domingo, 20 de maio de 2018

IMPEACHMENT DE GILMAR MENDES




 
Em sessenta anos de atividade jurídica, nunca presenciei tamanha influência do Supremo Tribunal Federal na vida dos brasileiros; nunca vi seus julgamentos despertar tanto interesse, quando não perplexidade ou mesmo indignação nas ruas. Há quem diga que essa exposição é saudável, que a democracia periga menos se o povo souber de cor o nome dos onze ministros e ignorar quais sejam os chefes militares.
É o caso da Segunda Turma, sempre ela: como que para justificar todas as críticas que vem recebendo, ela decidiu, com os indefectíveis votos de Gilmar Mendes, Dias Tóffoli e Ricardo Lewandowski, livrar da cadeia José Dirceu e tirar do juiz Sérgio Moro, trechos das declarações de executivos da Odebrecht, que incriminavam Lula. Que ultraje! A isso é que se chama brincar com a segurança constitucional. Os ministros fazem bruscas mudanças nas suas atitudes, pedidos de vistas e engavetam os processos por anos, enquanto viajam ao exterior, em classes executivas, para concorridas palestras, colóquios, placas e homenagens, e reclamam que a rotina é muito exaustiva.
Para os casos de irresponsabilidades, todo cidadão, no exercício de seus direitos políticos, está legitimado a denunciar e pedir a deposição dos ministros da corte suprema ao Senado Federal a quem compete afastar o magistrado.
Modesto Carvalhosa, jurista e professor (aposentado) de direito da Universidade de São Paulo (USP), Luís Carlos Crema e Laercio Laurelli, em face dos desmandos praticados nos últimos tempos, pelo ministro Gilmar Mendes, baseados na Lei nº 1079, oferecem o pedido de impeachment. Nessa petição que tem quase uma centena de páginas, argumentando e provando, pedem que o ministro seja apenado com a perda do cargo do STF, e a inabilitação para o exercício de função pública por oito anos, pelos seguintes motivos:
1- Gilmar telefonou para Silval Barbosa, ex-governador de Mato Grosso, horas antes de ele ser preso em flagrante na Operação Ararath, hipotecando-lhe solidariedade e lhe prometendo interceder a seu favor junto ao ministro Tóffoli, que relatava o inquérito. Silval é na palavra do ministro Luíz Fux, o protagonista de uma delação monstruosa;
2- Gilmar votou contra a prisão do secretário da Casa Civil e da Fazenda, Éder de Moraes Dias, desse mesmo ex-governador, que segundo a Polícia Federal, foi o principal operador do esquema de corrupção descoberto na Operação Ararath;
3- Gilmar teve inúmeros encontros privados com o presidente Michel Temer, fora da agenda oficial, alegando velha amizade, e, ainda, com voto de minerva no Tribunal Superior Eleitoral, absolveu a chapa Dilma-Temer, de abuso de poder político e econômico na última campanha, de maneira a preservar o mandato do amigo e da amiga. Nesse processo, a ex-mulher de Gilmar, Samantha Ribeiro Meyer-Pflug, emitiu parecer favorável a Temer, que depois, ele viria a nomeá-la conselheira da Itaipu Binacional, sem contar que o presidente ainda tornou um primo de Gilmar,  Francisval Dias Mendes, diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários;
4- Gilmar agindo como verdadeiro soldado do PSDB, a despeito de ser o relator de quatro inquéritos contra Aécio Neves, aceitou o pedido dele para convencer o senador Flexa Ribeiro a seguir determinada orientação no tocante a projeto de lei de abuso de autoridade;
5-  Gilmar, desprezando o fato de que sua atual mulher trabalha no escritório que defendia os interesses do notório Elke Batista, mandou libertá-lo da prisão;
6-  Gilmar, por três vezes, livrou do cárcere Jacob Barata Filho, milionário do setor de transportes do Rio de Janeiro, cuja filha se casou com o sobrinho de Guiomar Mendes, mulher do ministro. Mais: Francisco Feitosa, irmão de Guiomar, é sócio de Jacob Barata;
7- Gilmar mandou soltar o ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Rio, Lélis Marcos   Teixeira, cliente como Barata, do escritório de advocacia da qual faz parte a esposa do ministro;
8- Gilmar votou no processo de anulação da delação premiada dos proprietários do grupo J&F, a despeito de a JBS haver patrocinado com 2,1 milhões de reais, eventos do Instituto de Direito Público (IDP), empresa da qual o ministro é sócio;
9- Gilmar determinou a soltura do ex-presidente da Assembleia
Legislativa de Mato Grosso, José Riva, conhecido como “o rei da ficha suja no Brasil”, que foi defendido pelo advogado Rodrigo Mudrovitsch, não só professor do IDP, mas também é o advogado do ministro em outra causa.
Nos episódios expostos, Gilmar julgou e, pior, beneficiou quem ele não poderia julgar, quando era ao menos manifestamente suspeito. Gilmar, sem nenhum pejo, exerceu atividade política partidária; enfim, procedeu de modo incompatível com a honra, a dignidade e o decoro de suas funções. Da conduta do ministro resultaram violados dispositivos da Constituição, do Código de Processo Penal, do Código de Processo Civil, do Código Eleitoral, da Lei Orgânica e do Código de Ética da Magistratura Nacional e dos Regimentos Internos e Códigos de Ética dos Servidores do STF e do TSE.
Em síntese, Gilmar descumpriu seus deveres de neutralidade, independência e imparcialidade,  isto é, cometeu os crimes de responsabilidade descritos nos incisos 2,3 e 5 do artigo 39 da Lei nº  1079/50, razão por que deve perder o cargo e, por oito anos, ficar inabilitado para o exercício de função pública.
O Supremo Tribunal Federal sempre foi uma das mais sagradas instituições do regime democrático.  Por isso mesmo, são   necessárias às garantias de que é cercado, e deve corresponder por parte de todos os seus ministros o perfeito domínio da arte do bom e do justo julgamento.
                                                          Modesto Carvalhosa.

Fonte:
Revista “Veja”
edição 2.580 – 2/5/2018
+ Pequenos acréscimos

Jc.
São Luís, 16/5/2018                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 

A PAZ




 
“A minha Paz vos deixo, a minha Paz vos dou!” Quão belas as palavras de Jesus aos seus amados apóstolos! Como a existência na Terra precisa de Paz e de quanta paz o nosso mundo necessita! “Vinde a mim todos vós que vos encontrais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei!”

É assim que Jesus se apresenta aos que não têm Paz em suas existências, por estarem na aflição de uma enfermidade ou na angústia de um sofrimento moral. Em Jesus, todos nós encontraremos a duradoura Paz.  Os seus ensinamentos, praticados em nossa existência, haveremos de achar á plena e valiosa Paz; como a que Jesus proporcionou aos cegos de Betsaida e de Jericó que passaram a enxergar; como o servo do centurião que jazia quase morto e foi curado; Jesus desenvolveu uma fé jamais vista entre os seus; como os 10 leprosos que ficaram curados de sua dolorosa enfermidade; como os coxos que passaram a andar livremente; como os obsidiados que voltaram à normalidade de seus pensamentos; como os desesperados que passaram a compreender as razões de seus problemas, de par com a esplendorosa solução que lhes era sugerida: “Vai e não peques mais”, “A tua fé te curou”.  

O mundo não tem Paz porque ama as soluções guerreiras. Desde os romanos, dizia-se: “Se queres a Paz, prepara a guerra”. Dias virão em que esta máxima marcial haverá de ser trocada por: “Se queres a Paz, vivas em Paz”. Aí então, numa concordância de pensamentos e atitudes, haverá no mundo e haveremos todos nós de usufruir uma bem valiosa e duradoura Paz. “Quem está com Jesus, está em Paz e nova criatura é”, afirmava o discípulo Paulo. Coloque meus irmãos em seu coração a Paz dos ensinamentos de Jesus e não haverá tumulto algum do mundo que possa abalar você. A Paz da compreensão, a Paz da convicção passa a constituir um bem patrimonial e inalienável do ser humano e nenhum mal poderá intranquilizá-lo.

Na Doutrina dos Espíritos, a Terceira Revelação Divina, podemos encontrar a fórmula de se obter a duradoura Paz, porque toda ela é um repositório de orientações e aconselhamentos, de ensinos e explicações, que nos fazem compreender os percalços da existência e as provações que passamos. Com o nosso passado se revelando nas cobranças do presente e com as perspectivas de um futuro feliz, ao utilizarmos bem o momento atual que vivemos a alma se robustece e se acha mais encorajada para enfrentar os embates da existência e as durezas morais. A Paz é um estado de tranqüilidade do espírito, adquirida nas lutas do dia a dia, de acordo com nosso esforço e com o Determinismo Divino de Amor e Fraternidade.

Por meio do nosso livre-arbítrio, poderemos usar de nossa vontade para administrarmos as nossas imperfeições e escolhermos o nosso caminho de equilíbrio, de nossa natureza física e espiritual, que nos trará a tão desejada Paz. A nossa vontade, por outro lado, deve ser concentrada em torno de um ideal, com perseverança, tenacidade, estudo, oração, trabalho e autoconfiança, para que possamos compreender o real sentido da nossa existência. Devemos disciplinar os nossos pensamentos, as nossas emoções e sublimá-las em busca de uma Paz interior que nos ajudará a caminhar rumo a Deus, como seres fadados ao bem. Isso só poderá se realizar com a mudança de nossos pensamentos e sentimentos inferiores, procurando a nossa renovação mental, com a ajuda dos amigos espirituais, das lições do Evangelho e a melhora das nossas ações na atual existência.

Não podemos  esquecer que a procura do bem e da Paz trás obstáculos e dificuldades. O sofrimento é elemento importante de renovação interior, mas para aceitarmos é preciso confiar na justiça de Deus. O segredo da Paz, portanto, está na harmonia entre a vontade e a ação, no sentir, querer e agir. Nós somos como a semente que é lançada ao solo para germinar. A semente busca a luz do sol; a luz que os nossos espíritos buscam é a pureza do coração e a paz interior. Nossas imperfeições de milênios são raízes que nos prendem; vencê-las é nossa obrigação. A árvore é reconhecida pelos frutos que produz, e nós pelas nossas obras. Aqueles, portanto, que conhecem os princípios sagrados e não os praticam, são como as sementes que dormem no solo e não frutificam, sendo necessário que passem por tempestades de sofrimentos para despertarem para a realidade da existência.

Procuremos a Paz de Jesus que é imutável; a humildade e a aceitação de Jesus em nossa existência são os primeiros passos para começarmos a merecê-la. A harmonia mental pode ser conseguida pelo silêncio, quietude interior, esforço e aplicação das lições evangélicas. A Paz é assim, uma conquista íntima e pessoal, intransferível, sendo independente de toda ajuda que possamos receber, e só será conseguida pela vontade firme, aliada a meditação, ao estudo, trabalho, fé, amor e a certeza de que somos espíritos em progresso contínuo, criados e fadados ao bem.

Joana de Cusa demonstrou sua Paz no momento do martírio, permanecendo fiel e tranqüila até o fim. João Huss, igualmente na fogueira da Inquisição, compadeceu-se dos que o torturavam. Joana D’Arc, entre as labaredas, manteve-se fiel e harmonizada, perdoando aos seus algozes. Giordano Bruno, também sacrificado pela Inquisição pelo mesmo processo na fogueira, ficou sereno até expirar. Sempre houve períodos de loucura na Terra, como os que estamos vivendo atualmente, como também demonstrações de harmonia, resignação e fraternidade. De quando em quando, a transição da humanidade para uma situação melhor, provoca a eclosão das paixões alucinantes.

Estamos vivendo um período grave. Devemos nos orientar apoiado no Evangelho de Jesus e seguir confiante de que tudo o que acontece é da vontade de Deus, para a evolução da humanidade. Não devemos permitir que a balbúrdia dos enfermos sorridentes, dos embriagados jubilosos, dos intoxicados zombeteiros nos perturbem a Paz.  Fomos conduzidos a vivenciar esta situação para aferir nossos valores e contribuir para a melhora do mundo.

O médico é útil quando surge a enfermidade, ou antes, quando possa evitar a doença. O mestre faz-se valioso diante da ignorância do aprendiz. O cristão deve ser a fortaleza de segurança e apoio em favor dos que necessitam de orientação e de auxílio. Jesus sempre esteve envolvido com os seres humanos e em situações, de certo modo, semelhantes a estas que enfrentamos. Foi nesse clima que Ele demonstrou a Sua grandeza, permanecendo em harmonia com os objetivos a que foi sacrificado sem perturbar-se em momento algum. Devemos deixar a desarmonia e a intranqüilidade lá fora e não permitirmos que elas penetrem em nosso ambiente familiar, onde deve existir o entendimento e a Paz.

Devemos adquirir nossa Paz, conquistando novas diretrizes para a nossa existência e entender tudo que nos envolve, aprendendo como evitar novos comprometimentos para o futuro. Façamos por obter a nossa Paz permanente, e então, poderemos também oferecer aos outros a nossa Paz, colaborando com o príncipe da Paz, quando dizia aos que o procuravam e ao mundo em geral:  “A minha Paz vos deixo, a minha Paz vos dou”. Sejamos um Mensageiro da Paz, abrigando em nosso íntimo a Paz que o Mestre nos deixou e seguindo outros mensageiros que passaram pela Terra, deixando exemplos vibrantes, a exemplo de Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier e outros tantos.

Certa vez assisti a um filme em que um personagem pedia a um gênio que trouxesse a Paz ao mundo: O gênio prontamente atendeu ao seu pedido, retirando todos os seres humanos do mundo. Assim sendo, o mundo só terá Paz quando os seus habitantes forem e possuírem a Paz que Jesus nos deixou. . .
 
Desejo Paz, harmonia e saúde para todos os meus irmãos.

Bibliografia:
Evangelho de Jesus
Doutrina dos Espíritos

Jc.
S.Luis, 02/07/2002
Refeito em 9/7/2017