terça-feira, 10 de abril de 2018

VITOR RONALDO DE SOUZA COSTA





 
Em 19 de setembro de 1943, nascia em Natal-RN, Vitor Ronaldo de Sousa Costa, filho de Lauro e de Adelina. Nascido em família espírita, sempre vivenciou a doutrina participando de reuniões mediúnicas e aprendia desde cedo á importância da caridade na vida de uma pessoa. Retornou ele para a espiritualidade em 21 de novembro de 2015, devido a um câncer de pâncreas diagnosticado apenas 20 dias antes.
Na infância dividida entre Natal e Recife, já mostrava inclinação pelo inexplicável. A sua mãe contava que, ainda pequeno, gostava de sentar-se à mesa, com papel e caneta na mão, dizendo que ia psicografar, e em posição bem compenetrada, escrevia: “Jesus é amor”; a mãe achava graça e dizia: - Muito bem! Ótima a sua mensagem!” E ele saia satisfeito pela sua tarefa espiritual.
Aos 14 anos, estava brincando na casa de um amigo, quando ouviu pelo rádio, a notícia da morte do seu pai, no momento em que este participava de um grupo que trabalhava por moradia para uma comunidade carente. Diante da orfandade paterna, tornou-se o “homem” da casa, começando a trabalhar muito cedo. Pensou em ser veterinário, geólogo e até ator! Mas a oportunidade de cuidar do próximo falou mais alto e ele optou pela medicina como seu caminho profissional.
Sua mãe, mulher forte e generosa foi a responsável pela sua moral espírita, e na luta do cotidiano para criar os filhos e viver a diretriz espírita, foi acometida por um câncer de mama que ela acolheu com serenidade e resignação. Ela dizia que só faleceria quando Vitor estivesse formado. E, de fato, veio ela a falecer no dia da sua colação de grau.
Dona Janete, companheira de 45 anos de matrimônio, sempre lhe apoiou nos trabalhos espirituais. Era ela quem oferecia o primeiro acolhimento àqueles que procuravam o consolo e tratamento espiritual. Eles tiveram quatro filhos que nunca deixaram de admirar a agradecer pela educação que receberam. Avô de cinco netos, o deixava ainda mais emotivo e carinhoso com as pessoas. Foi ele o grande responsável na família pela semeadura da fé, da caridade e do amor a Deus, aos que puderam usufruir da sua companhia com maior intimidade. Com seu jeito divertido era um entusiasta da vida.
Na medicina, como clínico geral, adotou a homeopatia como o restabelecimento da saúde das pessoas. E, na medicina da alma, por meio dos seus trabalhos mediúnicos, buscava oferecer alívio para os sofredores encarnados e desencarnados, sempre usando a filosofia do auxílio ao próximo e do perdão para a reforma íntima. Como médico militar foi morar em Porto Alegre, buscando resposta para aprimorar as terapias desobsessivas dos doentes psiquiátricos do Hospital Espírita. Foi quando conheceu o Dr. José Lacerda de Azevedo e se tornou o fiel companheiro dele, o mestre que o introduziu na desobsessão em casos complexos, utilizando-se da Apometria, e o ensinou como exercê-la. Ele chegou a escrever dois livros sobre a desobsessão por Apometria, sempre enfatizando a caridade no trato com as pessoas para o sucesso da terapia.
Posteriormente se radicou em Brasília e labutou na caridade desobsessiva  como dirigente mediúnico em várias casas espíritas, finalizando sua tarefa nos trabalhos mediúnicos do Grêmio Espírita Atualpa, casa que o acolheu com grande generosidade. Foram milhares de assistidos sem diferenciação de credo ou classe social. Foi doutrinador por mais de 40 anos de prática amorosa, algo que fazia com o maior prazer. Era disciplinado e estudante incansável da Doutrina Espírita, e dono de grande habilidade usava a palavra com muita propriedade e chegou a escrever 11 livros.
Combatia a ganância e o uso de técnicas espirituais para proveito financeiro e a medicina orientada aos procedimentos que colocava o lucro acima do paciente. Inspirado em Ivone Pereira, fazia um trabalho de irradiação de segunda a sexta-feira, realizado em sua casa, quando rogava a ajuda espiritual e auxiliava muitos assistidos, dedicando um dia para cada grupo: suicidas, drogados, cancerosos,  doentes psiquiátricos e obsidiados, sendo a sua principal ocupação depois que se aposentou como médico.
Vitor reconhecia suas imperfeições e lutava contra elas, buscando sempre seu aprimoramento espiritual. Como distração praticava o aeromodelismo, um convite a se sentir livre nos céus, e apreciava todo tipo de música. Adepto do vegetarianismo também não bebia álcool nem fumava. Gostava de usar bonés que protegiam sua calvície e brincava que quando desencarnasse iria pedir uma vasta cabeleira. Ele era pontual, alegre e divertido, um homem de bem que apreciava as coisas simples da vida e viveu com a beleza do amor de Cristo em seu coração.
Ele tinha convicção na continuação da vida e no amparo dos bons espíritos e ao receber o diagnóstico afirmou: “Eu estou pronto”  Não sucumbiu à revolta, à negação quando defrontado com a doença fatal, nem murmurou queixas. Dizia estar tudo bem e minimizava os incômodos dos cateteres e dos drenos, e diante da cirurgia, só manifestava confiança e gratidão aos enfermeiros e médicos. Sabia que ia desencarnar, mas minimizou a situação para que a família não sofresse. 
Para quem o conheceu, ficou a saudade da sua presença e a certeza de que Vitor Ronaldo de Sousa Costa foi um grande ser humano. Atualmente, no plano espiritual, reencontra seus entes queridos e todos aqueles que ele pode auxiliar durante mais de quatro décadas de trabalhos espirituais realizados com base no amor e na caridade.
Fazemos nossas as palavras que ele sempre encerrava as atividades mediúnicas:  “Que possamos nos sentir cada vez mais fortalecidos na prática do bem e do amor ao próximo”.
Fonte:
Jornal “Brasília Espírita” – 01-02/2016.

Jc.
São Luís, 13/2/2016

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