terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

OS NOSSOS IDOSOS




  Mudar os seres humanos ou a sociedade não é tarefa fácil, mas mudar a forma como tratamos as pessoas a nossa volta, principalmente os idosos, é algo que está inteiramente ao nosso alcance.  A propósito do assunto, a Drª  Roberta da Silva, médica especialista em Geriatria, explica que na cultural oriental o idoso é reconhecido na família pela sabedoria natural da idade e, por isso, merecedor de profundo respeito.
Assim, conselhos são solicitados a ele, que possui não apenas uma soma de anos de vivência, mas também pelos valores e a experiência adquirida que guiam os mais jovens nos desafios e nos caminhos que a existência proporciona. Parecem-lhes simples dessa forma, auxiliados pelos mais velhos, conhecer de antemão o caminho que deverá ser percorrido. E o mais importante:  São-lhes gratos.  E nós, o que aprendemos com os nossos idosos? Ao menos os respeitamos como merecem?
A drª Roberta acredita que não, uma vez que a nossa sociedade, a julgar por tudo aquilo que podemos observar, tem outro olhar diante da terceira e quarta idade: os idosos muitas das vezes acabam ocupando um “status” de improdutivos. Não trabalham mais, como se o mercado de trabalho lhes oferecesse chances dignas para produzir. Quantas vezes já ouvimos: “O vovô está caducando” ou “no seu tempo era diferente, isto já era”.
O conflito de gerações nos lares, mudanças de hábitos, de atitudes, de tecnologias, não podem existir em detrimento do respeito, dos bons costumes e dos sentimentos. Na década de 1940, os idosos representavam somente 0,7%  da população brasileira, e hoje esse contingente  representa 2,5%. Segundo o IBGE. No ano de 2025, eles chegarão a 34 milhões, colocando o Brasil em 6º lugar no mundo em população idosa.  Se conclui  que, fazem-se necessárias as devidas providências para o atendimento dessa parte bastante expressiva da sociedade, e nesse contexto a família tem um papel muito importante.
A questão do envelhecimento da população é urgente, pois no Brasil as pessoas com 60 anos ou mais, somavam em 2013 o equivalente a 13% (21 milhões) da população senso do IBGE.   O desafio, neste cenário, é construir um mundo melhor e valorizar o idoso, em toda a sua existência, trazendo uma situação melhor, numa sociedade que supervaloriza o jovem, o consumo e as relações superficiais. Sem lugar num mundo aonde a expectativa de vida vem aumentando, é preciso mudar em nossa cultura, onde só o novo tem vez e tem valor, criando oportunidades para que também as pessoas idosas continuem produzindo. Essa experiência não pode ser descartada em qualquer sociedade, em qualquer empresa ou em qualquer tempo e lugar, pois eles são os mais aptos.
Pesquisa inédita divulgada durante o 4º Fórum da Longevidade revela que os idosos se sentem desrespeitados e ás vezes esquecidos pelos familiares, mesmo assim, 80% dos idosos são os responsáveis pelo sustento da casa onde vivem. Os idosos sofrem o preconceito e a discriminação na sociedade brasileira atual, e por muitas vezes descaradamente ao serem tratados de maneira humilhante como:  “Ele é velho.” Outras vezes ouve-se frases como: “Não liga, ele é velho”, “Coitado está velho” e ainda: “Isso é coisa de velho”. Há um apelo social tão grande para ser jovem que envelhecer parece algo muito indesejável e ofensivo.
Uma nova visão do idoso se faz necessária, não só pelo aumento da população, mas também por que todos aqueles que hoje não são idosos, se permanecerem no mundo, no futuro serão. Infelizmente vivemos hoje numa sociedade que prega a “eterna juventude” e tudo o que não é associado a esta ideia assume um caráter social negativo. Se você for uma pessoa idosa como eu (87 anos), orgulhe-se de ser idoso e agradeça a dádiva de ter chegado a essa idade, situação que muitas outras pessoas não terão oportunidade de chegar.
Eis uma boa orientação: Não dê muita importância à idade do seu corpo físico: sinta-se sempre jovem e bem disposto espiritualmente. O Espírito não tem idade. Mesmo que o corpo assinale os sintomas da sua idade física, mantenha-se bem disposto, porque isto depende de sua mentalização positiva. Faça que a juventude do seu Espírito se irradie pelo seu corpo, tenha ele a idade que tiver, para seu próprio bem.
Finalizando, acompanhemos um diálogo de Simão e Jesus.
Simão, mais tarde conhecido como o “Zelote”, mais velho que os demais discípulos, acompanhando as conversações dos outros, sentia-se humilhado, pois era mais forte o declínio das suas forças, embora seu espírito se conservasse firme no ritmo da vida. Deixando-se impressionar muito com essa situação, procurou o Mestre, expondo seus receios e Jesus o ouviu sem surpresa, e em resposta lhe disse:  “ Simão, poderíamos acaso perguntar a idade do mundo ou de nosso Pai? E se fôssemos contar o tempo, quem seria o mais velho de todos nós? A vida do homem na Terra é como uma árvore grandiosa. A infância é a ramagem verdejante; a mocidade são as flores perfumadas; a velhice é o fruto da experiência e da sabedoria. Há ramagem que morre depois de receber a luz do Sol, e flores que caem ao primeiro sopro da Primavera. O fruto, porém, é sempre uma bênção de Deus. A ramagem é uma esperança; a flor é uma promessa; o fruto é a realização. Só ele contém o doce mistério da vida!...”
O discípulo voltou a lhe dizer: “Mestre, a verdade é que estou envelhecido, temendo não resistir aos esforços a que estou sujeito na semeadura da vossa doutrina.”  Jesus então lhe respondeu:  “Simão, achas que os moços poderão fazer alguma coisa sem os trabalhos realizados pelos que estão envelhecendo?!  Os jovens são crianças que pedem cuidados; iguais a abelhas que ainda não sabem fazer o mel. Perdoa-lhes o entusiasmo ainda sem rumo e esclarece-os, e não penses que outro homem, no conjunto da obra divina, poderia fazer o esforço que te compete... Vai, e tem bom ânimo!...”
E Simão se despediu do mestre amado muito feliz e animado.

Fontes:
Jornal  “O Imortal” – 10/2017
Livro  “A Boa Nova”
+  Pequenas modificações

Jc.
ortsac1331@gmail.com
São Luís, 19/10/2017

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