Em 19 de setembro de 1943,
nascia em Natal-RN, Vitor Ronaldo de Sousa Costa, filho de Lauro e de Adelina.
Nascido em família espírita, sempre vivenciou a doutrina participando de
reuniões mediúnicas e aprendia desde cedo á importância da caridade na vida de
uma pessoa. Retornou ele para a espiritualidade em 21 de novembro de 2015,
devido a um câncer de pâncreas diagnosticado apenas 20 dias antes.
Na infância dividida entre
Natal e Recife, já mostrava inclinação pelo inexplicável. A sua mãe contava
que, ainda pequeno, gostava de sentar-se à mesa, com papel e caneta na mão,
dizendo que ia psicografar, e em posição bem compenetrada, escrevia: “Jesus é
amor”; a mãe achava graça e dizia: - Muito bem! Ótima a sua mensagem!” E ele saia
satisfeito pela sua tarefa espiritual.
Aos 14 anos, estava
brincando na casa de um amigo, quando ouviu pelo rádio, a notícia da morte do
seu pai, no momento em que este participava de um grupo que trabalhava por
moradia para uma comunidade carente. Diante da orfandade paterna, tornou-se o
“homem” da casa, começando a trabalhar muito cedo. Pensou em ser veterinário,
geólogo e até ator! Mas a oportunidade de cuidar do próximo falou mais alto e
ele optou pela medicina como seu caminho profissional.
Sua mãe, mulher forte e
generosa foi a responsável pela sua moral espírita, e na luta do cotidiano para
criar os filhos e viver a diretriz espírita, foi acometida por um câncer de
mama que ela acolheu com serenidade e resignação. Ela dizia que só faleceria
quando Vitor estivesse formado. E, de fato, veio ela a falecer no dia da sua
colação de grau.
Dona Janete, companheira de
45 anos de matrimônio, sempre lhe apoiou nos trabalhos espirituais. Era ela
quem oferecia o primeiro acolhimento àqueles que procuravam o consolo e
tratamento espiritual. Eles tiveram quatro filhos que nunca deixaram de admirar
a agradecer pela educação que receberam. Avô de cinco netos, o deixava ainda
mais emotivo e carinhoso com as pessoas. Foi ele o grande responsável na
família pela semeadura da fé, da caridade e do amor a Deus, aos que puderam
usufruir da sua companhia com maior intimidade. Com seu jeito divertido era um
entusiasta da vida.
Na medicina, como clínico
geral, adotou a homeopatia como o restabelecimento da saúde das pessoas. E, na
medicina da alma, por meio dos seus trabalhos mediúnicos, buscava oferecer
alívio para os sofredores encarnados e desencarnados, sempre usando a filosofia
do auxílio ao próximo e do perdão para a reforma íntima. Como médico militar
foi morar em Porto Alegre, buscando resposta para aprimorar as terapias
desobsessivas dos doentes psiquiátricos do Hospital Espírita. Foi quando
conheceu o Dr. José Lacerda de Azevedo e se tornou o fiel companheiro dele, o
mestre que o introduziu na desobsessão em casos complexos, utilizando-se da
Apometria, e o ensinou como exercê-la. Ele chegou a escrever dois livros sobre
a desobsessão por Apometria, sempre enfatizando a caridade no trato com as
pessoas para o sucesso da terapia.
Posteriormente se radicou em
Brasília e labutou na caridade desobsessiva
como dirigente mediúnico em várias casas espíritas, finalizando sua
tarefa nos trabalhos mediúnicos do Grêmio Espírita Atualpa, casa que o acolheu
com grande generosidade. Foram milhares de assistidos sem diferenciação de credo
ou classe social. Foi doutrinador por mais de 40 anos de prática amorosa, algo
que fazia com o maior prazer. Era disciplinado e estudante incansável da
Doutrina Espírita, e dono de grande habilidade usava a palavra com muita
propriedade e chegou a escrever 11 livros.
Combatia a ganância e o uso
de técnicas espirituais para proveito financeiro e a medicina orientada aos
procedimentos que colocava o lucro acima do paciente. Inspirado em Ivone
Pereira, fazia um trabalho de irradiação de segunda a sexta-feira, realizado em
sua casa, quando rogava a ajuda espiritual e auxiliava muitos assistidos,
dedicando um dia para cada grupo: suicidas, drogados, cancerosos, doentes psiquiátricos e obsidiados, sendo a
sua principal ocupação depois que se aposentou como médico.
Vitor reconhecia suas
imperfeições e lutava contra elas, buscando sempre seu aprimoramento
espiritual. Como distração praticava o aeromodelismo, um convite a se sentir
livre nos céus, e apreciava todo tipo de música. Adepto do vegetarianismo
também não bebia álcool nem fumava. Gostava de usar bonés que protegiam sua
calvície e brincava que quando desencarnasse iria pedir uma vasta cabeleira.
Ele era pontual, alegre e divertido, um homem de bem que apreciava as coisas
simples da vida e viveu com a beleza do amor de Cristo em seu coração.
Ele tinha convicção na
continuação da vida e no amparo dos bons espíritos e ao receber o diagnóstico
afirmou: “Eu estou pronto” Não sucumbiu
à revolta, à negação quando defrontado com a doença fatal, nem murmurou
queixas. Dizia estar tudo bem e minimizava os incômodos dos cateteres e dos
drenos, e diante da cirurgia, só manifestava confiança e gratidão aos
enfermeiros e médicos. Sabia que ia desencarnar, mas minimizou a situação para
que a família não sofresse.
Para quem o conheceu, ficou
a saudade da sua presença e a certeza de que Vitor Ronaldo de Sousa Costa foi
um grande ser humano. Atualmente, no plano espiritual, reencontra seus entes
queridos e todos aqueles que ele pode auxiliar durante mais de quatro décadas
de trabalhos espirituais realizados com base no amor e na caridade.
Fazemos nossas as palavras
que ele sempre encerrava as atividades mediúnicas: “Que possamos nos sentir cada vez mais
fortalecidos na prática do bem e do amor ao próximo”.
Fonte:
Jornal
“Brasília Espírita” – 01-02/2016.
Jc.
São
Luís, 13/2/2016
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