então na reforma do carro, geladeira, etc. Como ainda estão muito ligadas a existência
terrena, e geralmente só se preocupam com ela, sempre que podem promovem
reformas para melhorar as condições do seu viver. E, para isso, passam a
trabalhar mais, fazem economia, se privam de algumas necessidades, fazem
dívidas, tudo no sentido de melhorarem o seu conforto. Isso é louvável, até
certo ponto, pois devemos fazer o possível para melhorar nossa condição aqui na
Terra. Entretanto, é muito mais importante fazermos a nossa melhora íntima, a
fim de que, quando chegar a nossa hora de partir, possamos chegar à
espiritualidade em situação melhor, pois esta é a destinação, sempre continuada
em cada existência terrena, na evolução da nossa verdadeira vida eterna...
Fazer
a nossa reforma íntima é a condição pela qual nos afastamos dos resgates e dos
sofrimentos, e a nossa melhora virá pela modificação das nossas ações,
atitudes, palavras e pensamentos. Reforma essa que significa evangelizar nossas
atitudes para com a Natureza, os irmãos e os animais. “Faça a mudança que você
quer ver no mundo”; com esta frase Mahatma Gandhi mostra como a transformação
espiritual do comportamento e do pensamento do ser humano ajudam a reduzir o
impacto das desavenças nas relações humanas.
Imaginemos
que estamos doentes. Apesar do tratamento médico, a doença continua. Alguém nos
diz: “Faça pensamentos positivos, pois a mente positiva cura, liberando
energias poderosas”. Nós então tentamos o pensamento positivo, mas a melhora
não vem. Algo, com certeza, está dando errado.
O livro “A Biologia da Crença” ensina-nos que nossa mente consciente é
capaz de gerar pensamentos positivos; porém o nosso inconsciente
armazenou a programação a que foi submetido no decorrer do tempo. Essa nossa
mente inconsciente é muito mais forte que nossa mente consciente,
e quando as duas entram em conflito, a mente inconsciente quase sempre
vence. Se alguém, portanto, nos diz que
podemos nos curar da doença com pensamento positivo, mas nosso inconsciente,
desde que éramos criança armazenou estímulos negativos e como as células do
nosso organismo respondem aos estímulos acumulados, estes se manifestam nas
células do corpo, podendo ocorrer então tanto a doença física como a mental. O
nosso organismo ficará sob a atuação das energias desequilibradas e com esses
estímulos negativos não podemos nos curar. Outros fatores como o nervosismo, a
pressa, a ansiedade, a depressão, são também ingredientes que concorrem para o
mal. Surgirão os efeitos negativos no dia a dia, fazendo as pessoas agressivas,
irritadas, neuróticas, sofrendo problemas de pele, gripes e outros
desequilíbrios físicos.
Não
nos esqueçamos de que entram em ação também as forças invisíveis em nossas
existências; ação essa que pode ser positiva ou negativa dos seres espirituais
sobre nós. Assim, se vivemos de maneira
desaconselhável, negativa, atrairemos as vibrações de espíritos idênticos a
nós. O contrário ocorre também se vivemos de maneira adequada. Essa é a chamada
“Lei da atração, da afinidade”, que rege o Universo do qual fazemos parte. A
título de exemplo, citamos o caso de alguém que alimenta a vingança. Com esse
pensamento (estímulo) atrairá espíritos que costumam se deleitar com a maldade
e vão influenciá-lo e ajudá-lo a cometer esse ato. Pessoas que, ao contrário,
fazem o bem, irradiando bondade, atrairão espíritos bondosos possuidores de
energias saudáveis que podem ajudar nas doenças e dificuldades. Aprendamos a
mudar nosso inconsciente e nosso consciente será vencedor. Como fazer isso já
sabemos por que ficaram bem explicitadas as situações benéficas ou maléficas
das situações.
Jesus
nos recomendou que procurássemos ser perfeito tal qual o Pai. Essa perfeição a
que Jesus se referia, não é uma perfeição absoluta, pois esta é atributo
somente de Deus, mas uma perfeição relativa. Significa que devemos fazer tudo o
que nos cabe fazer, e da melhor forma possível para nosso próprio bem estar. Não deixarmos nada sem fazer ou fazer as
coisas pela metade, por causa da nossa impaciência ou por não sermos
perseverantes. Têm-se o dever de fazer, então façamos as nossas obrigações e
também as boas ações, da melhor maneira que sabemos fazer. Assim fazendo, temos
a certeza de que melhor não saberíamos fazer... É isso que Jesus nos
recomendou, quando disse para sermos perfeitos como o Pai Celestial o é. Que o
Senhor nos ajude em nossos pensamentos, palavras a atos.
Bibliografia
“O
Evangelho de Jesus”
Livro
“A Biologia da Crença”
Jc.
S.Luis,
21/6/1997
Refeito
em 30/7/2017
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